Gabinete de Crise da Ordem dos Médicos para a Covid-19 cessa funções

Coordenado pelo pneumologista Filipe Froes, este gabinete foi criado em Janeiro de 2020

O Gabinete de Crise da Ordem dos Médicos para a Covid-19 vai cessar funções, devido à evolução positiva da pandemia, e «será transformado» para passar a acompanhar as ameaças e desafios da Saúde, anunciou esta segunda-feira, 21 de Fevereiro, o bastonário.

«O Gabinete de Crise deu uma resposta extraordinária durante estes dois anos. Foi constituído por um grupo de especialistas de diferentes áreas que souberam, desde a primeira hora, fazer recomendações e antecipar decisões que eram importantes para o país», disse à Lusa Miguel Guimarães.

Coordenado pelo pneumologista Filipe Froes, este gabinete foi criado em Janeiro de 2020, ainda antes de a Organização Mundial de Saúde ter declarado a Covid-19 como pandemia e dos primeiros casos de infeção pelo coronavírus SARS-CoV-2 em Portugal, que foram registados no início de Março do mesmo ano.

Uma vez que Portugal vai «entrar numa fase endémica dentro de pouco tempo» e, perante a elevada taxa de vacinação e de imunização natural provocada pela infeção, «é altura de encerrar o trabalho do Gabinete de Crise», referiu o bastonário dos médicos.

De acordo com Miguel Guimarães, o objetivo passa agora por ter um «gabinete novo virado para as necessidades em termos globais e desafios do país» na área da Saúde, como o «número preocupante» de pessoas que mantiveram sintomas após a recuperação da infeção, uma condição conhecida como long covid, a atividade assistencial aos doentes não-covid e a saúde mental.

A Ordem dos Médicos pretende também que o novo gabinete funcione como um observatório que permita fazer a «vigilância ativa do que vai acontecendo a nível internacional» de potenciais ameaças ao nível da saúde, adiantou o médico.

«Uma das grandes lições que se tira desta pandemia é que temos de estar preparados», sublinhou Miguel Guimarães, ao avançar que as recomendações e propostas feitas pelo Gabinete de Crise, «de uma forma geral, foram acolhidas sempre com atraso» pelas entidades públicas nacionais.

Miguel Guimarães apontou o exemplo das propostas apresentadas pelo gabinete, em vários momentos da pandemia, para o uso de máscara nos espaços interiores e exteriores e de encerramento das escolas e admitiu que, se essas recomendações tivessem sido acolhidas de uma forma mais célere, Portugal poderia teria sido «mais eficaz» no controlo da pandemia.

O bastonário disse que a Ordem dos Médicos esteve também «sempre disponível para participar nas reuniões do Infarmed» de análise da evolução da pandemia que juntaram peritos e políticos, mas «nunca foi convocada» para essas sessões.

«Fizemos um trabalho global em várias áreas, no qual o Gabinete de Crise teve uma projeção mais especial, porque mais focado na Covid-19, mas em que os nossos Colégios de Especialidade deram um contributo inestimável», salientou o bastonário.

 



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