Conheça o “Bombix mori”, o bicho que nos anda a dar seda há milénios

95% da seda produzida no mundo provém desta espécie

A sericicultura, ou sericultura, é uma arte milenar que começou na China há cerca de 5 mil anos. Compreende a cultura da amoreira, a criação do bicho-da-seda e a produção dos fios de seda para a indústria têxtil. É considerada uma das atividades agroindustriais mais antigas praticada pelo Homem.

A lagarta da espécie Bombyx mori, designada por bicho-da-seda, é um inseto com grande importância económica, já que os seus casulos são utilizados no fabrico da seda e cerca de 95% da seda produzida no mundo provém desta espécie.

Este inseto está totalmente domesticado devido à forte manipulação genética a que foi sujeito, com o intuito de se obter uma boa espécie produtora de seda.

O ciclo de vida inicia-se no ovo, que mede aproximadamente 1 a 1,3 milímetros, sendo oval e achatado. Após a postura tem cor amarela, se fecundado ficará cinzento. O ciclo larvar tem a duração de cerca de 24 dias e vai desde a eclosão do ovo até à fase de formação do casulo. Neste estágio, a lagarta alimenta-se exclusivamente das folhas da amoreira que também são originárias da China.

A lagarta quando sai do ovo cresce muito e necessita de trocar de exoesqueleto quitinoso. Esta troca é designada de muda, ocorrendo quatro mudas de pele, nas quais a lagarta deixa de se alimentar. O espaço de tempo entre as mudas de pele é denominado idade ou instar, passando a larva desde a eclosão até à formação do casulo por cinco idades.

A lagarta na quinta idade apresenta sete centímetros de comprimento e o órgão mais desenvolvido é a glândula sericígena. No final desta idade a lagarta tece um casulo de seda, constituído principalmente pelas proteínas fibroína e sericina, que são produzidas pelas células da glândula da seda e expelidas pela boca. O mecanismo de formação do fio de seda nas glândulas sericígenas é único e muito estudado.

Os casulos apresentam diferentes cores e diferentes formas, que dependem das raças a que pertencem. Existe preferência pelos casulos brancos devido a apresentarem maior facilidade no tingimento.

No interior do casulo o corpo da lagarta transforma-se, formando a pupa ou crisálida. O processo de transformação continua até à formação do indivíduo adulto, a borboleta. Este estágio dura cerca de 10 dias.

Para sair do casulo a borboleta liberta um líquido alcalino que corrói uma das extremidades do casulo, abrindo uma abertura para a sua saída. Neste estágio, com uma duração de 10 a 16 dias, o inseto não se alimenta e é nesta fase que se dedica à reprodução da espécie. Depois do acasalamento a fêmea faz a postura de 200 a 500 ovos e, tal como o macho, morre.

 

Autoras: Ana Paiva, Clotilde Nogueira e Marisa Rodrigues, Centro Ciência Viva de Bragança

Ana Paiva é Licenciada em Engenharia Florestal, responsável pelo acompanhamento, execução, orientação, instrução e vigilância das visitas às exposições e atividades do Centro Ciência Viva de Bragança (CCVB), para além do desenvolvimento de estratégias que promovam uma relação, duradoura e inovadora do público com o CCVB e com as suas atividades. Autora de vários planos de ação e atividades direcionadas para os projetos educativos.

 

 



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