A novela “Doze Dias”, do brasileiro Tiago Feijó, foi a obra vencedora da edição deste ano do Prémio Literário Manuel Teixeira Gomes, um concurso promovido pelo município de Portimão.
Segundo a autarquia, «na opinião do trio de jurados», a novela premiada distinguiu-se por possuir «uma estrutura narrativa complexa e original, que exige do leitor uma atenção redobrada»,
A novela contém nas suas páginas «momentos de poesia em prosa, de cariz filosófico-existencialista, que refletem a dualidade do homem na sua relação com os outros e consigo próprio, numa história de ligação, simultaneamente distante e fundamental, entre um filho carente e o seu pai ausente, agora à beira da morte».
O trio de jurados é composto pela escritora Maria do Vale Cartaxo (vencedora de três edições desta competição literária), pelo professor Hugo Mariano e pelo também escritor Pedro Cantinho Pereira.
Segundo a sinopse de “Doze Dias”, a história gira em torno de «um pai e um filho que não se veem há quinze anos, separados por uma indiferença mútua e persistente, rompida apenas uma vez a cada ano, quando o pai telefona ao filho para felicitá-lo pelo seu aniversário. Mas o acaso tratará de pôr fim a este frio afastamento».
«Certa manhã, o senhor Raul acorda com uma estranha dor que o impede de se levantar da cama. Sozinho e abandonado, não lhe resta outra alternativa senão ligar para o filho e lhe pedir ajuda. Antônio viaja 200 quilômetros com o intuito de levar o pai ao hospital e retornar à mesmice de sua vida, mas o desenrolar dos factos mantêm-no por doze dias no hospital, como único acompanhante do doente, na saga em que se transformará a enfermidade inesperada daquele seu desditoso progenitor».
Tiago Feijó explica que, «neste romance de desbravamento dos medos e das dores do outro, estes dois personagens, durante os doze dias que permanecerão juntos, terão a derradeira oportunidade de se conhecerem a si mesmos e perdoarem um ou outro, numa jornada em busca do tempo perdido».
«A desconstrução do enredo, que salta de capítulo em capítulo para dias aleatórios, salienta e expõe o labirinto afetivo do qual somos todos feitos. Ao fim deste redemoinho intenso de doze dias, nem o perdão nem a vingança estarão acima do milagre da aceitação do outro», explica o escritor.
A apresentação pública da obra vencedora do concurso teve lugar a 7 de Dezembro na Biblioteca Municipal Manuel Teixeira Gomes, no âmbito das comemorações do Dia da Cidade de Portimão, e contou com a participação online do autor, nascido em Maio de 1983 na cidade brasileira de Fortaleza.
Formado em Letras Clássicas pela Unesp – Universidade Estadual Paulista, Tiago Feijó venceu o Prémio Ideal Clube de Literatura 2014, é autor do livro de contos Insolitudes (7letras, 2015) e do romance Diário da casa arruinada (Penalux, 2017), e tem textos publicados em diversas revistas e blogs de literatura.
Para a edição deste ano do Prémio Literário Manuel Teixeira Gomes foram recebidas 76 obras de autores lusos e de outros países de língua oficial portuguesa, que se candidataram ao prémio monetário de mil euros e edição de 300 exemplares da obra vencedora.
Comentários