Tinha «um dos piores» quartéis da GNR do país, mas agora as coisas passaram «do 8 para o 800» e Lagos passou a ter um Posto Territorial «5 estrelas». Esta frase junta a opinião de representantes das três entidades envolvidas no acordo que culminou na inauguração do novo quartel da GNR lacobrigense, que teve lugar esta sexta-feira, e ilustram bem o quão esperado este equipamento era.
A cerimónia de ontem, dia 3 de Dezembro, trouxe ao Chinicato, localidade onde o quartel está instalado, Eduardo Cabrita, então ainda ministro da Administração Interna, e Rui Carlos Clero, comandante-geral da GNR, que se juntaram ao anfitrião Hugo Pereira, presidente da Câmara de Lagos, garantindo que o Estado central, a Guarda e o município, de cuja parceria “nasceu” o novo Posto Territorial, estavam representados.
E foi o próprio membro do Governo que admitiu, no seu discurso, que as antigas instalações não cumpriam os requisitos mínimos.
«Este novo quartel vem dar dignidade e condições de trabalho aos militares de Lagos. Estas eram das piores instalações que a GNR tinha no país», afirmou.
Eduardo Cabrita recordou que a assinatura do protocolo de colaboração que permitiu a criação do novo quartel da GNR de Lagos, com todas as condições que se exigem a um equipamento desta natureza, foi «dos primeiros atos» que teve enquanto ministro da Administração Interna, em Novembro de 2017 – tinha sido empossado no mês anterior.
«Felizmente, apesar das vicissitudes políticas que levaram a eleições antecipadas, ainda me foi possível concluir esta obra», rematou.
Ironicamente, Eduardo Cabrita estava, sem o saber, a ter ali o seu último ato oficial, uma vez que, horas depois, se demitiu do cargo.
Regressando à obra, ela é, de facto, importante, como ilustra o 1º sargento Nuno Pereira, o comandante do Posto Territorial de Lagos, a quem o comandante-geral e o comandante regional de Faro, Carlos Almeida, delegaram a tarefa de falar pela GNR.
«Com este novo quartel, passámos do 8 para 0 800», disse o responsável pelo posto, sendo secundado pelo tenente-coronel Carlos Almeida: «do 8 para o 8000».
«Antes, estávamos instalados no largo da Senhora da Glória, no antigo convento, um edifício que não estava adaptado para função policial. Este novo equipamento vem, efetivamente, responder às nossas necessidades. Estamos equipados com todas as divisões que são essenciais ao nosso serviço», afirmou.
O militar da GNR admite mesmo que até acaba por ser um pouco estranho ter todas as condições e equipamentos para utilizar e que estão «todos bastante satisfeitos».
«Neste novo quartel, temos salas que antes não tínhamos, como a sala de apoio à vítima, que é bastante importante para fazer o encaminhamento das pessoas que se dirigem a este posto, especialmente vitimas mais vulneráveis, como as de violência doméstica e violação. Termos uma sala para onde podemos encaminhar essas pessoas e fazer um atendimento mais privado é muito importante», considerou.
Também fulcral é a nova sala de instrução, «que nos permite ministrar formação aos militares sobre as alterações legislativas, o que se vai refletir, certamente, numa maior qualidade no exterior».
Esta divisão também poderá ser usada para planear «uma operação de trânsito, por exemplo. Nós podemos fazer uma projeção da localização das forças, das áreas em que vamos intervir».
Estas são duas salas do posto propriamente dito, que é o local de trabalho dos militares e que ocupa todo o rés do chão do edifício. Mas há um 1º andar, que «é a casa deles».
«É aqui que eles têm o seu convívio, é aqui que eles pernoitam e podem ter aqui o seu lar. Porque a Guarda tem militares de todos os pontos do país, muitos deles a centenas de quilómetros de casa. Como é óbvio, após o serviço, precisam de ter um sítio onde tenham qualidade de vida e este equipamento vem-lhes transmitir essa qualidade», revelou Nuno Pereira.
Além de uma sala de refeições e convívio, este espaço conta com vários quartos, com capacidade para alojar sete militares. Neste momento, Lagos só tem um militar a viver no posto, mas, no Verão, com o reforço que habitualmente acontece, as outras camas vão dar muito jeito.
Além disso, há a esperança, nomeadamente da parte do município de Lagos, de que o número de efetivos seja reforçado.
«Aquilo que hoje tentámos passar ao senhor ministro e que temos feito chegar à Administração Interna e ao comando da GNR é que, a nosso ver, os militares de Lagos são em número insuficiente para poder assegurar uma área tão grande como a que têm de assegurar», disse aos jornalistas Hugo Pereira, presidente da Câmara.
Afinal, realça o autarca, a percentagem do território do concelho que está sob jurisdição a GNR «é de quase 95% e estamos a falar de uma extensão total grande».
Já a população servida, que é de cerca de 13 mil pessoas, «triplica ou quadruplica na época alta».
Para dar conta do recado, há atualmente 25 militares da GNR afetos ao posto de Lagos, 23 homens e duas mulheres.
«Sem efetivos, não se consegue chegar a todo o lado. Por isso, queremos que o quadro dos militares seja reforçado e tivemos a indicação, no discurso do senhor ministro, de que assim será», acrescenta.
«Há militares a ser formados, que serão espalhados por todo o país. Esperemos que Lagos tenha o devido reforço e os meios humanos que necessita para fazer face às questões de segurança que exigimos como bandeira para Lagos. Tudo faremos para que isso aconteça», garantiu o presidente da Câmara.
O novo quartel está preparado para esse reforço, já que foi pensado para acolher 4o militares.
Até chegar aqui, foi preciso esperar muito, «tempo a mais. Mas acho que hoje é dia de virar a página e de dar graças por os militares já estarem a ocupar este novo quartel», afirma o edil lacobrigense.
«O desejo era fazer um quartel novo, de raiz. Infelizmente, não foi possível. Mas, ainda assim, temos instalações cinco estrelas, como foi bem visível na visita. Conseguimos, de uma vez por todas, ter um posto que dignifica a GNR e todo o concelho de Lagos», conclui.
O espaço onde está instalado o novo posto de Lagos da GNR situa-se junto à EN125, no Chinicato, num complexo que originalmente era um espaço comercial.
O edifício foi adquirido pelo município que ali instalou alguns dos seus serviços.
Entretanto, com a inauguração das novas instalações da Câmara Municipal no centro da cidade, este edifício ficou a servir como arquivo e de apoio.
Mais tarde, «surgiu esta oportunidade de criar este edifício multifunções de uso externo. Inicialmente, veio para cá o destacamento de trânsito da GNR e, mais tarde, a delegação do Barlavento do ICNF».
«Entretanto, este edifício central continuava a ser usado pela Câmara. Em 2017, achámos que seria um bom local para adaptar, através de obras, e transformá-lo naquilo que é hoje, o novo Posto Territorial da GNR de Lagos», na sequência de um investimento de 400 mil euros, conta Hugo Pereira.
Fotos: Hugo Rodrigues | Sul Informação
Comentários