GuadiMonte, a primeira cooperativa agrícola de Castro Marim, quer reflorestar o que ardeu em Agosto

«Ter a sociedade civil com vontade de estar ao lado da política de inversão dos processos de desertificação e despovoamento é fundamental»

É esta a paisagem que se quer reconstruir

14 jovens agricultores vão constituir a GuadiMonte, a primeira cooperativa agrícola a ser criada no concelho de Castro Marim. O seu objetivo é «reflorestar os solos ardidos no incêndio de Agosto, mas também combater a desertificação e o despovoamento do interior com um trabalho coeso que irá desde a produção agrícola, passando por toda a cadeia de valor e terminando na criação de uma marca territorial».

Segundo a Câmara Municipal de Castro Marim, trata-se da «primeira entidade que se cria, desta natureza, com esta dimensão e com estes objetivos».

Após a constituição formal da GuadiMonte, que deve acontecer até ao final deste ano, segue-se a apresentação de candidaturas para obtenção de apoios, nomeadamente ao PRR (Plano de Recuperação e Resiliência), um caminho que já tinha sido articulado nas reuniões após o incêndio, entre os municípios lesados (VRSA, Castro Marim e Tavira), a Secretaria de Estado do Ordenamento do Território e Floresta, a Direção Regional de Agricultura, a Associação Portuguesa do Ambiente (APA) e o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).

A Câmara de Castro Marim recorda que «o território do interior do Baixo Guadiana é uma zona considerada das mais sensíveis da Europa, classificada pelas Nações Unidas como estando em risco de desertificação».

Mas o interior algarvio «debate-se também com o despovoamento e o interessante do surgimento deste projeto passa também pelo facto dos cooperantes fundadores terem uma ligação à terra, sendo, na sua maioria, pessoas que regressaram para investir naquele que é o legado dos seus familiares».

«Ter a sociedade civil com vontade de estar ao lado da política de inversão dos processos de desertificação e despovoamento é fundamental», refere a vice-presidente Filomena Sintra.

A autarca acrescenta que, apesar destas serem oportunidades que se desenharam em resultado de dois infortúnios, o incêndio e a pandemia, é importante concentrar esforços no sentido de aproveitar, o melhor possível, estes fundos para investir naquilo que é o espaço e valorização de uma paisagem e de uma biodiversidade, que é essencial naquilo que é o combate às alterações climáticas. «Sem vida na serra, não haverá vida no litoral» conclui.

«Espera-se que a GuadiMonte, além da reconversão da paisagem ardida, mesmo a que não tem potencial produtivo, consiga promover os seus e novos projetos agrícolas e atividades ligadas ao setor», salienta ainda a Câmara.

Além do apoio do Município de Castro Marim, o grupo conta com o apoio dos «vários intervenientes institucionais do plano para a dinamização da Cooperativa, designadamente no que se refere à gestão da água, em que a APA se mostrou disponível para autorizar sistemas de abastecimento de água, quer por captação, quer por retenção». «Sem isso não seria possível sonhar com um projeto tão ambicioso, com tantos hectares a reflorestar», frisa a autarquia.

 



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