Grupo de Cidadania redige carta aberta sobre travessia pública para Ilha de Cabanas de Tavira

Carta surge depois da ausência de respostas face às diversas exposições enviadas

O Grupo de Cidadania “Por uma ponte pedonal para a praia de Cabanas de Tavira”, representado por José António Leite Pinto, redigiu uma carta aberta, apelando à construção deste acesso «com carácter de urgência», face à ausência de respostas das entidades competentes.

Ao longo do último ano, o Grupo de Cidadania enviou várias exposições, às quais não obteve resposta, para as entidades com responsabilidade de tutela sobre a ria e a ilha de Cabanas, nomeadamente a Câmara Municipal de Tavira, a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Algarve, a ARH Algarve e o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).

Em causa está a acessibilidade à praia da ilha de Cabanas de Tavira, com uma travessia «incapaz de dar uma resposta à altura da procura e tão pouco se coaduna com a qualidade exigível a um serviço público de transporte de passageiros», diz a carta aberta.

«As longas filas nas horas de maior afluência, a impossibilidade de acesso a pessoas de mobilidade reduzida» e de «manter o distanciamento social» são outras das queixas apresentadas na carta, situações que, «além de questionáveis, criam uma péssima imagem».

Outros aspetos assinalados pelo Grupo de Cidadania são «a impossibilidade de uma resposta eficaz no caso de uma emergência, que obrigue à evacuação da ilha», a travessia de barcos em Cabanas ser «a vários níveis insegura», tendo já registado «alguns acidentes de gravidade assinalável», ou o facto de, na época baixa, a passagem de pessoas para o outro lado da ria ser praticamente inexistente, sendo «as escassas oportunidades cobradas a um custo elevado».

«O apelo por uma ponte é pelo direito legítimo de acesso público livre, uma acessibilidade que seja igualmente inclusiva para pessoas com mobilidade reduzida, um acesso permanente, seguro, integrado na paisagem, construído com materiais ecológicos e que não constitua uma barreira à navegabilidade permitida no local, que, como se sabe, é apenas permitida a pequenas embarcações, não motorizadas», refere a cartaz aberta.

Ainda no texto da carta, o Grupo de Cidadania aponta, dando exemplos, quais as diferenças entre uma ponte pedonal e uma ponte náutica, fazendo notar que, em Portugal, «as entidades públicas têm investido em acessibilidades pedonais para as praias e inclusive, diversas praias na Ria Formosa são já beneficiadas com caminhos deste tipo».

A carta expõe também o «negócio da travessia comercial por barcos», dizendo ser público «um projeto de travessia para barcos», por parte da Docapesca, «para entregar à exploração privada, em regime de exclusividade por 25 anos».

A construção desta ponte trará uma «previsível redução drástica de barcos, bem como da terrível agressão ambiental sobre a Ria Formosa. Uma vez libertada a ria do tráfego intensivo de barcos e de toda a poluição dele resultante, será possível a sua requalificação para atividades de natureza como a natação, a vela e o remo e desse modo promover, junto da juventude, práticas desportivas salutares».

«Dadas as condições naturais de Cabanas, não se compreende que as entidades públicas persistam na rejeição da travessia pedonal e, simultaneamente, patrocinem a travessia massiva por barcos e as dragagens regulares por forma a viabilizar essa mesma travessia, a qual constitui um visível, audível e odorífero atentado ambiental».

Esta carta aberta será agora enviada às entidades acima citadas, bem como à Capitania de Tavira, à Docapesca, aos ministros do Ambiente e do Mar, ao Procurador Geral da República, ao Presidente da República, e a todos os partidos políticos com assento parlamentar.



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