“Panóptico” é uma «série de coisas» no Teatro das Figuras

Espetáculo estreia esta sexta-feira, 18 de Junho, no Teatro das Figuras

Foto: Rúben Bento | Sul Informação

Está a questionar-se sobre o que é o “Panóptico”? «É uma série de coisas»: uma peça em que todos são criadores e protagonistas, numa história em que não se sabe o final. O espetáculo tem estreia marcada para esta sexta-feira, 18 de Junho, no Teatro das Figuras, em Faro.

“Panóptico” também é «uma espécie de big brother every day», numa referência à obra “1984”, de George Orwell, em que «alguém nos está a olhar, mesmo quando achamos que não estamos a ser observados», diz Fúlvia Almeida, uma das cocriadoras da peça, em entrevista ao Sul Informação.

A poucos dias da estreia no Teatro das Figuras, o nosso jornal foi assistir aos ensaios deste espetáculo e, além de Fúlvia Almeida, falou com Ricardo Mendonça, diretor criativo.

 

Ensaios da peça Panóptico – Foto: Rúben Bento | Sul Informação

 

A ideia original é de Ricardo Mendonça, mas o ímpeto de fazer o espetáculo foi do coletivo. A peça «ficou sempre na gaveta» da ArQuente – Associação Cultural, mas, com o lançamento do “Ciclo Emergente 2020”, «nós pensámos que era a altura perfeita. Candidatámo-nos a este apoio e conseguimos!», conta Fúlvia Almeida.

«Pensada há muito tempo», a peça, que tem o “Panóptico”, uma conceção arquitetónica, como ponto de partida, «reflete muito daquilo que vivemos nos meses de 2020, em que estivemos confinados, e como é que nós, enquanto artistas, estávamos a viver essa fase: criar à distância uns dos outros sem o toque».

O nome da peça advém de uma conceção arquitetónica, datada do século XVIII, «uma forma de prisão onde um único vigilante, posicionado no centro, consegue ver todos os prisioneiros sem que estes consigam saber se estão a ser observados ou não», explica, por sua vez, Ricardo Mendonça, diretor artístico do espetáculo.

É neste formato que o “Panóptico” se vai apresentar. O palco será disposto, em forma circular, com uma lotação limitada a 33/34 lugares disponíveis na sala, e em que «os papéis estarão invertidos».

«Os prisioneiros irão estar no centro e os vigilantes, sentados nos seus lugares, vão observar tudo o que representarmos durante o espetáculo», acrescenta o diretor artístico.

 

Foto: Rúben Bento | Sul Informação

 

Neste espetáculo, não estarão apenas atores em cena no palco. A peça contará com Joana Costa, «a interpretar, numa chamada Zoom, a partir da Austrália».

Durante os ensaios, a atriz nunca esteve presencialmente com os colegas de cena, mas vai representar a sua personagem através da projeção da videochamada em que vai estar ligada.

Outra das particularidades é a presença de um «robô». Um tablet que terá o ator João Tatá Regala a intervir com os restantes atores através de vídeos previamente gravados. «Devido às mudanças de data, vimos que o Tatá não ia estar cá. Então tivemos de mudar a sua maneira de entrar na peça para ter a presença dele no espetáculo».

«Todas estas limitações, de estarmos à distância e de alguns não conseguirem estar presencialmente, são conteúdo», explica o diretor criativo.

 

Ricardo Mendonça, diretor criativo da peça – Foto: Rúben Bento | Sul Informação

 

Nesta peça, todos são criadores e protagonistas, estando a direção criativa entregue a Ricardo Mendonça.

Este é, segundo as palavras do diretor criativo, «um grupo bastante heterogéneo», do qual fazem parte António Guerreiro, Carolina Cantinho, Fúlvia Almeida, Joana Costa, João Tatá Regala, Marisa Madeira, Teresa da Silva e Rui Gonçalves.

Quanto às expectativas para a estreia, «a ArQuente tem a ideia do “deixa andar, deixa fluir”, e que, quem vier, esteja aqui connosco a tirar o que quiser e nos dê o que quiser», afirma Fúlvia Almeida.

«Acho que vai ser um espetáculo muito interessante, ao ponto de haver alguém que vá para casa a pensar no que viu, no que sentiu, e isso já vai ser bom. Então acho que vai ser, sobretudo, um momento bom de partilha com as pessoas», conclui a cocriadora do Panóptico.

A estreia da peça vai ter lugar esta sexta-feira, 18 de Junho, às 21h30, no Teatro das Figuras em Faro, estando a ser pensada outra apresentação do espetáculo para o mesmo dia, um pouco mais cedo.

O espetáculo conta com o apoio do “Ciclo Emergente 2020”, numa iniciativa da Câmara Municipal de Faro e do Teatro das Figuras.

 

Fotos: Rúben Bento | Sul Informação

 

 



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