O impacto económico da Universidade do Algarve na região

Em 2018, a Universidade do Algarve gerou um impacto económico total na ordem dos 80 milhões de euros, na região

A Universidade do Algarve, criada em 1979, surgiu como resposta à necessidade de colmatar problemas de desenvolvimento do País, e em particular da região algarvia, não apenas ao nível da formação de quadros especializados, mas também ao nível do aproveitamento das externalidades sociais e económicas geradas pelo seu funcionamento.
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Com uma comunidade académica atual de aproximadamente 9.900 pessoas, mais de 170 cursos e um orçamento, em 2019, superior a 62 milhões de euros, a Universidade do Algarve representa, indiscutivelmente, uma das forças mais dinamizadoras da região, quer em termos económicos, quer em termos sociais.

Por um lado, constitui a maior Instituição de ensino na região, com 8650 alunos inscritos no ano letivo de 2020/21. Por outro, os seus 1242 funcionários, a 31/12/2019, tornam-na em uma das maiores empregadoras da região.

São diversos os impactos que a Universidade projeta sobre a região. Entre os impactos diretos mais relevantes, temos, sem dúvida, o emprego criado e o estímulo que a Instituição, através dos seus estudantes e funcionários, provoca na atividade económica regional, como resultado das suas atividades de consumo.

A este respeito, é de assinalar que a existência da Universidade do Algarve constitui um meio pelo qual dezenas de milhões de euros, na sua maioria com uma origem exterior ao Algarve, são introduzidos anualmente na economia regional, quer pelas aquisições realizadas pela própria Universidade, quer pelas realizadas pelos seus funcionários e alunos.

Um estudo realizado recentemente pelos autores deste artigo, e que adotou, para efeitos da quantificação do impacto da Universidade, a designada ‘abordagem de base económica’, a qual procura determinar o que é que aconteceria ao nível da riqueza e do emprego se a Universidade não existisse, permitiu concluir que, dos 9,72 milhões de euros gastos pela Universidade do Algarve na aquisição de bens e serviços correntes e na aquisição de bens de capital no ano de 2018, 31%, ou seja, cerca de 3 milhões de euros, foram aquisições feitas a fornecedores residentes no Algarve.

É indiscutível, no entanto, que o principal impacto económico da Universidade na região ocorre por via do consumo realizado pelos seus funcionários e estudantes, que se estimou ter sido, em 2018, na ordem dos 18 e 43 milhões de euros, respetivamente.

Daqui se depreende que, no ano civil de 2018, o impacto económico direto da Universidade do Algarve na economia regional, nomeadamente resultante da aplicação das dotações orçamentais da Universidade e das despesas da sua comunidade académica no desenvolvimento económico da região, terá excedido os 64 milhões de euros.

Entre os setores económicos que mais beneficiam com a existência da Universidade do Algarve, destacam-se, por ordem decrescente de importância, o setor do comércio por grosso e a retalho, o setor das atividades imobiliárias e alugueres, e o setor do alojamento e restauração.

Refira-se, porém, que o impacto da Universidade do Algarve não se reduz ao emprego direto criado e às despesas realizadas, pois não nos podemos esquecer também que esta Instituição suporta indiretamente um número muito considerável de postos de trabalho e que o efeito dos consumos realizados pela Universidade, pelos seus funcionários e estudantes, é ampliado em consequência do efeito multiplicador.

Este efeito traduz a atividade económica adicional gerada pelos agentes económicos que procuram responder às solicitações de bens e serviços por parte da Universidade e respetiva comunidade académica.

Tendo por base os multiplicadores da produção associados a cada um dos setores de atividade da economia regional, estimou-se que o impacto indireto da Universidade do Algarve e da sua comunidade académica terá excedido os 16 milhões de euros em 2018, perfazendo um impacto económico total na ordem dos 80 milhões de euros, conforme pode ser observado na Figura 1.

É importante realçar, no entanto, que estes valores representam, muito provavelmente, uma estimativa conservadora do impacto económico real da Universidade do Algarve na região dado que a ausência de estimativas credíveis quanto às despesas dos visitantes da Universidade e da sua comunidade académica, fez com que esta componente não fosse incluída na análise realizada.

 

Tendo por base os resultados de estudos anteriores realizados pelos autores, relativamente ao impacto da Universidade e aquilo que tem sido a sua evolução em termo de número de alunos e funcionários, estima-se que o impacto económico total agregado da Universidade do Algarve na região, ao longo dos seus 41 anos de existência, terá excedido os 2 mil milhões de euros, valor correspondente a cerca de 1% do PIB nacional de 2019.

Já ao nível do emprego, as nossas estimativas apontam que mais de 2290 postos de trabalho poderão estar dependentes da Universidade.

A criação de emprego e o impacto financeiro da Universidade não representam, no entanto, os efeitos fundamentais desta Instituição a nível regional.

Mais importante do que este impacto é o facto da Universidade do Algarve contribuir para o aumento do capital humano através da formação superior que ministra, dotando a Região e o País com recursos humanos qualificados nos mais diversos domínios.

A prová-lo, estão os mais de 40 mil diplomados pela Universidade do Algarve durante os seus 41 anos de existência. Se a isto acrescentarmos o facto de que uma percentagem muito considerável dos diplomados permanece na região a exercer a sua atividade, podemos concluir que esta Instituição tem vindo a dar um contributo imprescindível para colmatar as necessidades de quadros qualificados da região.

Mesmo em relação ao investimento em capital humano, o impacto da Universidade vai muito para além da simples formação de quadros, pois, embora dificilmente mensuráveis, os benefícios pessoais, familiares e sociais de longo prazo resultantes desta formação, são vitais para o bem-estar e progresso social e cultural da sua população.

Não nos podemos esquecer ainda que a Universidade funciona como catalisadora das atividades económicas, quer pela investigação que realiza, gerando empregos e promovendo acréscimos de produtividade, quer pela disponibilidade de mão-de-obra qualificada que a caracteriza, quer desencadeando processos de dinâmica empresarial, quer ainda facilitando o surgimento de novas oportunidades de negócio.

Por outro lado, a forte concentração de estudantes nas cidades onde está implantada, os congressos que realiza e os eventos culturais a que se associa, têm dado origem a processos de revitalização urbanística e de animação urbana marcantes.

Na realidade, a Universidade do Algarve representa atualmente uma fonte muito significativa de enriquecimento cultural e social para a região.

Para além destes efeitos, deve-se também realçar que uma fração considerável das verbas que a Universidade recebe do Orçamento do Estado acaba por regressar aos cofres públicos na forma de impostos.

Por tudo isto, é indiscutível que a Universidade do Algarve tem, nos seus 41 anos de existência, contribuído muito significativamente para o crescimento e desenvolvimento económico local, regional e nacional.

Nota: A metodologia que serviu de base ao apuramento das estimativas apresentadas no presente artigo e os resultados alcançados são discutidos em detalhe no livro “O Impacto Económico da Universidade do Algarve na Região do Algarve”, da autoria de João Albino Silva, Rui Nunes e Sérgio Santos, publicado em 2020, pela Universidade do Algarve Editora (ISBN: 978-989-8859-91-4).

 

Autores: João Albino Silva, Rui Nunes e Sérgio Santos, Faculdade de Economia da Universidade do Algarve

 

Nota 2: artigo publicado ao abrigo do protocolo entre o Sul Informação e a Delegação do Algarve da Ordem dos Economistas

 

 



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