Luís Carito: «Rejeito completamente que a Câmara de Portimão estava na falência!»

Candidatura «independente» do antigo líder socialista é apoiada pelo PSD, CDS e IL

Luís Carito – Foto: Elisabete Rodrigues | Sul Informação

Luís Carito, antigo vice-presidente da Câmara de Portimão e ex figura de proa do PS, anunciou esta tarde a sua «candidatura independente» a esta autarquia, apoiado por um «movimento com vários partidos», incluindo o «PSD, CDS e Iniciativa Liberal», bem como «pessoas independentes, sem partido».

Carito chegou sozinho e três escassos minutos atrasado ao encontro na degradada Fortaleza de Santa Catarina, na Praia da Rocha, para onde tinha marcado uma declaração aos jornalistas.

Aí, para «acabar com as especulações», anunciou que, «depois de uma reflexão longa, hoje, às 3 e meia da tarde, tomei a decisão de apresentar a minha candidatura à Câmara Municipal de Portimão, como independente».

Já depois de ter considerado que, ao fim de oito anos da atual gestão autárquica liderada pela socialista Isilda Gomes, «a cidade está parada», Luís Carito foi questionado pelo Sul Informação sobre se não se sentia responsável pela enorme dívida acumulada pelo Município portimonense, quando era gerido pela equipa da qual o agora «candidato independente» fazia parte, como vice-presidente, com o pelouro financeiro e das empresas municipais.

Carito respondeu que «a questão da dívida é uma falsa questão», dizendo mesmo já estar «à espera que seja esse o leit motiv de uma futura campanha» para as Eleições Autárquicas de Outubro próximo. «Mas eu irei explicar, com números, com dados, que isso é uma falácia!», insistiu.

O candidato agora apoiado pelo PSD, CDS e IL recordou, nas suas declarações aos jornalistas, ter estado afastado devido ao processo judicial, «que terminou há cerca de um ano», em Janeiro de 2020. «Esperei calmamente que esse processo judicial clarificasse todas as situações, fui absolvido de todas as acusações que me foram feitas, gostaria de frisar que essa absolvição foi, inclusive, pedida pelo Ministério Público que tinha iniciado a acusação».

Encerrado esse capítulo difícil, «fiz uma reflexão durante este ano». O projeto «no qual tinha estado envolvido há oito, dez anos» foi «suspenso», pela nova liderança socialista da Câmara de Portimão, mas Carito diz não entender «porquê, até porque as pessoas que continuaram à frente da Câmara eram do mesmo partido».

O resultado, na sua opinião, é que, «ao fim de oito anos, entendo eu e acho que muitos portimonenses também, a cidade está parada, sem uma perspetiva de futuro, sem uma estratégia».

Por isso, considera ser sua «responsabilidade, tendo condições de saúde, físicas, psicológicas e mentais, fazer com que a cidade retome o seu rumo, em direção a um futuro mais risonho e mais feliz».

Luís Carito deu ainda voz ao seu descontentamento em relação ao Partido Socialista e aos seus responsáveis atuais, sobretudo a nível local.

É que, recordou, ao longo dos oito anos que durou o processo judicial em que esteve envolvido como principal acusado, «o Partido Socialista não teve qualquer abordagem à minha pessoa. Durante oito anos, estive sozinho num processo que foi dirigido a mim e a outros camaradas na altura».

Foi um silêncio que se manteve depois da sua absolvição de todas as acusações, já que, desde então, o PS não teve «qualquer palavra para com a minha pessoa, no sentido de perceber se estaria disponível ou não».

Por tudo isso, entendeu que «é necessário dar uma perspetiva de futuro a esta cidade e fazer coisas importantes que falta fazer, para que, num novo mundo, pós pandemia, possamos ser competitivos, resilientes».

 

Luís Carito – Foto: Elisabete Rodrigues | Sul Informação

Quanto à questão da dívida da Câmara de Portimão – que atingia 180 milhões de euros e era a segunda mais elevada do país, logo a seguir a Vila Nova de Gaia -, Luís Carito defende que era «perfeitamente sustentada». «Estava previsto um plano de reestruturação financeira, que entretanto não continuou porque as pessoas foram retiradas do lugar em que estavam».

A dívida, defendeu, além de ser «perfeitamente estruturada», não terá resultado, segundo o candidato apoiado pelo PSD, CDS e IL, das muitas obras e projetos lançados pelo município, mas «foi fruto de uma crise económica que apareceu entretanto».

«O que aconteceu ao longo dos últimos oito anos é que foi paga alguma dívida – alguma! deveria ter sido muito mais, de acordo com aquilo que era o plano de abatimento da dívida – e por outro lado a cidade não se desenvolveu, não investiu, não fez nada», frisou.

«A Câmara tinha dívida, mas tinha um plano estruturado de pagamento dessa dívida ao longo dos anos», assim como «havia um plano de investimento de mais de 3 mil milhões de euros para a cidade, que, entretanto, não sei porquê, acabou por não avançar». Tratava-se, defendeu, de «projetos que iriam dar uma receita superior a esta que a Câmara teve e que iriam fazer face a essa dívida».

«Não me sinto responsável por aquilo que foi feito em termos de pagamento de dívida ao longo destes últimos anos. Eu e os meus camaradas que estavam comigo na Câmara Municipal de Portimão, tínhamos um plano, em que o esforço financeiro da Câmara não era significativo em relação ao volume de receitas».

«Pergunto: onde é que estão mais de 500 milhões de euros que a autarquia, ao longo destes anos, recebeu? Onde é que a autarquia os investiu? Foi na dívida? Sabem qual é o valor da dívida? Façam as contas! Mas isso é uma questão que iremos ver mais à frente», prometeu.

E será que Luís Carito se sente bem acompanhado pelo PSD e CDS, que tantas vezes o acusaram de corrupção, de má gestão, de más contas, nas reuniões de Câmara, na Assembleia Municipal, na comunicação social e nas redes sociais?

O «candidato independente» respondeu que «as pessoas que estão hoje nestes partidos algumas já não são as mesmas, umas são, outras não são».

Quanto ao facto de ter feito todo o seu percurso político no Partido Socialista, tendo sido mesmo deputado e desempenhado diversos cargos de relevo na estrutura partidária, Carito explicou que, «durante muitos anos, militei num partido por convicção. Continuo a ter as mesmas convicções, não as perdi», «penso que a social-democracia e o socialismo democrático são o caminho e não alterei essas convicções profundas». «Uma coisa são os partidos e as pessoas que estão à frente deles, outra coisa são as convicções políticas».

Quanto à sua candidatura à presidência da Câmara, salientou ter «um projeto para esta cidade, que irei discutir com o PSD, com o CDS e com o conjunto de toda a população de Portimão».

Apesar de tudo, Luís Carito não respondeu se ainda continua ou não a ser militante do PS. «Tive conversas com pessoas do Partido Socialista sobre essa questão e não vou ainda responder a ela», disse.

E será que Manuel da Luz, o anterior presidente da Câmara de Portimão, também um histórico socialista, vai ser um dos apoiantes desta sua candidatura «independente», apoiada pelo PSD, CDS e IL? «Não confirmo, nem desminto», limitou-se Carito a responder.

 

 



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