Carta aberta defende o abacate e «bom nome» dos agricultores do Algarve

Carta é assinada por duas organizações de produtores e por 1500 sócios da Algfuturo

A associação Algfuturo e as organizações de produtores Frusoal e Madre Fruta vieram a público «em defesa da honra e bom nome do Algarve e dos seus agricultores», numa carta aberta de resposta a «falsidades muito graves» em relação às culturas de regadio, no Algarve, «em particular a do abacate».

Esta carta é dirigida «aos responsáveis oficiais regionais e nacionais e outros detratores das culturas de regadio no Algarve, em particular a do abacate, que falsamente afirmam ser de carácter intensivo».

A missiva é subscrita não apenas por estas três entidades, mas também «por 1500 sócios da Algfuturo, membros das 29 associações aderentes e a título individual», segundo a associação, que alega que «entidades oficiais regionais e nacionais apontam ao abacate malefícios que não tem e escondem as suas muitas virtudes».

Para contrariar as informações que alegam não estar corretas, os subscritores da missiva asseguram que irão apurar e divulgar toda a verdade sobre o abacate/abacateiro.

Em causa as tomadas de posição de diversos partidos e de associações de defesa do ambiente em relação a um polémico mega projeto de produção de abacates, de 128 hectares, nas freguesias da Luz e de Bensafrim e Barão de São João, cuja instalação estava praticamente concluída na altura em que a Avaliação de Impacto Ambiental da exploração ainda estava em consulta pública.

As críticas das associações a este projeto devem-se, não só, ao impacto ambiental do projeto em si, nomeadamente ao nível dos recursos hídricos e da despedrega a que o terreno foi sujeito, mas também a alegadas ilegalidades cometidas pelo promotor deste pomar de abacate.

O PAN, o Bloco de Esquerda e o PS levaram o assunto até à Assembleia da República e pedem regras mais apertadas para culturas em regime intensivo e super intensivo, que necessitam sempre de grandes quantidades de água.

O PAN pediu uma audição urgente do ministro do Ambiente, apontando as irregularidades de todo o processo, enquanto o BE recomendou ao Governo que «instaure um regime de moratória, impedindo a instalação de novas explorações de abacate, olival, amendoal e outras culturas em regime intensivo e superintensivo».

Os socialistas foram por um caminho semelhante e pediram ao Governo que fixe regras para novas explorações de abacate na região, tendo em conta a questão da seca e da falta de água.

O PS recomendou a aprovação de uma moratória suspendendo novas explorações de cultura de abacates na região do Algarve e que, através do Ministério do Ambiente e Ação Climática e do Ministério da Agricultura, fixe, no prazo máximo de 90 dias, as condições mínimas de sustentabilidade ambiental a observar para as novas explorações, nomeadamente de disponibilidade hídrica, por parte do promotor, sob parecer prévio da autoridade nacional da água.

Estas recomendações não caíram bem junto das associações de produtores e dos signatários da carta aberta.

«A nossa posição é que se façam com rigor os levantamentos e depois se tomem globalmente medidas, sem estabelecer períodos de 90 ou 180 dias proibindo plantações novas, o que é mortal para a confiança dos investidores nacionais e estrangeiros», defendem.

O levantamento mencionado é o dos desperdícios de água, nomeadamente nas degradadas canalizações municipais, na rega de espaços verdes e «milhares de piscinas particulares», onde se registam perdas cuja soma «aponta para um valor suficiente de água para regar cerca de 2000 hectares de abacateiros»

«A posição dos agricultores é de cooperação, mas de rejeição do que tem vindo a público, continuando, no entanto, abertos ao diálogo através das suas organizações representativas, esperando que as ideias que os detratores têm sustentado mudem», concluem.

 



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