Desemprego no Algarve cresceu muito em 2020, mas não atingiu máximos de 2013

Albufeira foi o concelho mais afetado pelo desemprego

Foto: Nuno Costa|Sul Informação

O Algarve viveu, em 2020, «permanentemente numa época baixa» no que ao emprego diz respeito. A pandemia acabou com aquele que era um «ciclo económico muito positivo» e “atirou” milhares de trabalhadores, principalmente do setor do turismo, para os Centros de Emprego.

Ainda assim, Madalena Feu, delegada regional no Algarve do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP), em entrevista ao Sul Informação, diz que houve alguns sinais positivos ao longo do ano e não espera que os valores mensais de desemprego registado atinjam os valores de 2013.

Em 2020, considera a responsável, «vivemos permanentemente numa época baixa, com um período, durante o Verão, de melhoria». Uma melhoria que, ainda assim, teve números de desemprego «muito acima em termos homólogos».

Madalena Feu realça que, em 2018 e 2019, «estávamos a viver um ciclo económico muito positivo. No Verão de 2018 e 2019, tivemos 5% de desemprego. Em 2019, houve 5,2% de taxa de desemprego, segundo dados do INE. Portanto, estávamos a viver alguma folga e esperávamos um ano 2020, do ponto de vista económico, muito dinâmico e muito positivo».

 

 

Em Janeiro do ano passado, «começámos a trabalhar para integrar as pessoas. As ofertas de emprego começaram logo a ser trabalhadas e a chegar aos nossos serviços. Nessa altura, estávamos com números parecidos com o que tínhamos em 2019. Em Janeiro de 2019, nós tínhamos 20748 desempregados e, em 2020, tínhamos 20815, estávamos com uma diferença de 0,3%. Em Fevereiro, o desemprego baixou relativamente ao mês de Janeiro, para 19188 inscritos. Estávamos também com uma variação de décimas 0,9%, relativamente a 2019, mas baixámos 12,8% relativamente a Janeiro. Por isso, Janeiro e Fevereiro foram meses dentro daquilo que é a nossa normalidade».

 

Madalena Feu – Foto: Nuno Costa|Sul Informação

 

Depois, veio a pandemia e, «nesse momento, todos os desempregados que, por norma iriam trabalhar durante o período de Verão, não saíram para o mercado de trabalho. E aqueles que tinham saído em Fevereiro, durante o período experimental de contrato de trabalho, voltaram a ficar desempregados e voltaram a reinscrever-se nos serviços de emprego. Portanto, nós confrontámo-nos, no período de Fevereiro para Março de 2020, com um crescimento de desemprego homólogo de 41,4% e ainda não estávamos no pico da pandemia».

A situação piorou e «o fluxo de desempregados a recorrer aos serviços de emprego da região aumentou», lembra Madalena Feu, que realça que «também houve um aumento do número de estrangeiros inscritos, porque houve uma alteração na legislação que o permitiu. Estas pessoas, numa fase anterior, não se podiam inscrever nos serviços de emprego, porque não tinham os documentos efetivamente legalizados, mas tinham estado a trabalhar, tinham feito os seus descontos, mas não reuniam as condições para se inscreverem».

 

 

A partir de Março, o aumento homólogo de desemprego começou a atingir valores muito elevados no Algarve, superiores também à média nacional.

«De Março para Abril, confrontámo-nos com um aumento de desemprego de 21,9%, relativamente ao mês anterior, mas já de 123,9% relativamente ao período homólogo. E fomos crescendo nesta lógica. Em Maio, face ao mês homólogo, crescemos 200,2% e atingimos um pico máximo em Junho, com 231,8%», prossegue Madalena Feu.

Aí, chegou o “alívio”. A delegada regional do IEFP considera que «tivemos um primeiro trimestre com um período muito complicado até Abril, mas o Verão correu melhor do que aquilo que estávamos à espera. A partir de Maio, começámos a diminuir o desemprego, relativamente aos meses anteriores. Portanto, em Maio, o crescimento de desempregados inscritos, em relação a Abril, foi apenas de 4,9%, isto apesar de, face a Maio de 2019, termos tido um crescimento de 200,2%. Em Junho, diminuímos e já tivemos uma variação face ao mês anterior negativa. Em Julho e Agosto, foi também negativa e tivemos aqui uma diminuição de cerca de 6 mil pessoas nos centros de emprego».

 

 

A partir de Setembro, o desemprego voltou a crescer, mas, realça Madalena Feu, «o crescimento já não foi idêntico ao do início do ano: foi um crescimento muito menos acentuado. Em Setembro, relativamente ao mês anterior, crescemos 4,3%. Em Outubro, relativamente a Setembro, crescemos 13%. Em Novembro, crescemos 20,7%, relativamente ao mês anterior. Também os crescimentos face ao mês homólogo, foram em valores inferiores».

Os dados de Dezembro ainda são provisórios, mas terá sido atingido um máximo no desemprego registado em 2020. «Acabámos o mês com cerca de 31 mil desempregados. Julgo que, em Janeiro, poderá manter-se este valor, ou aumentar um bocadinho, mas não é a minha expetativa que se chegue aos quase 40 mil desempregados inscritos que tivemos em 2013».

 

Por concelhos, Albufeira foi o município mais afetado pelo desemprego em 2020, um facto que é indissociável da quebra do setor turístico. «O desemprego não cresceu de igual forma em todos os concelhos. Mas o concelho onde o desemprego cresceu mais devido à pandemia, e que também é o concelho com mais estrangeiros, foi Albufeira. Seguiram-se os concelhos de Loulé e Portimão», revelou Madalena Feu.

2021 começa com «uma luz ao fundo do túnel» chamada vacina, mas a incerteza sobre como irá o mercado de emprego reagir a um novo confinamento mantém-se.

«Começamos o ano de 2021 com um retrocesso face à pandemia, com aumentos drásticos relativamente ao número de contágios e ao número de mortos. Todos sabemos que vamos entrar num período de confinamento e continuamos a trabalhar com esta incerteza», considerou a responsável.

Ainda assim, Madalena Feu perspetiva que, com a vacinação, «a partir de Maio/Junho, as coisas possam melhorar».

 

 

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