Estrangeiros, futebolistas e fiéis religiosos puxam para cima números da Covid-19 no Algarve

Segundo revelou a delegada regional de Saúde na conferência de imprensa quinzenal de balanço da situação epidemiológica no Algarve

Jogadores de equipas de futebol da região, fiéis de grupos religiosos e cidadãos estrangeiros, entre migrantes, residentes e visitantes, estão a puxar para cima os números da Covid-19, no Algarve, revelou Ana Cristina Guerreiro, a delegada regional de Saúde, na conferência de imprensa quinzenal de balanço da situação epidemiológica na região algarvia.

Segundo os dados da Autoridade de Saúde Regional, há 82 novos casos de Covid-19 na região, o que fez elevar o total acumulado desde o início da pandemia para 3803.

Nos hospitais, há hoje 49 pessoas infetadas com o novo coronavírus internadas, 9 das quais nos cuidados intensivos, um aumento de uma pessoa, em ambos os casos.

Também as pessoas que recuperaram da doença aumentaram para 2519. Os casos ativos aumentaram, fixando-se agora nos 1245.

Quanto a óbitos, não há mais a lamentar, mantendo-se o total acumulado nos 39.

Neste momento, revelou Ana Cristina Guerreiro, «a situação que mais trabalho nos está a dar e que causa mais preocupação é a vivida em clubes de futebol, particularmente nas equipas de sub-23».

Ao todo, há 31 jogadores infetados de quatro clubes, «a maioria dos quais de jogadores do Internacional de Almancil», que será a origem do surto, mas também do São Luís (Faro), do Marítimo Olhanense e do Fuzeta.

«O problema é que alguns destes jovens, além da ligação aos clubes, são amigos cá fora. É este relacionamento entre eles que tem levado os casos do Internacional de Almancil para outros clubes», revelou a delegada regional de Saúde.

Também a inflacionar os números estão os casos registados entre estrangeiros. E, neste caso, há concelhos que entraram na lista de municípios de risco com elevada percentagem de novos casos de cidadãos de outros países.

O caso mais gritante é o de Vila do Bispo, onde «estimamos que a percentagem de  casos de estrangeiros ronde os 70%».

Mas a percentagem de não nacionais nos números dos infetados de Portimão e Albufeira também é significativa, rondando os 30%.

«Tivemos recentemente alguns casos no Parque de Campismo de Alvor, com 13 pessoas relacionadas com este surto, a maioria estrangeiras. Mas podem ser mais», revelou Ana Cristina Guerreiro.

De resto, «há estrangeiros e estrangeiros. Temos os migrantes que trabalham nas estufas e na agricultura, entre os quais vão surgindo alguns casos, mas também os que usufruem do país e que vêm com autocaravanas, ficam em parques de campismo ou vão para hostels».

Todos estes casos «contam no sitio onde estão, que é onde respiram». No entanto, são pessoas que não estão registadas na região, pelo que não contribuem para a contabilização da população total dos concelhos e da região, uma das variáveis do critério usado pelo Governo para decidir quais os concelhos de risco.

Para António Pina, presidente da AMAL, «isto põe a descoberto algo que dizemos há muito: o Algarve não pode ser visto apenas pela população residente, mas também pela flutuante».

«Há muito mais gente a viver cá, que não consta das estatísticas e não está registada,  algo que não se passará em mais lado nenhum, no país, com esta dimensão. Devemos ser contabilizados como tendo, pelo menos, 600 mil habitantes», defendeu o também presidente da Comissão Distrital de Proteção Civil.

«Vamos  apresentar uma proposta ao Governo e à DGS para que seja introduzido um novo critério, para que se introduza outro número na ponderação dos casos no Algarve. Os estrangeiros não podem só contar para os casos, também devem ser contabilizados como população», anunciou António Pina.

Quanto aos casos relacionados com confissões religiosas, os mais preocupantes são em Portimão/Lagoa e em Faro/Olhão.

«Há um surto com muitas pessoas relacionado com religião Rocha Eterna, em Portimão. Há já 16 casos, em Portimão e Lagoa, mas provavelmente serão mais», revelou Ana Cristina Guerreiro.

Outro surto, este com «18 casos associados, está relacionado com a Igreja Evangélica Filadélfia, com casos em Faro e Olhão».

«Em ambos os casos, as infeções estarão relacionadas com a prática do culto «em espaços fechados, com as pessoas, eventualmente, muito próximas uma das outras e a cantar», rematou a delegada regional de Saúde.

 

 

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