Centro Ciência Viva de Lagos junta-se a parceiros europeus para «transformar a escola»

Projeto tem três anos e poderá ser alargado a todos os CCV

O Centro Ciência Viva de Lagos está a abrir a porta das escolas do Algarve à metodologia “Maker”. O centro é o único representante português no consórcio europeu Make it Open, que pretende aplicar as metodologias do movimento “Maker” nas salas de aula. Mas que metodologias são estas?

Luís Azevedo Rodrigues, diretor do Centro Ciência Viva de Lagos, em declarações ao Sul Informação, explica que esta abordagem «faz o percurso de aprendizagem ao contrário do que faz normalmente a escola, onde se aprende a teoria e, durante a vida, encontramos casos onde aquela teoria será útil para resolver problemas. Nestas metodologias, o que se coloca aos “makers” são problemas reais, que eles vão tentar resolver. A pouco e pouco, eles vão procurar a teoria que vai permitir resolver o problema».

Segundo o responsável, a inclusão do Centro Ciência Viva de Lagos no Make it Open, do Programa Europeu Horizonte 2020, financiado pela Comissão Europeia, «foi um orgulho e é o reconhecimento do nosso trabalho. Depois, há também uma contrapartida interessante e estar no meio destes parceiros é ótimo».

Luis Azevedo Rodrigues

O consórcio envolve instituições de Israel (Bloomfield Science Museum Jerusalem), Estados Unidos da América (Universidade de Columbia), Holanda, Polónia (Copernicus Science Centre), Reino Unido, Bélgica, por intermédio da Associação Europeia de Museus e Centros de Ciência – Ecsite.

Há ainda um conjunto de «museus mais pequeninos que se candidataram a uma call, onde entra o Centro Ciência Viva de Lagos. Aí fomos selecionados juntamente com um museu sueco, um grego, um espanhol, um húngaro e um romeno. Estes são os braços armados, que vão estar no terreno, a implementar as metodologias “maker”».

Luís Azevedo Rodrigues explica que os promotores do projeto consideram que «é a altura de o movimento “maker” integrar educação formal. Pode ser um salto metodológico no processo educativo, dando uma componente mais prática. O lema é hands on, minds on [mãos a funcionar, cérebros a funcionar]. O projeto, além de demonstrar e apresentar metodologias “maker” à comunidade educativa é uma tentativa de transformar a escola e propor novo um esquema educativo».

Outro dos objetivos deste projeto passa por «envolver a escola no bem estar da comunidade, porque este tipo de metodologia pressupõe colaboração entre alunos, alunos e professores, e também fora da escola. Se houver um problema fora da escola, por exemplo numa empresa, estes “maker” tentam levar a solução».

O Centro Ciência Viva de Lagos, durante o confinamento provocado pela pandemia de Covid-19, assumiu um papel de destaque na impressão de viseiras de proteção para profissionais de saúde mas, explica o seu diretor, «o que fizemos em Março foi um bocadinho a ponta do iceberg. As impressoras 3D não fazem um movimento “maker”» e «o movimento “maker” não nasceu para fazermos viseiras. Foi necessário na altura e tínhamos capacidade técnica para o fazer».

Segundo Luís Azevedo Rodrigues, esta capacidade técnica foi adquirida porque «o Centro tem investido muito nesta área, adquirindo equipamentos, dando formação à equipa. Também temos tido sempre a ajuda do Município de Lagos, que tem feito muito investimento no nosso espaço».

 

 

Apesar de o consórcio estar agora a ter as suas primeiras reuniões, o trabalho do Centro Ciência Viva de Lagos junto da comunidade educativa não começa agora. A integração no consórcio é, aliás, «o reconhecimento de que podemos levar estas potencialidades para o sistema educativo, porque já temos vindo a aplicar algumas destas metodologias».

Primeiramente, o Centro Ciência Viva de Lagos irá levar a metodologia “maker” às escolas através das atividades de enriquecimento curricular e também através dos Clubes Ciência Viva. Mas este será apenas o primeiro passo.

«É um projeto para três anos. Primeiro vamos implementar as metodologias nessas sessões, sendo que vamos receber também input dos membros do consórcio. Este ano, será aqui nas escolas do concelho de Lagos. No segundo ano, o objetivo é alargar a outros concelhos e, se correr muito bem, com resultados muito bons, a ideia é alargar ao resto da rede Ciência Viva, até porque não somos o único centro com trabalho desenvolvido nesta área», realça Luís Azevedo Rodrigues.

Para já, «não está previsto que a disciplina A, B ou C tenha X horas para a vertente “Maker” mas, se correr bem, talvez possamos “colocar o pé na porta” e ganhar essa abertura da escola», conclui.

 

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