Vinhos do Algarve mantêm «qualidade e quantidade» em ano de pandemia

Produtores aproveitaram pandemia para apostar na venda online de vinhos

Foto: Elisabete Rodrigues|Sul Informação

O ano foi atípico, devido à pandemia, mas a qualidade dos vinhos do Algarve não vai ser afetada. A expetativa da Comissão Vitivinícola do Algarve (CVA) é que «a qualidade seja a mesma e que, em termos de quantidade, se mantenham os valores do ano passado»: 1,2 milhões de litros de vinho.

Sara Silva, presidente da Comissão Vitivinícola do Algarve, em entrevista ao Sul Informação, explicou que este foi um ano vinícola muito afetado pela Covid-19. Mesmo durante a vindima, que se faz entre Agosto e Setembro, «houve um respeito pelas normas impostas, para proteger as equipas em contexto de pandemia».

As vindimas arrancaram em Agosto «com os vinhos brancos. Este ano começámos relativamente mais cedo, mas é normal no Algarve. Começamos sempre mais cedo do que no resto do país, pelas horas de sol que temos. Assim, o grau de maturação das uvas atinge-se mais rapidamente».

Sara Silva – Foto: Elisabete Rodrigues|Sul Informação

A nível de valor, «a expetativa é manter os números do ano passado, que deve rondar 1 milhão e 200 mil litros de vinho. Temos novas vinhas a produzir pela primeira vez e estamos com uma boa expetativa e esperamos boa qualidade do vinho».

A pandemia afetou a forma de vindimar, mas alterou também o escoamento de vinhos do Algarve. Restaurantes e hotéis, os dois principais clientes dos produtores algarvios, foram obrigados a fechar portas durante o confinamento e houve meses difíceis.

«Durante o período de Estado de Emergência, os restaurantes estiveram minimizados na sua atividade. Houve uma quebra muito significava das vendas de vinhos do Algarve. Por outro lado, a parte do enoturismo ficou também bastante condicionada. Sem o canal HORECA e com o enoturismo indisponível, os produtores tiveram ali uns bons meses, de Março a Junho, com grandes dificuldades nas vendas».

 

Foto: Flávio Costa|Sul Informação

 

A partir de Junho, «com a reabertura dos restaurantes, a economia retomou um pouco, o Algarve mexeu mais um bocadinho e as vendas dos vinhos também aumentaram. Houve aqui uma retoma a bom ritmo da atividade, ainda que aquém das perspetivas que tínhamos do ano passado».

Sara Silva diz que toda esta situação «foi desafiante para os nossos produtores, que mostraram capacidade de resiliência e pensaram em alternativas. Houve um repensar das estratégias de marketing, houve um reforço da comunicação nas redes sociais e uma maior aposta nas vendas online. Durante este período, o que era desconsiderado ou colocado em segundo plano foi trazido para a ribalta».

A presidente da CVA realça que «os produtores, durante este período de pandemia, tentaram organizar-se e criar infraestruturas para venda online, criando sites e criando condições para comunicar com os seus clientes. A CVA disponibilizou também, no seu site, uma plataforma de venda online, para que seja mais fácil, para quem tiver interesse nos Vinhos do Algarve, encontrar os locais certos para poder fazer as compras».

Este tipo de venda direta ao consumidor «ainda não tem a escala do setor do canal HORECA ou do enoturismo, mas permite-nos chegar a um público um bocadinho mais distante e fazer toda a compra sem contacto físico, o que é importante no contexto da pandemia».

Também a Comissão Vitivinícola do Algarve foi obrigada a adaptar-se à nova realidade. «Esta pandemia veio ensinar-nos que há coisas que nos fazem abrir os olhos e temos que restruturar a nossa própria comunicação. O mesmo se passou com a CVA. Nós tínhamos uma série de eventos e iniciativas programadas para este ano, mas tivemos que adaptar a nossa programação, cingindo-a mais às redes sociais. Tivemos uma dinâmica muito forte, também com a publicação de alguns vídeos. É algo em que vamos continuar a apostar, enquanto não houver perspetivas de retoma de eventos promocionais», concluiu.

 

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