“Regresso” dos ingleses aumenta em 25% reservas nas rent-a-car algarvias

O futuro está «um pouco mais risonho» para as empresas rent-a-car do Algarve, com o corredor aéreo para o Reino Unido

Armando Santana – Foto: Bárbara Caetano | Sul Informação

As reservas para Setembro nas empresas de rent-a-car do Algarve aumentaram em 25%, nos últimos «três ou quatro dias», fruto do anúncio do Governo britânico da inclusão de Portugal na lista dos países seguros para viajar.

Esta decisão teve efeitos positivos imediatos em vários setores do turismo, desde as viagens aéreas ao alojamento, mas também no negócio das empresas de aluguer de automóveis, assegurou ao Sul Informação Armando Santana, presidente da ARA – Associação de Empresas de Rent a Car do Algarve.

«Nestes poucos dias, desde que o corredor aéreo abriu, aumentámos as reservas em 25%, em relação ao que tínhamos em carteira, só no mercado inglês», revelou.

Isto leva Armando Santana a considerar que «o futuro está um pouco mais risonho», depois de meses em que as empresas do setor atravessaram grandes dificuldades.

«Neste momento – e bem precisamos de algum positivismo -, os empresários começam a ter mais esperança, ao ver reservas e alguma movimentação para Setembro», disse o presidente da ARA.

E, apesar de «ainda ser cedo para se projetar», há também esperança de que esta maior procura se mantenha em Outubro, considerando que «vamos ter Fórmula 1 e Moto GP, que trazem não só público, mas também os elementos das equipas, que são centenas ou mais de um milhar, que estão cá uma semana antes e, de certeza, alugam carros».

As rent-a-car têm, de resto, muita experiência com eventos no Autódromo Internacional do Algarve, circuito que «tem uma ocupação muito grande pela equipas de fábrica, que vêm cá fazer testes».

«Este é um tipo de turismo que, em termos de receitas, é bom. São pessoas que não têm dificuldades financeiras, que gostam de ter um bom carro, de comer em bons restaurantes e ficar em bons hotéis», disse Armando Santana.

Além disso, também há «os amantes do golfe britânicos, que ficam com o horizonte um pouco mais desanuviado com a abertura do corredor aéreo».

 

Aeroporto de Faro – Foto: Bárbara Caetano | Sul Informação

 

Este balão de oxigénio surge numa altura em que até havia um aumento da procura, que se notou, particularmente, «desde a segunda semana de Agosto».

Apesar de, neste momento, os ingleses, que são os principais clientes do turismo algarvio, serem «muito poucos», as rent-a-car têm trabalhado com «alemães, holandeses e dois mercados dos quais não costumávamos ter muitos clientes, os espanhóis e os franceses».

«Notou-se um grande acréscimo dos franceses, até porque havia pessoas que normalmente não viriam de avião e passaram a vir», disse.

As empresas também têm «vivido um bocado dos estrangeiros com residência no Algarve, que são já alguns milhares».

«Para dar um exemplo, há pessoas com casa cá, que são já clientes habituais e que se tornaram nossos amigos, que tinham viagem marcada para o Reino Unido antes do anúncio do corredor aéreo e iam devolver a viatura», contou.

Mas, «mal Portugal foi colocado na lista de destinos seguros do Reino Unido, eles ligaram-nos – e não foi um nem dois – a dizer que podiam ficar mais uns dias com o carro, porque já não tinham de fazer quarentena, pelo que iam ficar mais tempo».

Com a chegada da última semana de Agosto, admitiu o representante das rent-a-car algarvias, a tendência habitual era as reservas começarem a diminuir novamente, algo que acabou por não acontecer.

 

Armando Santana – Bárbara Caetano | Sul Informação

 

Apesar de a situação ser agora menos dramática e de até existir alguma esperança no futuro, até aqui chegar as empresas de rent-a-car, à semelhança das demais empresas ligadas ao Turismo, tiveram de enfrentar muitas dificuldades.

«O que está para trás não é nada animador, isso é inegável», admitiu Armando Santana ao Sul Informação.

Segundo um levantamento feito pela ARA junto dos seus associados, no início do mês de Agosto, a crise «assolou o setor de forma estrondosa, com 66% das respostas a reportarem quebras de faturação no 1º semestre entre 65% e 85%».

No que ao lay-off diz respeito, a adesão foi massiva, com um total de 91,7% de rent-a-cars a dizer que recorreram a este apoio. Perto de 60% aderiram ao lay-off total.

Por outro lado, quase todas as empresas associadas à ARA optaram por diminuir a sua frota, «a maioria entre -15% e – 20%».

 

Rent-a-cars – Foto: Bárbara Caetano | Sul Informação

 

«Todos os anos, nós renovamos frota. Os carros podem ser mantidos até cinco anos na frota, mas, normalmente e dependendo dos carros, alguns são substituídos antes disso», enquadrou Armando Santana.

«O que aconteceu este ano? Foram vendidos carros que já estavam totalmente liquidados, para fazer face aos problemas de tesouraria de algumas empresas, porque foram muitos meses», acrescentou.

Afinal, «a pior coisa que há é ter uma frota parada. Porque uma frota parada acaba por comer toda a rentabilidade da que está a andar. São seguros, Impostos Únicos de Circulação e uma série de encargos que se têm de pagar».

«Houve alguns associados nossos que ponderaram as coisas e decidiram, e bem, reduzir a frota [vendendo os carros] e, com essa receita extra, fazer face a alguns problemas de tesouraria», concluiu o presidente da ARA.

Isto leva a que as previsões dos empresários do setor não sejam as melhores, com 67% das rent-a-car a apontar a retoma da atividade para níveis pré-Covid somente para 2022 ou depois.

«Os empresários continuam a solicitar o prolongamento de medidas como o lay-off simplificado, que vigorou entre Abril e Julho, isenção de TSU e suspensão de IUC», acrescentou a Associação de Empresas de Rent a Car do Algarve.

 

 

 

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