Faro ganha novas hortas sociais nos terrenos da Direção Regional de Agricultura

Já há acordo entre a Câmara e a Direção Regional, faltando apenas a aprovação do Governo

A Câmara de Faro vai ter novas hortas sociais para atribuir aos munícipes, num terreno que lhe será cedido pela Direção Regional de Agricultura e Pescas (DRAP) do Algarve, no complexo que serve de sede a esta entidade, situado no Patacão.

Numa altura em que há mais pessoas a viver dificuldades, devido à crise do setor turístico, motivada pela Covid-19, a Câmara de Faro vai aumentar a oferta de hortas a atribuir aos agregados familiares mais carenciados e já está a rever o regulamento, para «alargar a malha e chegar a mais famílias», segundo revelou ao Sul Informação Carlos Baía, vereador da Câmara de Faro com o pelouro da ação social.

Igualmente em declarações ao nosso jornal, Pedro Valadas Monteiro, diretor regional de Agricultura e Pescas, disse que o acordo entre a DRAP  e a Câmara é total, «faltando apenas a luz verde da tutela, que, no nosso caso, é a Secretaria de Estado da Agricultura.

«Nós já fizemos um protocolo para ceder à divisão de ação social da Câmara de Faro uma parcela das nossas instalações no Patacão, que estava aqui devoluta, para que sejam aqui instalados uma série de talhões, no âmbito de uma horta social», explicou.

«A ideia é aumentar substancialmente a capacidade que temos instalada, numa zona com mais condições para a prática da agricultura. No fundo, estamos a aproveitar um terreno que é público e que estava subaproveitado. Se pudermos por isso ao serviço da comunidade, melhor», disse, por seu lado, Carlos Baía.

 

Pedro Valadas Monteiro

 

O protocolo prevê que o terreno seja vedado e separado do resto da propriedade, «até para evitar a entrada de pessoas estranhas à direção regional. Vai ter uma porta de acesso própria».

«Depois, as famílias podem, com a nossa supervisão e ajuda, fazer agricultura biológica e a compostagem de resíduos, para mais tarde incorporar nas culturas, como matéria orgânica», explicou Pedro Valadas Monteiro.

«Na prática, nós entregamos à Câmara o terreno e ficamos responsáveis pela supervisão técnica. A Câmara, além de escolher as pessoas a quem serão atribuídos os talhões, também fará um conjunto de intervenções no terreno, ao nível da vedação, dos sistemas de rega e etc», reforçou ao Sul Informação o diretor regional de Agricultura e Pescas.

Carlos Baía explicou que «o espaço vai ser autonomizado, para que quem queira utilizar o espaço não dependa dos horários da Direção Regional».

«Ainda não sei qual será o investimento, não fizemos ainda esse cálculo. Mas não será um valor muito elevado, será o necessário para tornar o terreno operacional para  o fim a que se destina. Penso que neste caso, a questão do valor é secundária, já que a ideia é ajudar as famílias. Vamos alocar a verba que for necessária», disse.

Assim que o acordo seja aprovado pela tutela, «vamos avançar com o procedimento, para criar os diferentes talhões».

Em simultâneo, o município de Faro está a «rever internamente o regulamento de atribuição de hortas sociais, para que permitir que mais famílias possam ter acesso».

«Neste momento, já tenho uma proposta de regulamento, que terá de ser apresentada à Câmara. Depois, tratando-se de um regulamento, terá de ir a discussão pública, durante 30 dias. Só depois de concluído este trâmite poderá ser apresentado à Assembleia Municipal», disse Carlos Baía.

Isso não impedirá que o processo avance, tendo em conta que o atual regulamento continuará em vigor.

 

 

 

«Isto acaba por cruzar com uma altura que nós acreditamos que será particularmente difícil, no Algarve, o pós-Verão. Se conseguirmos dar algum conforto a algumas famílias, através da cedência de espaços para produzirem alimentos, tanto melhor», considerou o vereador da Câmara de Faro.

Também Pedro Valadas Monteiro acredita que esta pode ser uma grande ajuda para os agregados familiares que explorarem os talhões.

«Há pessoas que estão a viver situações difíceis, do ponto de vista financeiro, que poderão ter aqui uma fonte de rendimento ou uma fonte alimentar, num terreno que estava devoluto», ilustrou o Diretor Regional de Agricultura.

O terreno em causa fica num dos extremos da propriedade, com vista para a EN125, frente a uma parcela que a DRAP já cedeu há algum tempo ao Banco Alimentar Contra a Fome do Algarve.

A sua área é de «cerca de 2 mil metros quadrados. Mas isso dá para muitos talhões. Basta ver, por exemplo, as hortas que já existem na Vila-Adentro, ao lado do Museu Municipal», disse o responsável pela DRAP Algarve.

Carlos Baía diz que o projeto de divisão dos talhões ainda está a ser ultimado, mas aponta para que seja «mais que duplicada a capacidade atual». Neste momento, há «nove talhões de hortas sociais na Vila-Adentro».

Ou seja, poderemos estar a falar em cerca de duas dezenas de novas hortas sociais em Faro.

 

 

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