Dizer que o Algarve não tem capacidade para enfrentar surto de Covid-19 «é catastrofista»

Paulo Morgado, presidente da ARS, não gostou das declarações do representante no Sul da Ordem dos Médicos

O presidente da Administração Regional de Saúde (ARS) do Algarve considera as declarações do líder da Secção do Sul da Ordem dos Médicos como «alarmistas, catastrofistas e de alguém que não conhece a realidade» da região.

Alexandre Valentim Lourenço tinha defendido, em declarações ao Diário de Notícias, que, se o Algarve tiver um surto de 100 casos, será preciso fechar a região.

Em conferência de imprensa, Paulo Morgado realçou que o Algarve tem «uma capacidade instalada que nos pode levar até aos 250 doentes internados em simultâneo. Dizer que o Algarve não tem capacidade é um exagero, que tenho dificuldade em compreender».

O presidente da ARS acrescentou que «quando existe um surto, mesmo com 100 pessoas, esse surto não gera internamentos de 100 pessoas».

Por exemplo, em relação ao surto provocado pela festa de Odiáxere, responsável pela infeção de cerca da 60 pessoas, «temos apenas duas pessoas internadas». Atualmente, no Algarve, há seis doentes internados, e nenhum nos cuidados intensivos.

Segundo Paulo Morgado, «estamos numa fase da pandemia onde pequenos surtos vão acontecer inevitavelmente, seja no Algarve, em Portugal, na Europa ou fora da Europa. É a fase atual que vivemos e as autoridades de saúde têm capacidade para resolver» os problemas.

O responsável reforçou que o Algarve «está preparado» para os meses de Verão e «já deu essa resposta na fase pior da pandemia. Já tivemos fases com muito mais doentes do que temos agora».

Questionado sobre uma possível cerca sanitária ao Algarve, abordada hoje por Miguel Guimarães, bastonário da Ordem dos Médicos, em declarações à Lusa, Paulo Morgado disse desconhecer quem levantou essa hipótese. «É uma questão que aparece sempre, é sempre falada, mas o país tem controlado a doença com muito poucas cercas sanitárias, aliás, só houve uma em Ovar. Não faz sentido falar de uma cerca sanitária em Lisboa, tal como não faz sentido falar de uma cerca sanitária no Algarve».

Nesta altura do ano, costuma haver reforço de médicos para o Algarve e Paulo Morgado volta a fazer o «apelo a quem quer vir trabalhar para o Algarve por mobilidade. Este ano, também achamos importante abrir essa possibilidade para enfermeiros. No entanto, o reforço é voluntário, não podemos obrigar ninguém a vir».

«Todos os anos abrimos esta possibilidade, mas depende muito do voluntariado e, este ano, as pessoas também fazem falta nas próprias regiões. Por isso, contamos principalmente com os nossos recursos e com os profissionais que conseguimos contratar».

Até ao momento, «com os recursos que temos, temos conseguido ter as escalas do serviço de urgência preenchidas e não temos tido dificuldades relevantes no seu preenchimento».

Por tudo isto, garante Paulo Morgado, «as pessoas podem vir, com confiança, de férias para o Algarve. A doença existe, o risco existe, mas é mínimo. No entanto, as pessoas têm de ser responsáveis».

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