Há o «risco de uma segunda onda de Covid-19» no Algarve, admite Autoridade de Saúde

Presidente da ARS Algarve está convicto de que «estamos agora muito mais preparados»

Paulo Morgado – Foto: Elisabete Rodrigues | Sul Informação

«Apesar de não sabermos quando será a segunda onda [de Covid-19], muito provavelmente ela vai acontecer». As palavras prudentes são de Paulo Morgado, presidente da Administração Regional de Saúde (ARS) do Algarve, na conferência de imprensa desta sexta-feira da Proteção Civil Distrital, na sua sede, em Loulé.

Este responsável, embora satisfeito pela atual «situação tranquila» da pandemia na região algarvia, num dia em que não há nenhum novo caso da doença a registar, manifestou algum «receio e preocupação pelo futuro».

E porquê? «Porque não estamos isolados, nem Portugal, nem o Algarve são ilhas», pelo que «o risco de termos uma segunda onda está presente», sobretudo agora que começará a haver um progressivo desconfinamento a partir da próxima segunda-feira, dia 4 de Maio, e não há ainda nem vacina, nem tratamento eficaz.

Apesar do risco, o presidente da ARS Algarve afirmou-se convicto de que «estamos agora muito mais preparados enquanto sociedade e enquanto Serviço Nacional de Saúde, todos aprendemos bastante até agora».

Mas a principal preocupação nem é que a segunda onda venha a ocorrer no Verão, por causa dos turistas.

O receio das autoridades de saúde é que essa segunda onda possa «vir a coincidir com a próxima gripe, no Inverno. Esta será uma das nossas preocupações e já estamos a trabalhar para nos prepararmos». Se isso acontecer, irá criar «stresse acrescido» para as estruturas da saúde. Por isso, uma das medidas a tomar será «vacinar mais pessoas» contra a gripe normal, anunciou.

Paulo Morgado acrescentou que, mesmo com a pandemia a regredir no Algarve, região onde, ao dia de hoje, há apenas 177 casos ativos confirmados de Covid-19 (todos os outros recuperaram…ou morreram), «não vamos desativar nenhum dos serviços que temos neste momento preparados, quer nos Centros de Saúde, quer nos hospitais».

«Vamos manter-nos sempre em alerta, para uma eventual segunda onda, que não sabemos quando virá», salientou.

Interrogado sobre um possível reforço de profissionais de saúde no Algarve, para acorrer à vinda de turistas estivais, aquele responsável admitiu que a região tem «menos meios do que gostaríamos e seriam desejáveis», mas sublinhou que, «até aqui, estamos muito longe de atingir o grau de saturação e caos que vemos noutras regiões do mundo» por causa da Covid-19.

Admitiu que o reforço está a ser pensado, mas adiantou que «o modelo final ainda não está completamente definido». «Não está excluída a mobilidade [de profissionais de outras regiões], como nos outros anos, para além da contratação direta, tal como fizemos neste período» de pandemia.«Vamos usar todos os meios legalmente disponíveis» para reforçar as equipas, assegurou.

No entanto, frisou Paulo Morgado, «não vamos ter o mesmo ano turístico que no ano passado, é expectável termos um número de turistas muito inferior». «Não estou pessimista em relação ao próximo Verão», garantiu o presidente da ARS Algarve.

Mas o potencial de propagação da doença não será maior, com a vinda de turistas, nacionais e estrangeiros, e com a maior mobilidade das pessoas?

Paulo Morgado respondeu que «os serviços dedicados à Covid-19 se vão manter todos abertos e, se for preciso abrir mais, abrimos. Até agora não esgotámos nem metade da nossa capacidade de resposta instalada».

 

António Pina – Foto: Elisabete Rodrigues | Sul Informação

António Pina, presidente da Comissão Distrital de Proteção Civil, da Comunidade Intermunicipal do Algarve (AMAL) e ainda da Câmara de Olhão, também presente na conferência de imprensa, acrescentou que «os municípios estão todos a trabalhar, em conjunto, no desconfinamento».

«Há uma boa articulação entre os municípios, os serviços de saúde, a autoridade marítima, as forças de segurança e a Agência Portuguesa de Ambiente», acrescentou.

Defendendo que «é preciso construir esta nova normalidade», António Pina sublinhou que «é preciso dar os parabéns aos algarvios, a todos quantos vivem cá, aos profissionais de saúde. É que a fase de confinamento foi um sucesso no Algarve».

«Temos uma taxa de recuperados que é a maior do país e isso deve-se à estratégia que a ARS adotou na região, à forma como testámos rápido, ao número de testes que fizemos, à organização dos serviços para acolher e monitorizar as pessoas, e à forma como os profissionais de saúde lidaram com esta doença, que é nova», disse o autarca.

«Vamos agora entrar numa fase nova. Mas aquilo que vamos pedir às forças de segurança é que estejam ainda mais ativas. Os cidadãos têm que manter a consciência cívica deste aumento de liberdade que lhes é dado», acrescentou.

No Verão, haverá «mais forças de segurança na rua, as autarquias vão ter toda a sua capacidade de fiscalização na rua, para garantir que esta segunda fase, a do desconfinamento, também é um sucesso e que as normas de desconfinamento são cumpridas», anunciou ainda António Pina.

Quanto às regras para as praias, o presidente da AMAL disse que «é ainda prematuro» falar delas, mas assegurou que os municípios, em conjunto com todas as outras entidades, estão a trabalhar nisso. «Há um debate grande entre os autarcas, as autoridades Marítima e da Saúde, a APA, sobre isso. Até porque, mesmo no Algarve, existem muitas realidades. Há praias pequenas, há areais de sete quilómetros. As praias da Ria Formosa são diferentes das da Costa Vicentina».

Mas «temos pelo menos o mês de Maio para nos organizarmos para isso», recordou.

Uma coisa os autarcas já fizeram: «temos manifestado a nossa preocupação, dizendo que a abertura das praias é importante para a nossa atividade económica».

No entanto, admitiu, tal abertura «só pode ser feita se for garantida a segurança». Ou seja, «é preciso criar algumas estratégias, que ainda não estão definidas, para que quem está no Algarve se sinta em segurança». E para que não seja o Verão a trazer a tal «segunda onda» da Covid-19.

 

 

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