“Lavrar o Mar” é caminhar com arte, pensamento e convidados de renome

Cada caminhada só terá 15 participantes

O que poderia ser “só” mais um passeio, vai transformar-se em conversas sobre jornalismo, arquitetura, fotografia, literatura ou sociologia. Serão «caminhadas para pensar» porque a andar também se estimula a mente. Eis a nova proposta do “Lavrar o Mar” que vai acontecer a 21 de Março, em Aljezur, e 28, em Monchique.

A iniciativa, que se chama “Caminhadas com Arte”, é nova na sempre arrojada – e diferente – programação do “Lavrar o Mar”.

«É uma estreia que, no fundo, surge do contacto quase diário que temos com a natureza. Ao andar, temos a possibilidade de ir falando, abordando temas porque a natureza ajuda a pensar», diz, entusiasmado, Giacomo Scalisi ao Sul Informação. 

Assim nasceram as “Caminhadas com Arte” que, em primeiro, decorrerão em Aljezur. O ponto de encontro será, no dia 21, às 10h30, na Vilarinha (Bordeira).

Dali, 10 grupos diferentes vão partir em 10 passeios também eles distintos. Os percursos, de cerca de três horas, são surpresa. Em cada caminhada haverá um convidado que será o guia.

«O grupo de 15 pessoas, em cada caminhada, será acompanhado e guiado por uma pessoa que falará, ao longo do passeio, sobre o seu percurso de vida», enquadra Giacomo Scalisi.

As propostas são variadas: Alexandra Lucas Coelho, que falará sobre o jornalismo como forma de ouvir os outros e de perceber o mundo, Henrique Frazão, artista visual que abordará a memória, a fotografia, arquivo ou as alterações climáticas, Hugo Denkel, especialista em cultura alimentar, ou, ainda, Joana Bértholo, escritora que irá conversar sobre o facto de escrever e contar histórias não ser muito diferente de caminhar e procurar percursos.

 

João Mariano

 

Mas há mais. O fotógrafo João Mariano é outro dos convidados, numa caminhada em que falará da sua Costa Vicentina, bem como o encenador John Romão, o arquiteto algarvio Mário Martins, que falará sobre a conjugação entre o saber ancestral aliado às soluções atuais, e Nicolau da Costa, apicultor, mariscador, arquiteto paisagista e fiel guardião da Costa Vicentina.

A iniciativa tem, ainda, a particularidade de ter English Talks: dois percursos destinados a estrangeiros, onde os convidados falarão em inglês: Maria João Pereira Neto, investigadora em História e Sociologia, que falará destes temas, e Nuno Barros, biólogo marinho, são os convidados.

No fundo, como explica Giacomo Scalisi, «nós aqui vamos caminhar não só para conhecer o território, como uma pessoa».

«Cada um falará do seu tema, numa iniciativa que conjuga o interesse das paisagens com o interesse dos convidados. E tudo isto vai acontecer fora de uma sala de conferências, mas na natureza, a caminhar», acrescenta.

Em tudo isto há subjacente uma ideia clara de «como é importante para o homem caminhar. Como através disso, se pode encontrar um pensamento que vai na profundidade de cada um».

Em Monchique, não será diferente. No dia 28, a partir das 10h30, o ponto de encontro será no Moinho do Poucochinho (Parque do Barranco dos Pisões).

Lá serão apenas sete as caminhadas, mas não é por isso que serão menos interessantes. Haverá, como guias-convidados, Joana Craveiro, dramaturga e encenadora do Teatro do Vestido, Gustavo Ciríaco, coreógrafo brasileiro, que falará sobre natureza, paisagem, pensamento e movimento, e, ainda, Paulo Pires do Vale, filósofo e comissário do Plano Nacional das Artes que abordará temas relacionados com a filosofia, a cultura, a religião e até a estética.

Outros dois convidados são o sociólogo da cultura Alix Sarrouy e Joana Gorjão Henriques, jornalista do Público que tem escrito acerca da realidade crescente das estufas em Odemira e Aljezur.

 

João de Brito, Sandro William Junqueira e Afonso Cruz

 

Há, por fim, duas pessoas que prometem caminhadas especiais. São eles Afonso Cruz e Sandro William Junqueira, os dois escritores que têm produzido os textos da saga Medronho.

Como tal, eles que já «são uma espécie de conhecedores daquilo que é a serra do ponto de vista literário», falarão de medronho, de álcool e da sua influência ao longo da história, bem como das vivências tão próprias da serra e das suas gentes.

Para Madalena Victorino, outra das programadoras do “Lavrar o Mar”, esta iniciativa consegue reunir um «grupo de convidados muito diversificado e interessante» que tem tanto pessoas nascidas ou residentes no Algarve, como outras vindas de fora.

«Estamos muito expectantes! A mim apetecia-me fazer todas as caminhadas!», diz, entre risos. Só que valores mais altos se levantam… «tenho de ficar a preparar o almoço».

É que, todas as caminhadas, terminarão com um grande almoço de convívio.

«Todos os grupos se vão encontrar para almoçar, conversar e partilhar as experiências que viveram», resume Giacomo.

Os bilhetes, para participar apenas numa caminhada, custam 10 euros e já estão à venda. Como cada passeio só terá 15 participantes, o melhor é apressar-se.

O“Lavrar o Mar” é um projeto que conta com os apoios do 365Algarve e CRESCAlgarve2020.

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