Empresários algarvios dizem que 22 postos de combustível não chegam para enfrentar greve

NERA está preocupado com a greve marcada para 12 de Agosto

O NERA – Associação Empresarial da Região do Algarve está «preocupado» com as consequências da greve dos motoristas de matérias perigosas e dos motoristas de mercadorias, agendada para 12 de Agosto. A entidade considera «insuficientes» os 22 Postos de Abastecimento que, no Algarve, integram a Rede Estratégica de Postos de Abastecimento, anunciada pelo Governo.

Segundo o NERA, «as medidas já perspetivadas pelas entidades oficiais para controlar e minimizar as consequências da greve, com o justo objetivo de garantir os serviços essenciais em setores sensíveis – aeroportos, hospitais, serviços de emergência, etc., são sem dúvida indispensáveis e indiscutíveis». No entanto, «outras medidas anunciadas parecem ignorar realidades especificas como o Algarve».

A associação empresarial diz que «levantam sérias dúvidas, desde logo, as listas da Rede Estratégica de Postos de Abastecimento, que define 48 postos no distrito de Lisboa, 41 no do Porto, 28 no de Setúbal e 23 nos distritos de Aveiro e de Leiria». No Algarve são 22, algo que «os empresários do Algarve não entendem».

O NERA considera que «parece não se ter tido em conta a especificidade da complexa realidade económica da região e em especial o período: meados de Agosto, em pleno pico da época turística. Nem a importância do turismo na economia nacional e o contributo decisivo do Algarve».

Os empresários lembram que, «quando se fala de turismo, não se trata só de hotéis e restaurantes», mas sim de «um universo económico bem mais complexo que os empresários do Algarve, dos mais variados setores, percorrem todos os dias».

O NERA considera que, no Algarve, «há aspetos específicos importantes que deveriam ser tidos em conta, começando por ter consciência que, para além de cerca de meio milhão de residentes habituais, nele se concentram centenas de milhares de estrangeiros e de cidadãos nacionais provenientes de todas as regiões do país».

Os possível problemas na circulação de pessoas causados pela greve são destacados pelo NERA, uma vez que «no Aeroporto de Faro desembarcam cerca de 600.000 passageiros em Agosto. Para além de ter de garantir combustível para a saída de aviões, precisa de garantir combustível para transportar os passageiros desembarcados para as dezenas de unidades hoteleiras do Algarve».

Uns dias depois, continua o NERA, é necessário combustível para transportar os passageiros novo para o Aeroporto, «para o regresso aos seus países. Veículos dos hotéis, autocarros turísticos, táxis, carros alugados. São deslocações que não podem ser adiadas».

Além disso, «esses turistas que desembarcaram no Aeroporto, não o fizeram para ficar fechados nos hotéis: pretendem deslocar-se pela região durante a estadia. Necessitam de garantia de combustível para o transporte» e «as centenas de milhares de turistas nacionais que se deslocam ao Algarve e por ele circulam com veículo próprio, têm a mesma necessidade de garantia de combustível».

Por isso, considera a associação empresarial, o «conselho» dado pelo Governo para que a população evite «deslocações desnecessárias não se adequa aos turistas».

O NERA, que também destaca o possível impacto na atividade económica e nas empresas, quer saber como será garantido «o abastecimento de produtos alimentares, produtos frescos e congelados, águas e bebidas, as produções da região (da terra e do mar), etc., a muitas centenas de milhares de pessoas que, para além dos residentes permanentes, se deslocam ao Algarve, nomeadamente, turistas nacionais e turistas estrangeiros que se instalam em unidades hoteleiras e que pretendem também frequentar restaurantes, viver a “noite” e participar em eventos?».

A associação realça que, «além da receção de mercadorias transportadas de outras regiões (que constituem grande parte dos bens consumidos), existe um problema de abastecimento regular aos hotéis, aos restaurantes, aos bares, às esplanadas, aos supermercados, aos eventos».

Essa atividade de distribuição «é desenvolvida em larga medida por dezenas de empresas da região, que necessitam de combustível diariamente para responder com regularidade aos clientes que em geral têm stocks baixos, até por escasso espaço de armazenagem» e «são poucas as empresas da região que têm reserva autónoma de combustíveis», acrescenta o NERA.

Por tudo isto, «são certamente insuficientes os 22 postos de abastecimento anunciados para o Algarve», considera a associação empresarial.

O NERA está ainda preocupado com as questões de segurança, uma vez que importa garantir «a circulação de viaturas de empresas não abrangidas pelo pré-aviso de greve, atendendo a que, em situações anteriores, houve tentativas de impedir a circulação de viaturas de empresas que transportam produtos para a região, ou que distribuíam dentro da região».

A associação considera que o Governo deve ponderar estas situações e «deve adequar e reforçar as medidas de emergência a esta realidade complexa de uma região especial, que é o Algarve, no ponto mais alto do Verão».

Para isso, «pode contar com a colaboração responsável dos empresários do Algarve», conclui o comunicado.

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