Ex-trabalhadores da Alicoop vão manifestar-se à porta do EuroBIC em Faro

Trabalhadores lesados querem chegar à fala com o primeiro ministro e o Presidente da República

Os ex-trabalhadores do Grupo Alicoop, que anteontem se constituíram em associação para defender os seus interesses, vão manifestar-se à porta da dependência do EuroBIC, em Faro, para protestarem contra a «perseguição» de que se dizem alvo por parte dessa instituição bancária.

Será uma «ação de luta», «sem desordem», apenas para fazer valer os pontos de vista dos antigos trabalhadores a quem aquele banco continua a exigir o pagamento do «empréstimo realizado em 2008 para ajudar a empresa Alicoop», desrespeitando mesmo a decisão do tribunal, conforme o plano de insolvência aprovado e homologado em 21 de Fevereiro de 2012.

Na reunião que quarta-feira à noite decorreu no Grupo Desportivo e Cultural do Enxerim, em Silves, com a participação de cerca de 130 antigos trabalhadores, foi ainda aprovada a criação da ALGA – Associação dos Lesados do Grupo Alicoop.

Sérgio Catarino, que foi eleito presidente da ALGA, explicou: «a associação é um veículo para nos defendermos, mas também para angariarmos fundos para o que vier aí».

Sérgio Catarino

Na sessão, muito concorrida e participada, apesar de até estar a decorrer, à mesma hora, o jogo Portugal-Suíça, foi ainda decidido confiar a defesa dos ex-trabalhadores ao escritório de advocacia de Garcia Pereira.

Luís Bandarra, membro da Comissão de ex-Trabalhadores da Alicoop, anunciou já terem sido pedidas audiências «a todos os presidentes de Câmara», nomeadamente aos dos municípios onde há mais antigos trabalhadores afetados, como Albufeira e Loulé. A Câmara de Silves, onde a empresa tinha sede, tem acompanhado o processo desde o seu início.

«Queremos também chegar ao presidente da AMAL», mas o sonho, afirmou, «é chegar ao primeiro ministro e ao Presidente da República».

«Não somos apenas 246 trabalhadores afetados. São 246 famílias! E o senhor Presidente da República não pode ser apenas solidário com as vítimas dos incêndios», afirmou.

«Estas 246 famílias afetadas por este drama não se vão calar e não vão desistir enquanto este problema não estiver resolvido», garantiu.

«Ninguém imaginou que, dez anos depois, um grupo de trabalhadores de uma empresa que já faliu, se conseguissem organizar para lutar, porque estão a ser vítimas de uma injustiça, por causa de um empréstimo que não era nosso. Esta luta só será ganha se nos mantivermos unidos», acrescentou Luís Bandarra.

 

Teresa Ramos é um dos casos de antigos trabalhadores do Grupo Alicoop/Alisuper que, em 2008, aceitou avalizar empréstimos em nome pessoal para tentar salvar a empresa, que estava já em situação difícil. No seu caso, como revelou ao Sul Informação, o empréstimo foi no montante de 9 mil euros, mas a dívida já atinge 11 mil.

«Para mim, tem sido um pouco difícil. Como agora tenho uma empresa, com o meu filho, os bancos não nos têm facilitado a vida. Temos tido a ajuda de um banco, com o qual trabalhamos há muitos anos, porque os outros fecharam-nos a porta», acrescentou Teresa Ramos.

Apesar de tudo, e graças às diligências que têm sido feitas, a situação já é agora melhor que há uns meses, quando muitos dos antigos trabalhadores se viram confrontados com penhoras. Paulo Martins, membro da Comissão de Ex-Trabalhadores, explicou ao nosso jornal: «conseguimos que retirassem as penhoras, que já não estão a acontecer, e, no mês passado, tiraram o nosso nome da lista de incumprimento do Banco de Portugal».

Mas nem assim os ex-trabalhadores da Alicoop têm descanso. O EuroBIC entregou em tribunal «uma ação declarativa de 800 páginas para tentar justificar que a dívida é nossa. E mais: o EuroBIC não está a cumprir uma decisão do tribunal: em 2012, na insolvência, ficou provado e o tribunal decidiu que a dívida não era nossa, mas sim da NF. Mas o banco vem é buscar-nos o dinheiro a nós, a estas mais de 200 famílias, porque somos mais frágeis», lamentou Paulo Martins.

 

Fotos: Elisabete Rodrigues | Sul Informação

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