Artistas mostraram a sua arte e falaram sobre conservação dos oceanos na Culatra

“Curtiço” e Ana Pêgo foram os convidados

Dois artistas estiveram, de 17 a 23 de Junho, na Ilha da Culatra, em Faro, para realizarem intervenções artísticas e ações de sensibilização com a comunidade sobre a conservação dos oceanos. 

Esta iniciativa surge no âmbito do evento Mar Motto, organizado pela Sciaena, uma organização não governamental ambiental portuguesa que luta pela conservação marinha, em parceria com a Câmara de Faro e com a ativa participação da Associação de Moradores da Ilha da Culatra (AMIC).

À semelhança do que foi feito no início de Junho em Faro com Tiago Hesp, nestes últimos dias foi a vez da Ilha da Culatra receber dois artistas de áreas bem diferentes.

A primeira, Ana Pêgo, mais conhecida pelo seu projeto “Plasticus Maritimus”, não se considera uma artista, mas sim uma bióloga marinha que gosta de organizar coisas. O seu trabalho de sensibilização para a questão dos plásticos, tanto como artista como enquanto formadora, é já conhecido na grande área de Lisboa e especialmente em Cascais, área onde vive. Mas a ligação de Ana Pêgo ao Algarve é também de longa data uma vez que estudou Biologia Marinha e Pescas na Universidade do Algarve.

 

 

De forma a sensibilizar os mais jovens para a questão do lixo marinho, a artista e bióloga realizou um workshop no Centro Social da Associação Nossa Senhora dos Navegantes para crianças do primeiro ciclo e auxiliares de educação onde lhes mostrou os diferentes plásticos que se encontram na praia e que atitude podem adotar no dia a dia para reduzir este tipo de lixo.

No que diz respeito a sensibilizar a comunidade local em geral e os visitantes da ilha, Ana Pêgo criou um tear com cabos de pesca, feitos de plásticos e de várias cores, abandonados ou que deram à costa na Culatra e que já suscitou o olhar curioso das pessoas que passavam.

O tear foi deixado inacabado e a ideia é que locais e visitantes o possam ir completando com cabos que vão encontrando na praia.

David Mota, que tem “Curtiço” como nome artístico, cresceu com os pés na areia em Monte Gordo e é formado em artes plásticas, sendo profissional da educação juvenil livre e um apaixonado pela cortiça: «usa-a de inúmeras formas para criar as suas obras e fê-lo mais uma vez nos murais que criou e que serão mais um ponto de atração para os visitantes da ilha», conta a Sciaena.

“Curtiço”, inspirando-se nos temas do mar e da pesca, criou um mural na zona do novo parque infantil onde aborda o tema “O Despertar da Ilha” usando grafitis e outro na via principal de acesso à praia feito no seu estilo tão tradicional em cortiça.

Além destes murais, “Curtiço” achou que precisava deixar ainda mais à ilha e criou também uns painéis com poemas sobre a Culatra que foram colocados na parte de trás de algumas placas informativas, inspiração que surgiu a partir de um livro sobre a ilha que lhe foi oferecido pela comunidade.

O artista aproveitou também o seu tempo na ilha da Culatra para dar um workshop aos mais jovens no espaço do pavilhão do Clube União Culaterense com a participação da Prodijo – Associação de Jovens da Culatra.

Nesse workshop, o artista ensinou os jovens da ilha como usar a cortiça para exprimir o que mais os inspirasse e lhes tocasse ao coração, como barcos típicos.. Essas peças em cortiça irão ser posteriormente colocadas nos contadores da água das casas da comunidade.

Os dois artistas têm a intenção de voltar à ilha para continuar a desenvolver atividades e trabalhos artísticos durante os próximos meses.

Além destes dois artistas, a ilha da Culatra também recebeu um primeiro contacto de Ana Monteiro, uma jovem realizadora que irá realizar um pequeno filme sobre a comunidade da Culatra.

 

 

«A realizadora começou a sua pesquisa sobre os temas que irá abordar no pequeno filme que pretende realizar. As filmagens irão só começar no próximo mês de Julho, mas são já muitos os temas pelos quais a realizadora se sentiu inspirada», diz a Scaiena.

Cláudia Soares, coordenadora de comunicação e sensibilização da Sciaena, refere que «o que diferencia a Sciaena e a torna uma ONG do século XXI é esta forma menos convencional de consciencializar para a conservação marinha».

«A ideia por trás do Mar Motto é essa mesma, usar a arte em todas as suas dimensões seja pintura, fotografia, filme ou outras, como forma para sensibilizar sobre os problemas que os nossos oceanos enfrentam de forma mais descontraída e acessível a todos os estratos da sociedade», acrescenta.

Já a autarquia farense, reforçou a importância destas intervenções terem uma relação direta com a identidade cultural da ilha. O trabalho promovido por estes artistas, poderá contribuir para o desenvolvimento sustentável, artístico e social da Ilha da Culatra, apenas se garantir o envolvimento direto das suas comunidades.

A exposição do evento Mar Motto estará patente até ao dia 6 de Julho, na Antiga Fábrica da Cerveja em Faro, com entrada gratuita e nesta podem ser vistas peças de 17 artistas portugueses que foram desafiados a deixarem a criatividade fluir e criarem obras que levem os portugueses a pensar sobre a importância da proteção do mar e suas espécies.

Um dos objetivos do evento é angariar fundos para as atividades de sensibilização sobre a temática da preservação dos Oceanos levadas a cabo pela Sciaena.

 

Comentários

pub