Festival de Jazz «gourmet em toda a linha» começa amanhã em Lagos

Hugo Alves falou sobre um festival que tem um «programa gourmet em toda a linha»

Hugo Alves, trompetista, diretor artístico do festival

A terceira edição do festival Algarve Jazz Gourmet Moments começa amanhã, dia 24, a sua vertente de concertos no Centro Cultural de Lagos, com a atuação de Benny Goldson, «nome incontornável» do panorama jazzístico mundial, que inicia na cidade algarvia a sua tournée pela Europa.

Até 26 de Maio, vão ainda passar pelo palco do CC Lagos, o nova-iorquino Peter Cincotti e o brasileiro Ed Motta.

No primeiro concerto, a Benny Goldson juntam-se ainda a pianista e cantora Dena DeRose, candidata a um Grammy, e ainda a Orquestra de Jazz do Algarve, dirigida por Hugo Alves.

Se é daqueles que ainda não comprou bilhete, saiba que apenas para o concerto de Peter Cincotti há ainda alguns disponíveis. As atuações de Benny Goldson e de Ed Motta têm sala há muito esgotada.

Hugo Alves, responsável pela organização e direção artística do festival, garante: «temos um programa gourmet em toda a linha», com uma programação «de nível mundial».

É essa qualidade – que se estende à vertente gourmet do festival, como veremos mais à frente – que garante que o público tenha «mais estrangeiros que portugueses», com espectadores a vir «de várias partes do país», mas também «muitos espanhóis, andaluzes, desde perto da fronteira até Sevilha», e ainda «muitos estrangeiros residentes e, claro, turistas».

«Temos um Plano de Marketing direcionado para todos estes públicos-alvo», diz Hugo Alves, o que, a par da qualidade da programação, explica que «a quinze dias do primeiro concerto, já estivesse tudo quase esgotado».

Um dos «pilares estratégicos» da campanha de marketing do Algarve Jazz Gourmet é o canal Mezzo. «Temos um spot, produzido totalmente pelo Mezzo, que passa oito a doze vezes por dia nesse canal e que chega a 63 países. Esse spot alterna imagens de Lagos, com outras do próprio festival, por isso é um extraordinário cartão de visita para fora do país. Não tenho dúvidas que também nos traz espectadores e clientes».

 

 

E porquê escolher Lagos para este Festival, que até tinha começado, há três anos, em Albufeira? «Tentámos perceber, na região, onde é que este festival poderia funcionar melhor. Lagos reunia condições especiais: é uma cidade mais condensada, tem um centro histórico bonito, uma oferta de alta qualidade a nível da restauração e também condições técnicas para os concertos no Centro Cultural de Lagos», responde Hugo Alves, que não esconde que a primeira aposta, em Albufeira, não correu «nada bem».

Além disso, acrescenta o músico, «Lagos é uma cidade muito ligada ao jazz e não só por ter sido o local de fundação da Orquestra de Jazz do Algarve. Já há muitos anos que tinha clubes de jazz, o primeiro surgiu em 1971».

Para mais, o Centro Cultural de Lagos, com os seus 300 lugares, é uma sala com «a dimensão adequada para este género de concertos».

E se o jazz é, obviamente, o aspeto principal, o que significa o gourmet do nome da iniciativa? Hugo Alves responde que os «concertos e restaurantes ligados ao festival têm todos a mesma linha», já que este «não é um evento de massas, mas sim de grande qualidade». O que a organização quer, com o apoio do 365Algarve e da Câmara de Lagos, é garantir «uma oferta para aumentar a qualidade do turismo, num setting de grande qualidade que é Lagos».

É que, frisa o diretor artístico do festival, «há aqui um verdadeiro conceito gourmet: Lagos tem centenas de restaurantes, mas fomos escolher quem é que poderia adequar-se ao nosso projeto e estar interessado em participar». Ao todo, há 17 dos melhores restaurantes do concelho que aderiram e que já começaram a trabalhar a vertente gourmet do festival nas duas semanas anteriores aos três dias de concertos.

Participam «chefs de nível internacional, portugueses ou não, que valorizam os produtos nacionais e regionais e particularmente o vinho do Algarve», que são obrigatórios nas ementas propositadamente preparadas (e com preços especiais) para o Algarve Jazz Gourmet. Para garantir a ligação entre a vertente gourmet e a musical, ao longo desta semana, todos os restaurantes acolheram «um concerto intimista» de smooth jazz.

 

 

Quanto aos concertos de amanhã, sábado e domingo, Hugo Alves revela que, para preparar a programação, usou a «linha comum a todos os festivais em que tenho feito direção artística, não só o Lagos Jazz, mas em Espanha ou Itália: ir à procura de coisas diferentes que mostrem diferentes visões sobre esta música, não precisa ser jazz puro e duro, podem ser fusões»

De tal forma que, garante Hugo Alves, «se alguém for ver os três concertos, não se vai aborrecer, porque vai ver sempre coisas diferentes».

Como já se viu, o Algarve Jazz Gourmet começa esta sexta-feira à noite, com Benny Goldson, na tournée do seu 90º aniversário. «O Benny está com esta tenra idade, mas continua a fazer coisas incríveis». Ainda há cerca de um mês esteve «numa universidade americana a dar um workshop e a tocar com eles».

Benny Goldson será acompanhado pela Orquestra de Jazz do Algarve, o que tem exigido muito trabalho prévio por parte dos músicos da formação algarvia. «Com o Benny, precisamos de outro tipo de atenção. Ele é o pai de nós todos, músicos de jazz», diz Hugo Alves, com reverência.

No segundo dia, chega Peter Cincotti que, apesar de ser nova-iorquino, «vem propositadamente de Miami para este festival». O seu concerto – o único para o qual ainda há bilhetes – irá passar por «standards, cancioneiro tradicional americano e também pegadas em sonoridades mais modernas, mais pop, de fusão». Em Portugal, Cincotti só atuou «uma ou duas vezes». E vai trazer com ele «uma grande banda», por isso Hugo Alves lança o convite às pessoas para que vão até Lagos ouvi-lo.

Finalmente, no domingo, dia 26, o palco do Centro Cultural de Lagos será pisado pelo grande Ed Motta, que o diretor artístico do festival apresenta como «um nome incontornável da música brasileira, sem ser MPB».

«Considerado um músico de culto, inesgotável compositor, um incansável descobridor de formas, um criador que não reconhece nenhum limite», esta é a primeira vez que Ed Motta se apresenta no Algarve.

Em resumo: três dias de boa «Música com M grande», bem acompanhada por uma vertente gastronómica, a atrair a Lagos centenas de pessoas, na sua maioria estrangeiros, numa das iniciativas que fecha esta terceira temporada da programação com a chancela 365Algarve.

 

Fotos: Rodrigo Damasceno | Sul Informação

 

 

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