Portimão presta homenagem às mulheres que resistiram à ditadura

Esta será a forma de Portimão assinalar o Dia Internacional da Mulher

Postal de Maria Keil – Direitos Reservados:  Centro de Documentação 25 de Abril, Universidade de Coimbra

“A Resistência no feminino: arte e narrativa das insurgentes algarvias” é o tema da conferência da investigadora Maria João Raminhos Duarte, agendada para 8 de Março, às 18h00, no Café Concerto do TEMPO – Teatro Municipal de Portimão.

Esta será a forma de Portimão assinalar o Dia Internacional da Mulher, «recordando as mulheres algarvias que se opuseram ao regime ditatorial e que durante tanto tempo foram esquecidas e estiveram na sombra da História».

Segundo a Câmara portimonense, será também «um momento por excelência para abordar diferentes histórias de vida e revelar o papel dos diversos tipos de oposição conduzida pelas mulheres em relação ao Estado Novo».

No Algarve, tal como no resto do país, esta oposição/resistência relacionava-se com fatores particulares de pertença social e económica do universo feminino: as mulheres assalariadas (operárias, costureiras, etc.), as mulheres militantes do PCP, nos bastidores da clandestinidade, e as que provinham da burguesia republicana e com estudos, de elites que congregavam as mulheres das classes sociais mais elevadas (professoras, artistas, médicas).

Por esta ocasião, o Município de Portimão irá homenagear mulheres que se notabilizaram na resistência à ditadura, tomando como paradigma desses grupos diversos Margarida Tengarrinha, Isaura Borges Coelho, Regina Águedo Serrano e Madalena Gracias.

«Ao reconhecer publicamente estas mulheres, o Município pretende ver representadas muitas outras mulheres que se evidenciaram na luta pelos direitos das mulheres e pela liberdade e que esta homenagem, devida e póstuma, as inscreva definitivamente na nossa memória coletiva», salienta a autarquia.

Quem foram as «companheiras» algarvias?; Qual foi o seu contributo à oposição e resistência do regime ditatorial? serão algumas das questões aprofundadas na conferência de Maria João Raminhos Duarte.

«Demorada ou episodicamente, as mulheres referidas ao longo desta conferência marcaram a sua oposição, de uma forma ou de outra, ao regime salazarista: apoiando as candidaturas de Norton de Matos, de Ruy Luís Gomes, de Humberto Delgado e da CDE, na clandestinidade, nas lutas académicas, na luta armada, no exílio e em uma série de atividades de cobertura e apoio. No seu conjunto, por caminhos diversos, partilharam uma trajetória de luta contra o regime ditatorial, pertenceram a organizações antifascistas unitárias, criaram movimentos e grupos femininos, simpatizaram ou militaram no PCP, e todas foram vigiadas, quando não perseguidas», explica ainda a Câmara, em nota de imprensa.

 

Quem é Maria João Raminhos Duarte

Filha de pais silvenses, nasceu em Moçambique em 1959. É doutorada em História pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.

Publicou “Portimão, industriais conserveiros na 1ª metade do séc. XX”; “João Rosa Beatriz. Esboço de uma biografia política”; “José Rodrigues Vitoriano: o «operário construído»”; “Presos políticos algarvios em Angra do Heroísmo e no Tarrafal” e a sua tese de doutoramento “Silves e o Algarve, uma História da Oposição à Ditadura”.

No âmbito das Comemorações do Centenário da República e do 150º aniversário de Manuel Teixeira Gomes, colaborou em “Portimão e a Revolução Republicana”, obra coordenada por José Tengarrinha.

Em 2016, no âmbito do 75º aniversário do Lar da Criança de Portimão, publicou “Lar da Criança de Portimão: a utopia de um colo”.

Tem um vasto currículo, com artigos publicados e conferências no âmbito da História local e regional algarvia contemporânea, nomeadamente sobre os industriais conserveiros, o movimento operário corticeiro e conserveiro, o regionalismo algarvio, a instituição do Estado Novo, a oposição ao Estado Novo, os movimentos femininos, a educação e assistência, a implantação do regime democrático, além de inúmeros e relevantes contributos biográficos de História Contemporânea algarvia.

É investigadora associada do Grupo de Estudos do Trabalho e dos Conflitos Sociais do IHC, doutorada integrada do Instituto de História Contemporânea/Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa e formadora acreditada pelo Conselho Científico-Pedagógico da Formação Contínua da Universidade do Minho.

É docente na Escola E.B. 2,3 Eng. Nuno Mergulhão e professora auxiliar no Instituto Superior Manuel Teixeira Gomes (ISMAT), em Portimão.

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