Laranja algarvia pode chegar à China em 2019

Visita do Presidente Xi Jinping pode ajudar a «abrir os olhos dos empresários portugueses para a oportunidade que é o mercado chinês»

A laranja algarvia pode chegar ao mercado chinês já no primeiro semestre de 2019. A empresa algarvia Open China, que tem como objetivo servir de elo comercial entre a China e Portugal, «está a voltar à carga para tentar exportar laranja do Algarve», aproveitando o interesse crescente dos consumidores chineses nos produtos ocidentais.

Ricardo Mariano, CEO da Open China, diz estar «convencido que, no primeiro semestre de 2019, vamos conseguir ter laranja algarvia na China. Vamos começar por exportar para Hong Kong, que é mais fácil burocraticamente, onde estamos agora a fechar um acordo com um importador. Depois, pretendemos chegar à China. É a terceira vez que estamos a tentar».

Além das laranjas, «estamos também a fazer uma aposta de exportação de matérias primas recicladas. A China está proibida de importar lixo, há grandes restrições, e estão a ficar sem matéria prima, porque não existem hábitos de reciclagem. É uma questão cultural. Por isso, estamos a apostar também na exportação deste tipo de materiais».

O empresário de Faro quer ainda levar vinhos algarvios até à China, uma vez que «vamos convidar, em breve, algumas empresas da área dos vinhos para se juntarem à Open China. A ideia é fazermos apresentações em duas feiras deste setor, nas cidades de Shenzhen e Guangzhou».

Ricardo Mariano

Segundo Ricardo Mariano, que visita regularmente o país mais populoso do mundo, «a China está a valorizar, cada vez mais, o produto ocidental e o consumidor chinês está muito aberto à compra. A zona que está identificada, nos supermercados, com produtos do exterior, tem aumentado e os corredores são cada vez maiores», conta.

Sobre a visita de Xi Jinping a Portugal, que terminou esta quarta-feira, Ricardo Mariano considera que «a presença do presidente da China aqui pode abrir os olhos e as portas aos empresários portugueses. A China é uma oportunidade do ponto de vista da exportação, carece é de muito trabalho, investimento e capacidade de adaptação».

O CEO da Open China explica que «um empresário português não pode dizer que vai exportar para a China. Pode, quando muito, exportar para um distrito, que não é mais que um bairro de grandes dimensões. Por exemplo, Shenzhen, onde temos a nossa sede na China, tem cerca de 14 milhões de habitantes divididos por cinco distritos, cada um com cerca de três milhões de habitantes. Por isso, por uma questão de escala e de capacidade de fornecimento de produtos, tem que se pensar nisto».

Além disso, acrescenta Ricardo Mariano, «é preciso é que os empresários percebam que não se entra de qualquer maneira no mercado chinês. É preciso dar a cara. Na China, dá-se muito valor ao contacto pessoal, cara a cara. Sinto muito isso quando vou lá. É óbvio que isto é assim para as importações, porque com as exportações de lá, é tudo muito mais fácil».

O empresário explica ainda que «há duas faces distintas em relação ao interesse chinês em Portugal: durante a crise, os chineses viam Portugal como uma oportunidade para comprar aos desbarato e fizeram várias aquisições, que são públicas, nomeadamente ao nível do imobiliário. No entanto, hoje em dia, recebemos contactos de outras áreas de negócio, além dos setores mais associados ao mercado chinês, como o comércio e a restauração».

No entanto, alerta Ricardo Mariano, «fala-se muito da relação entre a China e Portugal, agora com a presença do presidente aqui, mas esta relação não está a ser construída só connosco. Não somos campeões de nada nas relações com a China. Somos apenas mais uns a aproveitar esta situação», conclui o empresário farense.

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