Câmara homenageia os doadores e guardiões do Património de Loulé

Cerimónia pretende «homenagear, valorizar, estimar e respeitar» doadores e guardiões pelos seus atos, «para que outros aprendam com este excecional exemplo de cidadania»

Uns doaram centenas, se não milhares, de peças arqueológicas que hoje fazem parte do acervo do Museu Municipal de Loulé. Outros zelaram pelos locais onde ainda existem fragmentos da memória, alguns são donos das verdadeiras cápsulas do tempo que são os mais de 160 sítios arqueológicos do concelho. Todos serão homenageados pela Câmara de Loulé este sábado, dia 29 de Setembro, às 15h00, numa cerimónia no Salão Nobre dos Paços do Concelho, realizada nas Jornadas Europeias do Património.

Além dos homenageados, a sessão contará com a presença do Comissário Nacional do Ano Europeu do Património Cultural, Guilherme d’Oliveira Martins, do diretor do Museu Nacional de Arqueologia, António Carvalho, e o presidente da Câmara Vítor Aleixo.

Inserida na exposição “LOULÉ. Territórios, Memórias, Identidades”, o núcleo «Identidades», da autoria de Pedro Barros, «regista mais de quarenta louletanos singulares, cidadãos anónimos, que têm o seu nome, como sinónimo, o Museu. Todos nos surpreendem pela singularidade e sensibilidade», explica o Museu de Loulé.

Esta informação e este «contributo para a criação de conhecimento científico e parte da história de Loulé são essenciais, de outra forma estariam irremediavelmente perdidos».

Por isso, a cerimónia pretende «homenagear, valorizar, estimar e respeitá-los pelos seus atos, para que outros aprendam com este excecional exemplo de cidadania».

Ou, como explica o arqueólogo Pedro Barros no catálogo da exposição, criou-se uma «memória visual, dando rosto ao que era apenas uma lista de nomes num livro de registos».

Alguns destes doadores e guardiões já desapareceram, mas muitos estão ainda vivos. «Todos: umas Marias outros Manuéis, uns Guerreiros e outros Martins, uns de cá e outros que cá ficaram, uns com bigode serrano e outros com ar gingão, uns conhecidos de todos e outros conhecidos entre eles, uns mais novos, outros com mais memórias, uns mais receosos, outros mais disponíveis, uns sorrindo, outros transbordando felicidade. De todos, recebemos pedaços da história local, regional, nacional e todos, todos são Loulé», acrescenta o arqueólogo.

Ainda no âmbito das Jornadas Europeias do Património, o Museu Municipal de Loulé programou outras atividades:

>Uma caminhada cultural arqueológica no Centro Histórico de Loulé integrada no ciclo “Património ao Luar”, esta quinta-feira, dia 27 de Setembro, às 21h00, com início na sede do Museu Municipal de Loulé (inscrições já esgotadas);

Uma conferência sobre “A escrita do Sudoeste” por um dos comissários da exposição “LOULÉ: Territórios, Memórias e Identidades”, Amílcar Guerra, do Centro de Arqueologia da Universidade de Lisboa (UNIARQ), amanhã, dia 28, às 18h00, na sala polivalente do Museu Municipal de Loulé;

Uma edição especial do programa “Famílias no Museu” com a construção do Jogo do Moinho, no dia 30 de Setembro, às 16h00, no Convento do Espírito Santo;

>E um “Laboratório da Memória” dedicado às “Histórias que vêm do mar”, onde se pretende que os quarteirenses ajudem a construir as memórias de Quarteira, no dia 1 de Outubro, às 18h00, no Centro Autárquico de Quarteira.

Estas atividades são realizadas no âmbito da exposição “LOULÉ. Territórios, Memórias, Identidades”.
A mostra, patente no Museu Nacional de Arqueologia, em Lisboa, já foi vista por mais de 230 mil pessoas. Apresenta mais de 7 mil anos de história do concelho, revela costumes, hábitos alimentares e a vida quotidiana das várias civilizações que por ali passaram através de peças arqueológicas.

“LOULÉ. Territórios, Memórias, Identidades” é, em matéria da Arqueologia, uma espécie de “Portugal em miniatura” que espelha a história de Portugal, da Península Ibérica e da Europa. Um verdadeiro ponto de partida para uma viagem obrigatória até Loulé para descobrir o concelho e os seus segredos mais bem guardados, como o sítio de Corte João Marques, a escrita do Sudoeste, o Cerro da Vila, o Castelo de Salir e o centro histórico da cidade.

É o resultado de 15 meses de preparação, 12 comissários científicos e executivos, 40 autores de textos, 1200 bens arqueológicos inventariados, 504 peças expostas, 166 peças restauradas, 154 sítios arqueológicos georreferenciados num sistema de informação geográfica, parceria com 11 instituições, 54 técnicos envolvidos, contributo de mais de 20 profissões, entre tantos outros números.

A exposição foi galardoada pela Associação Portuguesa de Museologia que distingue o melhor da museologia em Portugal, com os Prémios APOM-2018 (relativos a 2017), nas categorias, de “Melhor Parceria” e de “Melhor Catálogo”, e teve ainda uma Menção Honrosa na área da “Educação e Mediação Cultural”.

“LOULÉ. Territórios, Memórias, Identidades” é uma exposição criada de forma integrada para a valorização de um território e do seu património cultural, promovendo o reforço de uma identidade junto das suas comunidades.

A mostra é uma iniciativa conjunta dos Museus Nacional de Arqueologia e Municipal de Loulé, com o apoio da Lusitânia Seguros, da Imprensa Nacional da Casa da Moeda e do 365 Algarve.

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