Rui Rio diz que há «responsabilidade política» no incêndio de Monchique

Rui Rio considera mesmo que «acabou por haver meios a mais, dada a incapacidade de articulação»

«Há responsabilidade política» no grande fogo de Monchique, «em tudo o que antecede o incêndio, nos meses antes, na incapacidade de organizar os organismos que têm a obrigação de, competentemente, combater os incêndios», acusou hoje Rui Rio, presidente do PSD, na sua visita a Monchique.

O líder nacional dos social-democratas, em declarações aos jornalistas depois de uma reunião de várias horas, à porta fechada, com o presidente da Câmara de Monchique, deputados e outros responsáveis políticos, afirmou que «houve aqui um conjunto de meios de combate como nunca terá havido na história de Portugal», mas depois houve uma «completa incapacidade em articular esses meios».

Rui Rio considera mesmo que «acabou por haver meios a mais, dada a incapacidade de articulação».

Segundo o presidente do PSD, a questão é que «não houve, ao longo dos anos, a preparação devida, da floresta, do terreno. Não se fez o que deveria ter sido feito para que isto não acontecesse. Já aconteceu há 15 anos e voltou a repetir-se».

«Particularmente, no último ano, depois de Pedrógão e justamente porque Monchique estava sinalizado, não se fez o que devia ter sido feito para evitar o que aconteceu».

Questionado pelos jornalistas sobre se estava também a criticar o anterior Governo PSD/CDS, o dirigente social-democrata negou, dizendo que uma das primeiras medidas do atual executivo foi mudar todos os comandos da Proteção Civil.

Rui Rio também se referiu aos alegados «exageros» da GNR na retirada de pessoas das zonas em perigo, falando de «abusos no tratamento das pessoas» que lhe foram reportados na reunião que manteve esta tarde em Monchique.

Admitindo que isso aconteceu «na ânsia de não haver mortes», por isso com um «objetivo nobre», considerou que «as pessoas também têm de ser tratadas com dignidade».

Quanto ao facto de só agora, 20 dias depois de terminado o incêndio, estar a visitar o concelho mais afetado, o de Monchique, Rui Rio disse que «o presicente do PSD não fala, mas não fala mesmo!, com as casas a arder, a mata a arder, as pessoas a sofrerem» porque «respeita as pessoas».

«Quando está a arder, o PSD só não ajuda se não puder, não faz oposição», garantiu. «Clarinho como água, é a minha maneira de ser e não muda!»

«Depois de as coisas acabarem, ficamos então em condições de fazer algum balanço. Falar sem conhecimento de causa, não! Falar em cima do acontecimento é que não!».

E qual é a opinião do líder do principal partido da oposição em relação às medidas de apoios às populações, produtores florestais e agricultores já anunciadas pelo Governo?

Rui Rio respondeu que a questão não está nas medidas – «nenhum Governo anuncia medidas que não são boas» – mas na sua aplicação. A questão é: «a partir de agora, uma vez anunciadas as medidas, qual a consequência e a forma de atuação no terreno».

«Vão ou não, as pessoas afetadas, conseguir ver os apoios de forma mais eficaz, mais célere e mais justa do que aquilo que está a acontecer relativamente a 2017?», interrogou.

Depois de ter estado reunido durante mais de três horas com Rui André, autarca social-democrata de Monchique, Rui Rio e comitiva ainda visitaram a cooperativa de agricultura e produtores de medronho, na vila, tendo depois seguido para Alferce.

 

Fotos: Nuno Costa | Sul Informação

 

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