Feira Medieval de Silves também estimula o associativismo local

Feira Medieval de Silves é oportunidade para associações divulgarem o seu trabalho, que muitas vezes pode passar despercebido num concelho tão grande

Percutunes em ação na Feira Medieval – Foto: Martyna Mazurek | Sul Informação

A Feira Medieval de Silves é também um espaço para que as associações locais possam estar presentes, estimulando os seus associados para o trabalho voluntário e assim ajudando a angariar fundos, para que, ao longo do ano, tenham a possibilidade de pôr de pé os seus projetos, com fundos próprios.

Muitas são as coletividades que participam no evento: Silves Futebol Clube, Sociedade Filarmónica Silvense, União Desportiva Messinense Futebol Clube, Agrupamentos do Corpo Nacional de Escutas, Casa do Povo de São Bartolomeu de Messines, Extremo Sul, Grupo Desportivo e Cultural do Enxerim e, ainda, as corporações dos Bombeiros Voluntários de Silves e de São Bartolomeu de Messines.

Duas das associações que estão presentes no evento há muito tempo, em âmbitos distintos, são a Associação Amigos da Pedreira (AAP) e a Orquestra de Percussão Percutunes.

Piedade Neto, presidente da AAP, conta que há já 10 anos que a sua associação integra este evento. Todos os anos montam uma Taberna, que se localiza junto à Catedral de Silves, e trabalham arduamente para poderem «agradar às pessoas» que ali vão comer.

Muitos dos associados «que trabalham durante a noite na feira, trabalham no dia seguinte nos seus empregos, o que, por vezes, se torna muito cansativo, mas também se torna muito gratificante chegar ao fim dos 10 dias e atingirmos os nossos objetivos», explicou.

São cerca de duas dezenas de sócios da AAP que estão envolvidas nesta participação. «Uns fazem a comida (sopa, migas, carne à portuguesa) em casa e depois levam para feira», explica Piedade Neto.

«Outros assam a carne na Feira, outros servem ao balcão, outros fazem os pedidos, outros lavam a louça, outros fazem os pratos, enfim todos estão permanentemente ocupados», acrescenta.

O trabalho começa cerca de três meses antes da data de início da Feira. Nessa altura, os membros da Associação Amigos da Pedreira reúnem-se «para elaborar a ementa e fazer a inscrição. Mais tarde, voltamos a reunir-nos para saber quais as pessoas que estão disponíveis para trabalhar e elaboramos um plano de trabalho», diz a presidente.

Depois disso, «mãos à obra»: durante 10 dias servem iguarias a todos os que os procurem e os queiram ajudar, fazendo uma refeição na sua Taberna.

A Orquestra de Percussão Percutunes também já participa há oito anos na Feira Medieval de Silves. Composta por jovens entre os 8 e 18 anos («muitos dos jovens mais velhos que ainda fazem parte do grupo participam na Feira desde os seus oito anos», conta Diogo Soares, o coordenador desta orquestra), este agrupamento musical anima as noites da festa e traz os sons dos tambores e das caixas às ruas de Silves. São sons aprimorados ao longo do ano pelos cerca de 15 elementos que compõem esta formação.

«Vamos atuando ao longo dos dias na feira, nos diversos pontos mapeados pela organização, todos os dias acompanhados por pais e/ou dirigentes da associação, que ajudam os mais novos a transportar instrumentos, garantem que todos têm águas e dão suporte ao grupo nas atuações», explica Diogo Soares.

Nem sempre é fácil percorrer as ruas apertadas, inclinadas e cheias de visitantes que formam o perímetro: «o principal desafio ao longo da Feira Medieval é o percurso que tem que ser feito entre atuações, pois, em certos dias, quando o recinto está cheio, é bastante complicado percorrê-lo com todos os instrumentos», conta o jovem músico.

Esta associação é mais um exemplo daquilo que acontece nas coletividades, como revela Diogo Soares: «a nossa associação vive exatamente do voluntariado e disponibilidade dos seus membros. Sem eles, nada do que foi feito até hoje teria sido possível».

Por isso, diz, a «participação na feira é preparada reunindo a disponibilidade de todos os elementos e conjugando com a forma de assegurar a melhor prestação em cada dia».

Depois, este trabalho dá frutos: «para a nossa Orquestra, participar na Feira vem desde há muito sendo vantajoso, pois dá-nos a possibilidade de contacto com um público diferente, visto que a Feira Medieval é visitada por turistas de todos os pontos do país e até de fora do país. Já tivemos muitos contactos para atuações que surgiram através da Feira Medieval!»

A presidente da Associação Amigos da Pedreira reforça a importância desta participação, salientando que se dão «a conhecer» e também angariam «mais alguns fundos para poderem desenvolver as atividades», considerando este esforço «vantajoso». Diogo Soares concorda: «a participação de grupos e associações locais neste tipo de eventos é altamente importante, pois, dada a dimensão atual da Feira Medieval de Silves, é uma ótima oportunidade que têm para poder divulgar o seu trabalho, que muitas vezes pode passar despercebido num concelho tão grande como o nosso».

E o sucesso deste evento acontece, na opinião destes dirigentes associativos, «porque a autarquia tem feito, ao longo destes anos, um bom trabalho, tanto na organização, como na publicidade do evento», diz Piedade Neto.

Diogo Soares reforça: «a Feira Medieval tornou-se o sucesso que é hoje muito graças a todo o ambiente que é criado ao longo dos vários dias e de toda a experiência que é proporcionada aos visitantes».

Ambos salientam a colaboração e a qualidade do trabalho de todos os que estão envolvidos no evento – «grupos de animação, artesãos e vendedores, que tentam retratar a época medieval, entusiasmando os visitantes», diz Diogo Soares – e sem ao quais a Feira Medieval de Silves não seria possível.

«Este é o verdadeiro espírito deste evento», salienta Rosa Palma, presidente da Câmara Municipal de Silves. «A Feira vive das pessoas que a amam e que amam a sua terra, a sua história e por ela tudo fazem. A Feira Medieval de Silves tem essa forte componente, que a transforma num espaço único de vivências, não apenas para os visitantes, mas para todos os que nela trabalham», diz.

Por isso mesmo, a Feira Medieval de Silves é um «evento de afetos e de pessoas que os vivem e partilham, em 10 dias de festa e de uma verdadeira viagem no tempo».

Comentários

pub