Obras de urgência na EN125 são «de fachada» e «um desrespeito pelos algarvios do Sotavento»

As Câmaras de Vila Real de Santo António e de Castro Marim e o Movimento de Cidadania dos Utentes da […]

Zona da interseção da Retur

As Câmaras de Vila Real de Santo António e de Castro Marim e o Movimento de Cidadania dos Utentes da EN125 – Sotavento consideraram que a anunciada intervenção de urgência nesta Estrada Nacional é «uma obra de fachada e revela falta de respeito pelos algarvios do Sotavento», numa tomada de posição conjunta.

Os presidentes das duas autarquias reuniram-se esta segunda-feira à tarde com os representantes do movimento, horas depois do secretário de Estado das Infraestruturas Guilherme d’Oliveira Martins ter anunciado que vão ser realizadas «obras de emergência» na EN125 já a partir de Maio, que serão concluídas antes do Verão, bem como uma «intervenção estruturada», de fundo, a partir de 2019.

Para os signatários da posição conjunta, o anúncio das obras constitui «um claro desrespeito» pelas populações e «não irá resolver nenhum dos problemas estruturais a que a via chegou nos últimos anos».

«Para as três entidades, a obra de urgência chega tarde e já deveria ter sido realizada há vários anos. Acresce o facto de a mesma ocorrer já em pleno Verão, com todos os prejuízos que daí advirão para a atividade turística, moradores e comércio», acrescentam.

No que toca a prazos, Guilherme d’Oliveira Martins garantiu que a obra – que será dividida em três empreitadas – será concluída «antes do Verão». Mas, tendo em conta os prazos que foram dados pela Infraestruturas de Portugal, a entidade responsável pela intervenção, os trabalhos começam na segunda quinzena de Maio e demorarão 45 dias. Ou seja, só em Julho é que a obra estará concluída (na melhor das hipóteses).

Para as três entidades, «o facto de a estrada ter chegado a este ponto mostra que quer a concessionária, quer o Governo se demitiram de cumprir as suas obrigações básicas em reparar a via».

A mesma ideia já havia sido avançada ontem pelo presidente da Câmara de Castro Marim Francisco Amaral, em declarações aos jornalistas, momentos depois de ter estado reunido com o secretário de Estado das Infraestruturas, numa reunião na AMAL – Comunidade Intermunicipal do Algarve.

«Estou convencido que uma intervenção ligeira como a que vai ser feita agora, de tapar buracos e pintar a estrada, já podia ter sido feita há muito tempo», disse.

Outra questão levantada ontem e reforçada na posição conjunta é a distribuição das verbas destinadas à intervenção. O movimento de cidadania diz não compreender «o porquê de mais de metade do milhão de euros anunciado para obras de emergência ser destinado à reparação da ponte do Almargem, em Tavira, enquanto o restante fatia será repartida para obras em Silves, Loulé e no Sotavento».

A plataforma de autarcas e o movimento de cidadania «vão solicitar ao Governo, com caráter de urgência, toda a documentação relacionada com a renegociação do contrato de requalificação da EN 125 entre Olhão e VRSA e exigir a apresentação da calendarização detalhada do mapa de trabalhos e dos ajustes diretos já concretizados pela Infraestruturas de Portugal».

Entretanto, também o PSD, o partido pelo qual foram eleitos os dois presidentes de Câmara que assinam a posição, veio a público defender que as obras anunciadas «são apenas uma maquilhagem, um exercício superficial que não elimina os problemas de fundo que se registam».

Os social-democratas acusam o Governo de ter adiado a obra, por um lado, para reduzir os níveis de endividamento público e, por outro, «fazer coincidir a requalificação da EN 125 Olhão – VRSA com as eleições de 2019, o que não é mais que uma grosseira encenação».

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