Tradição da Festa da Pinha de Estoi retratada em exposição de fotografia

A exposição de fotografia “Festa da Pinha”, com textos de Laura Carlos e fotografias de Laura Carlos e Pedro Barros, […]

Festa da PinhaA exposição de fotografia “Festa da Pinha”, com textos de Laura Carlos e fotografias de Laura Carlos e Pedro Barros, começou por mostrar-se ao ar livre no Largo da Liberdade, em Estoi, nos dias 1 e 2 de Maio, numa espécie de regresso às origens. É que é daí que parte a Festa e precisamente por esses dias.

Agora, até 30 de Setembro, a mostra pode ser vista na Delegação de Estoi da União de Freguesias de Conceição e Estoi (Faro).

A exposição pretende valorizar a Festa da Pinha, ilustrando alguns dos seus pontos altos, através de fotografias a cores e a preto e branco, registadas entre os anos de 2010 e 2015. Aqui podem ser observados os pormenores, fruto da criatividade individual e coletiva, que dão um aspeto único e peculiar a esta manifestação.

A exposição «apresenta-se ainda com um cariz documental, tendo como objetivo promover a salvaguarda e a valorização desta importante manifestação de Património Cultural Imaterial do Algarve», salienta os seus autores.

A Festa da Pinha, também denominada por Festa da Nossa Senhora do Pé da Cruz ou Festa dos Almocreves, é «um património cultural imaterial de inegável valor, sobretudo para a gentes da aldeia de Estoi que mantem viva a tradição d’A Pinha com fervor e orgulho».

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Exposição da Festa da Pinha, ao ar livre, no largo de Estoi

No dia 2 de Maio, em Estoi (Faro), realiza-se a tradicional e popular romaria dedicada à Nossa Senhora do Pé da Cruz. A celebração que se pensa ter uma origem multissecular, é em honra dos antepassados, os almocreves que faziam o percurso entre Algarve e Baixo-Alentejo, para trocas comerciais, e no seu regresso agradeciam a jornada segura e o sucesso dos negócios efetuados.

Os preparativos para a Festa começam dias antes e, no dia 1 de Maio, “Ataca-se o Maio” e cumpre-se a tradição dos “Maios”, acordando a aldeia toda aperaltada.

A tarde é dedicada à preparação dos animais e ao enfeitar dos veículos para o cortejo do dia seguinte. A 2 de maio, acontece a Festa. Aquela que outrora era singela e reservada a homens, é atualmente uma romaria, na qual participam centenas de pessoas trajadas a rigor, sem restrição de género ou idade.

O percurso é feito a cavalo, em veículos de tração animal ou em tratores com atrelados, enfeitados com vegetação, flores e versos dedicados à “Pinha”.

Logo pela manhã, após bênção do sacerdote, saem do picadeiro da aldeia rumo ao pinhal do Ludo, lugar onde realizam um piquenique de confraternização.

As abarcas, os puxos de corda e baile fazem parte do convívio. Ao final da tarde regressam à aldeia onde chegam pelo cair da noite.

À entrada, no Coiro da Burra, os romeiros prosseguem à luz dos archotes em mãos e de fogo-de-artifício, anunciando a sua chegada.

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Uma das fotos da exposição

A romaria transforma-se num desfile exuberante de alegria, luz e cores, acompanhadas de Vivas à Pinha, Vivas aos Almocreves e Vivas à Nossa Senhora do Pé da Cruz.

No final, agradecem à sua padroeira que os espera na ermida enfeitada, com as portas abertas e com uma grande fogueira à entrada, para a qual os romeiros atiram o molho das ervas aromáticas que trouxeram do Ludo.

A Festa mais tradicional e característica da aldeia de Estoi termina com uma celebração religiosa, no dia 3, dia da Invenção da Santa Cruz, antes organizada com pompa e circunstância pela Confraria da Nossa Senhora de ao Pé da Cruz, em finais do séc. XIX.

A exposição conta com o apoio da União das Freguesias de Conceição e Estoi e da Direção Regional de Cultural do Algarve, podendo ser visitada até 30 de Setembro, na Delegação de Estoi da União das Freguesias (antigo edifício do mercado – Largo Ossónoba, 71), de Segunda a Sexta, das 9h00 às 12h00 e das 14h00 às 18h00.

 

Os Autores:

Coordenação, texto e fotografia:
Laura Carlos é licenciada em Design pela Universidade do Algarve, Mestre em Gestão Cultural pela Universidade do Algarve, com a dissertação intitulada “Manifestação Cultural – Alterações ao longo do tempo, Estudo de Caso – Festa da Pinha” (2011-2013).

Fotografia:
Pedro Barros exerce a profissão de arqueólogo na Direção Geral do Património Cultural. Desde 1996, além de ter ilustrado artigos sobre Património Cultural, conta com exposições individuais temáticas, onde se destacam “Algarve Doce” e “Cortiça” (organizadas pelo Museu do Traje de São Brás de Alportel).

Os autores, em 2014, no Largo da Liberdade, em Estoi, já realizaram uma exposição sobre o tema intitulada “Festa da Pinha, uma manifestação de Património Cultural Imaterial”.

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