Quem tem medo da Sexta-Feira 13?

Esta semana, há uma Sexta-Feira, 13, dia que é considerado popularmente como sinónimo de azar. Mas onde começou esta superstição? […]

sexta feira 13 2Esta semana, há uma Sexta-Feira, 13, dia que é considerado popularmente como sinónimo de azar. Mas onde começou esta superstição?

Na numerologia, o número 12 é considerado como completo, havendo, por exemplo, os 12 meses no ano, as 12 tribos de Israel, os 12 apóstolos de Jesus ou as 12 constelações do Zodíaco. Já o 13 é considerado um número irregular, sinal de infortúnio. A sexta-feira foi o dia em que Jesus foi crucificado e também é considerado um dia de azar. No Tarot, a carta de número 13 representa a Morte.

Somando o dia da semana de azar (sexta) com o número de azar (13) tem-se pela tradição, o mais azarado de todos os dias.

E até há fobias à volta do número 13. Assim, a triscaidecafobia é um medo irracional e incomum do número 13. O medo específico da Sexta-Feira 13 é chamado de parascavedecatriafobia ou frigatriscaidecafobia.

Mas, apesar da superstição que atribui o azar ao número 13 ser anterior ao Cristianismo, a verdade é que, em algumas culturas antigas, ele pode ter sido considerado número de sorte ou mesmo sagrado.

Para os egípcios, a vida era composta por 12 diferentes estágios para que o ser humano alcançasse o 13º, que era a vida eterna. Dessa forma, o número 13 foi assimilado com a morte, mas não com uma conotação negativa, antes como uma gloriosa transformação.

Essa ligação com a morte permaneceu e foi distorcida por outras culturas que nutriam o medo da morte e não a viam como algo presente no destino de qualquer vida.

Frigga e Loki, figuras da mitologia nórdica ligadas à superstição da Sexta-Feira 13
Frigga e Loki, figuras da mitologia nórdica ligadas à superstição da Sexta-Feira 13

Alguns historiadores culpam a desconfiança dos cristãos com as sextas-feiras em oposição geral às religiões pagãs. A sexta-feira recebeu o seu nome em inglês (Friday) em homenagem a Frigga, a deusa nórdica do amor e do sexo.
Essa forte figura feminina, de acordo com os historiadores, representava uma ameaça ao cristianismo, que era dominado por homens.

Para combater sua influência, a igreja cristã caracterizou-a como uma bruxa, difamando o dia que a homenageava. Essa caracterização também pode ter tido um papel no medo do número 13. O que se dizia era que Frigga unia-se a uma convenção de bruxas, normalmente um grupo de 12, totalizando 13. Uma tradição cristã semelhante considera o 13 amaldiçoado por significar a reunião de 12 bruxas e o diabo.

O calendário antigo representava o calendário lunar, possuindo 13 meses de 28 dias. Mas este número foi completamente renegado pelos sacerdotes das primeiras religiões patriarcais por representar o feminino nas culturas pré-históricas, já que refletia o ciclo menstrual das mulheres. Foi, então, alterado pelo Papa Gregório XIII para 12 meses, evitando que se continuasse a prestar culto à mulher como sagrada.

A evidência de que as culturas primitivas reverenciavam o 13 pode ser constatada por meio de vários vestígios arqueológicos, como a Vénus de Laussel, uma estatueta com mais de 27 mil anos encontrada na França, que carrega em suas mãos um chifre em forma de crescente lunar com 13 chanfros.

Existem histórias relembradas na mitologia nórdica. Numa delas, conta-se que houve um banquete e 12 deuses foram convidados. Loki, espírito do mal e da discórdia, apareceu sem ser chamado e causou uma briga que terminou com a morte de Balder, o favorito dos deuses.

«A Última Ceia», de Leonardo da Vinci, por este pintada na parede do Refeitório de Santa Maria delle Grazie (Milão)
«A Última Ceia», de Leonardo da Vinci, por este pintada na parede do Refeitório de Santa Maria delle Grazie (Milão)

Uma das primeiras Sextas-Feira 13 de azar de que há registo é o dia 13 de Outubro de 1307, de facto sexta-feira, quando a Ordem dos Templários foi declarada ilegal pelo rei Filipe IV de França. Os membros daquela ordem foram presos em simultâneo em todo o país, alguns deles torturados e, mais tarde, executados sob a acusação de heresia.

Na Santa Ceia, sentaram-se à mesa treze pessoas, sendo que duas delas, Jesus e Judas Iscariotes, viriam a morrer pouco depois, de mortes trágicas: Jesus executado na cruz, Judas ao suicidar-se, com remorsos. Curiosamente, o número 13 costumava ser considerado uma ligação com Deus, daí o número de membros presentes na Santa Ceia.

Ainda hoje há quem acredite que convidar 13 pessoas para um jantar é uma desgraça…mas isso talvez se deva, simplesmente, ao facto de os conjuntos de mesa serem constituídos, regra geral, por 12 copos, 12 talheres e 12 pratos…

O dia 13 de Novembro, independentemente do dia da semana em que calha, costuma ser assinalado em Portugal, já que foi nesta data que, em 1460, em Sagres, morreu o Infante D. Henrique, o homem que verdadeiramente, deu novos mundos ao mundo.

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