Vives-Rubio: «Gostaria de ver fotografias que façam pensar»

Enric Vives-Rubio, fotojornalista do jornal Público, é o presidente do júri do concurso internacional de fotografia «Para Além do Azul […]

enric vives rubio1Enric Vives-Rubio, fotojornalista do jornal Público, é o presidente do júri do concurso internacional de fotografia «Para Além do Azul do Mar», uma das várias atividades promovidas pelos Encontros de Fotografia de Lagoa, que decorrem até meados de setembro.

Em paralelo, Vives-Rubio dirigirá as escolhas dos vencedores finais do concurso «O Azul do Mar é para todos» e dos prémios «Wildwtch» e «Inácio Gravanita».

Nuno Loureiro, professor da Universidade do Algarve e um dos responsáveis pela organização dos Encontros de Fotografia de Lagoa, explicou que «o convite a Vives Rubio tinha sido formulado pela direção dos Encontros há algumas semanas e foi rapidamente aceite».

O fotógrafo profissional estará em Lagoa no início de Setembro para dirigir as reuniões do júri e orientará depois a sessão de apresentação dos resultados dos concursos e prémios, que decorrerá em Ferragudo, Lagoa.

Enric Vives-Rubio explicou ao Sul Informação as razões que o levaram a aceitar o convite lançado por esta primeira edição dos Encontros de Fotografia de Lagoa: «Qualquer iniciativa que tenha como protagonista a fotografia me interessa. Seja como espectador, como participante, ou como, neste caso, membro do júri. Sou fotojornalista de profissão, mas gosto de desafios que me façam sair do meu dia a dia, e ser presidente de um concurso de fotografia é uma boa maneira de, por uns dias, deixar de fotografar e ser eu o leitor das imagens. Parar do frenetismo da rotina de um jornal diário, para pensar, discutir, debater, refletir sobre FOTOGRAFIA. Sim assim, em caixa alta!»

O tema do concurso, «Para Além do Azul do Mar», «embora possa parecer muito básico, tem muitas possibilidades e muitas maneiras de abordar o assunto e isso agrada-me», acrescentou Vives-Rubio.

Por isso, o fotógrafo lança um desafio aos potenciais concorrentes: «Gostaria de ver trabalhos de todas as áreas da fotografia. Gostaria de ver coisas que me surpreendam, que sejam diferentes daquilo que, à primeira vista, o tema pode dar a entrever».

É que, explica, «também gosto de ver trabalhos que questionem, que façam perguntas, que convidem ao debate, à reflexão. Às vezes, em fotografia não se quer respostas, mas que as imagens façam as perguntas certas. Gostaria de ver trabalhos que façam pensar».

 

Vives Rubio: Gostaria de ver trabalhos de todas as áreas da fotografia. Gostaria de ver coisas que me surpreendam, que sejam diferentes daquilo que, à primeira vista, o tema pode dar a entrever

 

Para o fotojornalista, «participar num concurso de fotografia é sempre um bom incentivo para sair à rua para fotografar, para fazer um trabalho, ou até para mostrar um projeto já feito, mas que nunca tenha sido mostrado. É uma boa desculpa para afastar a preguiça de ir fotografar, ou a preguiça de arrumar aquelas fotografias e preparar um projeto. Também é bom para pensar com e em fotografia, puxar pela cabeça, e também pelos sentimentos. Produzir, fazer, comunicar».

No entanto, avisa Enric Vives-Rubio, «o concurso não acaba com a submissão das fotografias. Nem sequer com a entrega dos prémios. Os participantes aprendem sempre com os trabalhos apresentados, sejam os seus ou dos outros. Um mesmo tema, muitos olhares diferentes».

O fotógrafo profissional acrescenta ainda que «os concursos não são só para os participantes», já que «o júri também aprende muito». «E é também disto que eu estou a espera: de aprender. Muito!»

 

Vives-Rubio: Os concursos não são só para os participantes, o júri também aprende muito

 

Quanto ao interesse geral de um concurso como este, promovido no âmbito dos Encontros, Vives-Rubio diz que «cada vez que se dispara, cria-se um documento. Um documento visual, que hoje pode não ter muito sentido, mas que, como alguns vinhos, ganha força com o tempo. Por isso, concursos como este são bons para a fotografia. Criam-se documentos atuais que poderão servir para, no futuro, ver como éramos hoje. Não só de um ponto de vista físico (paisagens, rostos, arquitetura), etnológico (ofícios, roupas, etc), mas também de um ponto de vista de sentimentos (as nossas inquietudes, sentimentos, posição perante a vida, etc.)».

É que, conclui, «essa é a função histórica da fotografia».

 

Quem é Enric Vives-Rubio?

enric vives rubioEnric Vives-Rubio nasceu em Barcelona e aí estudou fotografia, no IEFC (Institut d’Estudis Fotogràfics de Catalunya).

Por duas vezes, ganhou uma bolsa da Universidade de Oviedo, para participar em Workshops de Fotojornalismo na cidade de Gijón. Em 2003, o seu trabalho foi premiado com uma bolsa de estudos para realizar a pós-graduação “Diplomatura em Fotoperiodismo” da Universitat Autònoma de Barcelona.

Em Espanha, o seu trabalho foi publicado em jornais e revistas de temáticas diferentes, nomeadamente nos El País, Barcelona Business, La Tosca, Air Europa Magazine, Excursionisme e Diari de la Pau.

Em 2004, Enric Vives-Rubio mudou-se para Lisboa, onde começou a fotografar para os jornais Correio da Manhã, O Independente e Público. Publicou também nas revistas Sábado e Notícias Magazine, e manteve colaboração com o El País.

 

Vives-Rubio: Cada vez que se dispara, cria-se um documento. Um documento visual, que hoje pode não ter muito sentido, mas que, como alguns vinhos, ganha força com o tempo

 

Desde o final de 2005 que fotografa para o Público, publicando regularmente sobre uma enorme diversidade de temas. O trabalho em jornais portugueses faz com que Enric Vives Rubio conheça bem a realidade portuguesa, viajando e fotografando por todo o país. Além disso ,foi já destacado para reportagens em Marrocos, Senegal, Brasil, Espanha, Equador e França, o que lhe permite conhecer outras realidades.

Fotografias suas foram premiadas em concursos nacionais e internacionais, salientando-se um primeiro prémio na categoria Notícias, Prémio Estação Imagem|Mora 2011, com um trabalho sobre as cheias na Madeira em 2010. Um retrato de Dalai Lama obteve uma menção honrosa no Prémio Visão. Foi também finalista do Prémio de Fotografia Humanitária Luís Valtueña.

 

Clique aqui para saber mais e conhecer o Regulamento do concurso internacional de fotografia «Para Além do Azul do Mar»

 

 

 

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