Uma jovem empresária que ajuda a vender «Love in Boxes»

Quando Ana Lúcia Rosa resolveu criar a sua empresa, deparou-se com duas dificuldades: primeiro, fazer entender ao futuro senhorio para […]

Quando Ana Lúcia Rosa resolveu criar a sua empresa, deparou-se com duas dificuldades: primeiro, fazer entender ao futuro senhorio para que serviria a loja; depois, fazer com que as Finanças compreendessem a natureza inovadora do seu negócio.

E que negócio é este, afinal? Uma loja colaborativa. E que vem a ser isso? Trata-se da Love in Boxes, situada na Rua Bastos, Loja 12, junto ao restaurante Pipo e a dois passos da Câmara Municipal de Portimão.

A Love in Boxes disponibiliza a outras pessoas, artesãos de vários ofícios mais ou menos urbanos, espaços para que estes possam expor e vender as suas peças. Em vez de receber esses produtos e os vender à consignação, a empresa de Ana Rosa arrenda pequenos espaços na sua loja, prateleiras em forma de caixa (daí o nome da empresa), que servem de montra para que os artesãos aí coloquem os seus produtos para venda. No fundo, é como se o espaço Love in Boxes fosse um micro centro comercial e cada prateleira uma micro-loja.

Quem trata do contacto com o cliente, da venda em si e dos embrulhos, por exemplo, é Ana Rosa. Chama-se a esta nova forma de vender «comércio colaborativo». Uma das principais vantagens é que permite partilhar espaço e reduzir despesas aos seus “colaboradores” e assim potenciar uma verdadeira economia de escala.

O projeto Love in Boxes – Loja Colaborativa participou, em 2012, no concurso de ideias de negócios da APME–AlgarVivo, destinado a mulheres empreendedoras, e Ana Rosa foi uma das vencedoras.

O prémio, porém, não era monetário «teria dado muito jeito», diz a empresária), mas consistia em formação. Durante essa formação, houve «um reavaliar da ideia» e a «mudança de estratégia». Mas em março passado, Ana Rosa resolveu finalmente avançar.

Ana Lúcia Rosa e a sua empresa Love in Boxes foi convidada da Beta Talk de julho, que decorreu, como sempre, no espaço de Café Concerto do Tempo, o Teatro Municipal de Portimão. O outro convidado foi Davide Alpestana, responsável pelo Palácio do Tenente, em Faro, um projeto diferente, de outra dimensão, mas, no fundo, com muitos pontos de contacto com este da jovem empreendedora.

 

Uma professora de EVT no Ensino Básico que sempre andou por outras paragens

 

Apesar de licenciada em Ensino Básico, variante EVT, Ana Lúcia Rosa iniciou o percurso profissional fora da sua área de formação, ao optar por trabalhar no comércio a retalho e grande distribuição na zona de Coimbra.

Natural de Évora, ruma a Portimão por motivos pessoais, onde começa por lecionar e se confronta posteriormente com dificuldades de colocação. É aí que surge a ideia do projeto Love in Boxes, agora concretizado.

Ana Rosa sublinha que este é «um conceito que não fui eu que inventei. É um conceito já experimentado em Portugal e sobretudo no estrangeiro».

Em todo o processo de instalação do seu negócio, Ana Rosa, que já tinha «experiência comercial», acabou por sentir mais dificuldades com «a parte real da burocracia» e confessa: «senti-me um pouco perdida!»

Um dos desafios foi perceber como funcionava o IVA já que o seu não é um negócio normal. Nem nas Finanças, a princípio, estavam a perceber muito bem onde se podia enquadrar a nova empresa… «Este é um negócio feito de outros negócios, por isso não foi fácil explicar».

E Ana Rosa teve de ir «doze vezes à Câmara só para tratar da placa» identificativa da loja e do «bidé que é uma floreira» que quis colocar à porta. Apenas dois exemplos das burocracias…

 

Um negócio a dois níveis

 

O seu negócio tem dois tipos de clientes – «o que vai à loja colaborativa porque quer ter aí uma microloja e o que lá vai porque quer comprar os artigos dos nossos colaboradores».

Ana Rosa e o marido vivem há cinco anos em Portimão e por isso conhecem bem o estado catatónico do setor na cidade. Mas a jovem empreendedora não é de baixar os braços e por isso diz que é de projetos como o seu, inovadores e dinâmicos, que a cidade precisa. «Portimão precisa de ideias novas no comércio, e tem a ganhar com um projeto como o meu».

Na sua loja colaborativa, Ana Rosa resolveu especializar-se em «artesanato urbano, de qualidade». Com os espaços disponibilizados para cada «colaborador», «podemos dinamizar o trabalho dos artesãos, designers, artistas, estilistas, ilustradores, que fazem coisas fantásticas mas não têm hipóteses de ter o seu próprio espaço. Por isso, aqui encontram, a preços muito confortáveis, o seu próprio espaço».

A renda custa 30 a 65 euros por mês, dependendo do tamanho das boxes, mas a empresa não cobra depois qualquer comissão sobre as vendas.

E o que se vende na Love in Boxes? Têxteis, sabonetes artesanais, jóias feitas em couro ou cerâmica, peças de olaria e cerâmica, objetos em tecidos ou croché, malas e malinhas em diversos materiais, enfim, uma gama de artigos de artesanato urbano que têm como marca comum a sua qualidade e originalidade.

A loja, que agora no Verão está aberta às quintas, sextas e sábados até às 22h30, conta atualmente com produtos de cerca de três dezenas de diferentes «colaboradores» e promove regularmente workshops sobre temas como a costura, entre outros. Para saber das novidades, basta manter-se atento à página de Facebook da Love in Boxes.

Até agora, a maior parte dos clientes da loja são turistas, mas Ana Rosa tem esperança de que as pessoas de Portimão também a descubram e se habituem a fazer ali as suas compras de presentes, por exemplo.

E que balanço faz da experiência, ainda tão nova? «Tem que se arriscar e caminhar muito para estabelecer qualquer negócio, mas em especial um negócio inovador, como este. Mas hoje acho que é possível e que vale a pena!».

E porque não fazer uma visita à Love in Boxes?

 

LOVE IN BOXES
Rua Bastos, loja 12
8500 – 654 Portimão
Telefone 920 079 539
E-mail [email protected]
[email protected]

 

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