Setor do Turismo de Saúde uniu-se para crescer

Vontade política, mobilização dos atores económicos e trabalho em rede. Estes são alguns dos fatores que, aliados às infraestruturas e […]

Vontade política, mobilização dos atores económicos e trabalho em rede. Estes são alguns dos fatores que, aliados às infraestruturas e oferta já existente, podem provar ser determinantes na internacionalização do Turismo de Saúde e Bem-estar, tema que esteve em foco esta quarta-feira num seminário que decorreu em Faro.

O debate «Turismo de Saúde e Bem-Estar: Desenvolvimento sustentável e Internacionalização da saúde» juntou diversas personalidades ligadas a este setor na Escola Superior de Gestão Hotelaria e Turismo da universidade do Algarve. A iniciativa juntou muitos empresários do setor e até membros do corpo diplomático na mesma sala.

O Governo está a apostar na estruturação e regulamentação do setor do Turismo de Saúde e Bem-Estar e os agentes económicos aproveitaram a ocasião para se unir e potenciar este nicho de mercado.

Além da criação da Associação Portuguesa de Turismo de Saúde e Bem-Estar (APTSBE), também já foi instituída uma marca deste setor para o Algarve. Em Maio, uma representação portuguesa, que juntará entidades públicas e privadas no mesmo espaço, vai estar no espaço GrimaldiFórum , no Mónaco, para participar numa das mais relevantes feiras internacionais do setor.

A presença neste fórum pode ser considerada uma consequência do enfoque que um grupo de trabalho interministerial está a dar à internacionalização do setor da saúde em Portugal. O objetivo é «potenciar toda a cadeia de valor da saúde», para que haja um aumento das exportações.

Uma tarefa que, segundo o coordenador do grupo de trabalho Carlos Martins, pode ajudar a aumentar significativamente os valores gerados por diferentes elementos da cadeia, entre os quais o Turismo de Saúde.

«A cadeia de valor agora está assumida, era algo que nunca tinha acontecido. Incluiu a arquitetura, construção, equipamentos, mobiliário, investigação, formação, indústria e prestação de cuidados», revelou ao Sul informação o assessor do Ministro da Saúde, que representou a tutela no debate de ontem. O Turismo de Saúde é «uma prioridade» no que toca à prestação e cuidados.

«A nossa estimativa, que julgamos ser realista, é que toda a cadeia de valor da saúde gere receitas externas na ordem dos 1,5 mil milhões de euros em 2015», revelou Carlos Martins , à margem do evento.

«Há que frisar que, neste momento, o setor já representa mais valias de mil milhões de euros. Não estamos a partir da estaca zero», considerou.

 

Não é preciso mais investimento, apenas organização

Para aumentar as receitas externas no setor do Turismo de Saúde «não é preciso investir mais nenhum euro», bastando apenas «organizar e promover o que já temos», acredita Carlos Martins.

No Algarve, exemplos dessa capacidade instalada são os «seis hospitais privados», os «mais de 70 SPA» e também as «muitas clínicas» que existem na região, lembrou o presidente da APTSBE João Viegas Fernandes.

No caso dos hospitais, a oferta divide-se por dois grupos, o Hospitais Privados de Portugal (HPP) e Hospitais Particulares do Algarve (HPA). Empresas que deram o seu testemunho no debate e deixaram bem claro que, seja qual for a estratégia de marketing, a qualidade é um elemento incontornável quando se fala em internacionalização.

Quer o representante do HPP Algarve Paulo Neves, quer o Diretor Clínico do HPS Paulo Sousa lembraram que a concorrência é muita dentro e fora da Europa e há alguns mercados com os quais é impossível competir pela via do preço, nomeadamente da Ásia.

Nos seus testemunhos, os representantes dos grupos económicos não tiveram receio de  partilhar alguns elementos das suas estratégias de captação de clientes, que acabam por assentar em grande medida na diferenciação de serviços e na especialização em determinadas terapias e técnicas médicas.

O representante do Ministério da Saúde também frisou que já há muita oferta e de qualidade, assente naquilo que considera mais importante: «um Serviço Nacional de Saúde de excelência».

Carlos Martins defendeu que aquilo que dá garantias reais de que um país tem capacidade de resposta no setor da saúde «é o seu Serviço Nacional de Saúde». Ou seja, só com uma oferta pública de qualidade é que o nosso sistema de saúde motivará confiança fora de portas.

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