A 1ª edição da LUSODOC – Mostra de Cinema Documental de Loulé começa hoje, dia 15, para decorrer no Cine-Teatro Louletano, até 17 de novembro.
O cinema realizado nos países membros da comunidade dos países de língua portuguesa (CPLP) é geralmente pouco conhecido em Portugal. Exibido quase sempre fora dos grandes circuitos comerciais, constitui um desafio refletir acerca da sua importância na sociedade e na memória coletiva. Assim, o principal objetivo desta Mostra de Cinema Documental de Loulé é olhar o filme documentário como uma janela sobre o mundo.
Nesta primeira edição estarão representados o Brasil, Angola e Moçambique.
O evento divide-se entre painéis teóricos e de debate promovidos pelos convidados e a posterior exibição de documentários. Assim, no dia 15, pelas 16h00, acontece o primeiro painel, dedicado ao Brasil, com a presença de Mirian Tavares, coordenadora do CIAC (Centro de Investigação em Artes e Comunicação), e da realizadora brasileira Liliana Sulzbach. Pelas 18h00 é apresentado o documentário “A Invenção da Infância” e, pelas 21h30, “O Cárcere e a Rua”, ambos desta realizadora.
Na sexta-feira, 16 de novembro, o destaque vai para Moçambique: às 16h00, Sílvia Vieira, investigadora do Centro de Investigação em Artes e Comunicação (CIAC) do Algarve, e Pedro Pimenta, que para além de outras funções na sétima arte é atualmente membro do júri de festivais internacionais como o FESPACO, o FilmRio, o Festival Cinéma du Réel e DocsLisboa, apresentam um painel de debate. ÀS 18h00 e 21h30 serão apresentados, respetivamente os documentários moçambicanos “Salani”, de Isabel Noronha e Vivian Altman, e “Hóspedes da Noite”, de Licínio Azevedo.
No encerramento da LUSODOC, a 17 de novembro, o dia é dedicado a Angola. Paulo Cunha, Investigador da área da programação de Cinema e Audiovisual da Capital Europeia da Cultura 2012, e o realizador angolano, Kiluanje Liberdade, são os apresentadores do painel, que decorre a partir das 16h00. “Oxalá Cresçam Pitangas”, documentário de Kiluanje Liberdade e Ondjaki, e “A Minha Banda e Eu”, também de Kiluanje Liberdade, serão exibidos às 18h00 e 21h30.
Para a organização, esta Mostra reveste-se de grande importância para a Lusofonia, bem como para a projeção do cinema dos países de língua oficial portuguesa, servindo como mais um exemplo dos laços culturais que unem estes países.
Os bilhetes para os documentários têm um custo de 2 euros e a entrada é livre para estudantes (mediante a apresentação de cartão de estudante). Os painéis têm entrada livre.
Mais informações no Cine-Teatro Louletano 289 400 820.
PROGRAMA
15 novembro – Painel BRASIL
16h00 Debate
Mirian Tavares e Liliana Sulzbach
18h00 A Invenção da Infância – Liliana Sulzbach
21h30 O Cárcere e a Rua – Liliana Sulzbach
16 novembro – Painel MOÇAMBIQUE
16h00 Debate
Sílvia Vieira e Pedro Pimenta
18h00 Salani – Isabel Noronha e Vivian Altman
21h30 Hóspede da Noite – Licínio Azevedo
17 novembro – Painel ANGOLA
16h00 Debate
Paulo Cunha e Kiluanje Liberdade
18h00 Oxalá cresçam pitangas – Kiluanje Liberdade e Ondjakui
21h30 A Minha Banda e Eu
Kiluanje Liberdade e Inês Gonçalves
Os participantes
É Professora Associada da Universidade do Algarve possui formação académica nas Ciências da Comunicação, Semiótica e Estudos Culturais (doutorou-se em Comunicação e Cultura Contemporâneas, na Universidade Federal da Bahia), tem desenvolvido o seu trabalho de investigação e de produção teórica, em domínios relacionados com o Cinema, a Literatura e outras Artes, bem como nas áreas de estética fílmica e artística.
Como professora da Universidade do Algarve, participou na elaboração do projeto de licenciatura em Artes Visuais, dirigindo, presentemente, o mestrado em Comunicação, Cultura e Artes e a licenciatura em Artes Visuais. É Coordenadora do CIAC (Centro de Investigação em Artes e Comunicação), financiado pela FCT.
LILIANA SULZBACH
Realizadora, produtora e guionista gaúcha (Rio Grande do Sul, Brasil) Jornalista e mestre em Ciência Política pela UFRGS. Estudou Ciência da Comunicação na Freie Universität Berlin. Sócia-diretora da Tempo Porto Alegre, foi coordenadora de produções e do Núcleo de Cinema e Televisão da Zeppelin Filmes, de 1996 a 2008. Coordenadora Nacional do INPUT (International Public Television Conference) de 2001a 2004.
Trabalhou como produtora independente para a Hamburger Kino Kompanie/Hamburgo, M.Schmiedt Produções, Spiegel TV Alemanha, onde trabalhou em diversaslongas-metragens e realizou vários filmes documentários entre os quais A Cidade (2012), Sonho de Guri (2012) e O Branco (2009).
SÍLVIA DESTERRO TAVARES DA SILVA VIEIRA
Licenciada em História da Arte pela Universidade de Coimbra e mestre em Comunicação, Cultura e Artes pela Universidade do Algarve. Tem desenvolvido o seu trabalho de investigação e produção teórica nos domínios da fotografia e do cinema em Moçambique.
Realizou o documentário Assim Estamos Livres: Cinema Moçambicano 1975-2010 (Bruno Silva/Sílvia Vieira, 2010). Membro do coletivo videoarte Inner Project, é atualmente investigadora do Centro de Investigação em Artes e Comunicação (CIAC) do Algarve.
JOSÉ PEDRO PIMENTA
José Pedro Pimenta possui formação na área de produção de cinema na EICTV (Escuela Internacional de Cine e TV), em Cuba (Havana) e formação em Arquivos de Cinema em Stockholm. É ainda formador em Produção de Cinema no Programa de Formação para produtores na Africa Ocidental (FOCAL/Senegal). É membro da Comissão Fonds Images d´Afrique – Ministére des Affaire Étrangéres – França.
Foi presidente do júri da competição oficial do Fespaco – Ouagadougou em 2009. É atualmente membro do júri de festivais internacionais como o FESPACO, o FilmRio, o Festival Cinéma du Réel e DocsLisboa.É membro da direção das seguintes organizações; African Script Development Fund (ASDF), Audiovisual Enterpreneurs of África (AVEA) e do Zimbabwe Film Festival.
Foi o primeiro produtor do Instituto Nacional de Cinema em Moçambique. É fundador e produtor da Ébano Multimédia, uma das mais sólidas e prestigiadas produtoras independentes em Moçambique.
Produziu várias ficções e documentários tais como Mueda Memória e Massacre de Ruy Guerra, Tempestade na Terra de Fernando Silva, Zulu Love Letter de Ramadan Suleman, Teza de Haile Guerima, A Ilha dos Espíritos e A Virgem Margarida de Licínio Azevedo entre outros. É o fundador e diretor do Dockanema (Festival do Filme Documentário) em Maputo, tendo sido um dos grandes responsáveis pela divulgação de vários documentários nacionais e internacionais.
PAULO CUNHA
É Membro do CEIS20 – Centro de Estudos Interdisciplinares do Séc. XX da Universidade de Coimbra. Licenciado e mestre em Historia. Doutorando em história Contemporânea na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Bolseiro da FCT. Investigador da área da programação de Cinema e Audiovisual da Capital Europeia da Cultura 2012. Membro da direção da Associação de Investigadores da imagem em movimento (AIM).
KILUANJE LIBERDADE
Nasceu em Angola em 1976.Licenciado em Ciências da Comunicação e Cultura na Universidade de Lisboa. Pós graduação em Estudos Africanos (ISCTE, Lisboa).Realizador de Televisão na TV Zimbo (Luanda), assistente de realização em “A Favor da Claridade”, de Teresa Villaverde e assistente de produção na “Exposição de Fotografias com Banda Sonora”, Cabo Verde, de Inês Gonçalves e Vasco Pimentel.
Filmografia como realizador:
2009, Corealizador de “Tchiloli, Masks and Myths” juntamente com Inês Gonçalves;
2009, Corealizador de “Luanda, Fábrica da Música” juntamente com Inês Gonçalves;
2005/6, Corealizador e coprodutor com o escritor angolano Ondjaki do documentário “Oxalá Cresçam Pitangas”;
1998, Corealizador de “Outros Bairros” com Inês Gonçalves e Vasco Pimentel;
1996, Realizador do documentário “O Rap é uma Arma”.
Os documentários
A INVENÇÃO DA INFÂNCIA, 2000 ( 16´), LILIANA SULZBACH
Ser Criança não significa ter Infância. Passados vários séculos da descoberta do conceito de infância as crianças nunca tiveram sua inocência tão ameaçada quanto no mundo contemporâneo. A Invenção da Infância propõe uma nova abordagem sobre um velho tema e mostra que a vulgarização da informação através dos meios audiovisuais está a acabar com a infância de milhares de crianças tanto quanto as injustiças sociais causadas pela economia predatória do mundo globalizado.
O CÁRCERE E A RUA, 2004 ( 80´), LILIANA SULZBACH
Cláudia é a presidiária mais antiga e respeitada da Penitenciária Madre Pelletier. A que dá ordens e protege. Protege, por exemplo, a jovem Daniela, que corre risco de vida por ser acusada de ter matado o próprio filho. Mas Cláudia, assim como Betânia, deve deixar a penitenciária em breve. Daniela terá que se defender sozinha. Cláudia sai em busca do filho. Betânia sente a tentação de deixar de lado as regras do regime semiaberto para viver a liberdade em companhia de um novo amor.
SALANI (26´), 2010, ISABEL NORONHA E VIVIAN ALTMAN
Salani (Adeus), retrata a vivência de três adolescentes moçambicanos de 11, 16 e 17 anos que, forçados pela família ou na ilusão de encontrar melhores condições de vida emigraram para a África do Sul. Numa fluente mistura entre o documentário e a animação, este filme revela os contornos da utilização da “tradição” por algumas famílias para encobrir a exploração das suas meninas, bem como os meandros do tráfico, exploração sexual e laboral, de que estes adolescentes pobres, ilegais e desprotegidos, se vêm facilmente reféns.
OXALÁ CRESÇAM PITANGAS (60´), 2006, KILUANGUE LIBERDADE E ONDJAKI.
As pequenas e garridas pitangas, vermelhas cor de sangue, cor de vida. Fruto tão popular nas ruas e nos quintais de Luanda e que, no filme são a imagem de uma nova capital e de um novo país que se constrói e reinventa; das novas gerações; de uma nova esperança. Angola: 30 anos de independência, 3 anos de paz. Capital: Luanda. Cidade construída para 600.000 habitantes. Atualmente com cerca de 4 milhões.
Cruzamento de várias realidades e gente de todas as províncias. A vida desta cidade são as pessoas. Que pessoas? 10 vozes vão expondo com ritmo, dignidade e coerência, um espaço ocupado por várias gerações e dinâmicas sociais complexas. Luanda não havia sido filmada sob esta perspetival realista e humana: conflitos entre a população e a esfera política, a proliferação do sector informal, as desilusões e as aspirações, o questionamento do espaço urbano e do futuro de uma Angola em acelerado crescimento.
Dez personagens falam também das suas vidas, do seu modo de agir sobre a realidade, da música que não pode parar. Aparece uma Luanda onde a imaginação e a felicidade defrontam as manobras de sobrevivência. Onde a língua é mexida para se adaptar às necessidades criativas de tantas pessoas e linguagens.
A MINHA BANDA E EU (90´), 2011, KILUANGE LIBERDADE E INÊS GONÇALVES
Depois de anos de uma integração falhada geradora de revolta e frustração, surge nos bairros suburbanos das grandes cidades europeias, e junto das comunidades africanas um movimento de jovens que querem afirmar de forma descomplexada o seu africanismo. Esse movimento de afirmação do orgulho em ser africano expressa-se num novo estilo musical : a Kizomba.
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