O teatro amador vai ser analisado à lupa no Teatro das Figuras

Quem são e que características têm os grupos de teatro amador do Algarve? Cabem dentro de grupos já identificados por […]

Quem são e que características têm os grupos de teatro amador do Algarve? Cabem dentro de grupos já identificados por investigadores, noutros países, ou há fenómenos exclusivos da região? O que distingue um grupo de teatro amador de um profissional? Estas são questões a que as I Jornadas do Teatro Amador do Algarve, que acontecem a 28 e 29 de abril no Teatro das Figuras, vão tentar responder e temas sobre os quais se debruça o Centro de Investigação em Artes e Comunicação (CIAC) da Universidade do Algarve.

O diretor da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da universidade algarvia António Branco é uma das pessoas que se dedica a este trabalho, na região.

Além de investigador do CIAC, é diretor artístico do grupo de teatro «A Peste», um laboratório desta arte ao serviço da ciência.

Foi também convidado do programa radiofónico Impressões, dinamizado em conjunto pelo Sul Informação e pela Rádio Universitária do Algarve Rua FM (102,7 FM).

A ideia de levar a cabo esta iniciativa, para a qual foram convidados representantes dos grupos de teatro amador existentes no Algarve, nasceu, precisamente, da investigação feita nesta área. O CIAC está a desenvolver um projeto «sobre a forma como os amadores se apropriam das técnicas do teatro dito profissional para fazerem teatro», um estudo pioneiro em Portugal.

«No âmbito desse grande projeto, onde se está a tentar caracterizar a natureza do teatro amador, pareceu-nos fazer sentido organizar estas jornadas aqui em Faro», contou António Branco.

«Estas jornadas têm dois grandes objetivos. Desde logo, colocar em contacto os membros dos vários grupos amadores, e já há muitos, que fazem teatro no Algarve, porque não é muito habitual terem um espaço onde se possam encontrar, conhecer e trocar experiências», explicou o professor da UAlg.

«Em segundo lugar, proporcionar-lhes um momento de reflexão e debate que possa ser útil para todos e também para os investigadores que vão estar presentes e que vão, evidentemente, recolher os testemunhos que forem sendo dados ao longo das jornadas para terem elementos para refletir e investigar sobre o que é isso do teatro amador», acrescentou.

Neste campo, o Algarve, «talvez por ter estado séculos afastado dos centros de decisão», sempre foi marcado por uma «intensa atividade de teatro amador». Neste momento, estima António Branco, existirão «mais de 20 companhias de teatro amador», a que se juntam algumas profissionais, um número elevado para uma região como o Algarve.

Este mapeamento da atividade de teatro amador do Algarve, feito com ajuda da Direção Regional de Cultura, que apoia este evento e cuja responsável, Dália Paulo, «tem sido uma interlocutora extraordinariamente importante», acaba por ser a única parte do trabalho que se pode considerar concluída. Daí a importância do evento que decorre no final este mês.

 

Reflexão é feita pelos que são objeto de investigação

 

Para tentar conhecer melhor este fenómeno, os organizadores das Jornadas de Teatro Amador do Algarve convidaram representantes dos grupos de teatro, que irão participar em sucessivas mesas de trabalho. «Cada mesa terá um tema e dois representantes de dois grupos de teatro diferentes, que falarão sobre esse tema a partir da sua experiência», enquadrados por um moderador, descreveu. «Este não é um festival de teatro amador», frisou.

«Também estarão presentes diversas personalidades de âmbito nacional. Na mesa de abertura, por exemplo, a Fernanda Lapa, não porque pratique teatro amador, mas porque foi por ai que começou, com um grande mestre do teatro português, o Fernando Amado. Ela vai contar a experiência que teve», disse.

O professor José Louro, uma referência na região no que ao teatro amador e escolar diz respeito, é outro dos convidados, bem como a professora Eugénia Vasques, «especialista em Estética Teatral», e a atriz Manuela de Freitas, que serão as responsáveis por produzir a reflexão final das jornadas.

Destas jornadas, poderá resultar um livro, com as intervenções e debates, mas este é um projeto que «dependerá de uma candidatura própria».

A participação nestas jornadas é aberta ao público em geral, mas os interessados devem inscrever-se antecipadamente, «por questões logísticas». «Na plataforma do CIAC, haverá um dispositivo para as pessoas se inscreverem», revelou António Branco.

 

 

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