Astrónomo alentejano lidera equipa que fez descoberta sobre o Sistema Solar

Uma equipa de investigadores do Centro de Astrofísica da Universidade do Porto (CAUP), liderada pelo astrónomo alentejano Pedro Figueira (natural […]

Uma equipa de investigadores do Centro de Astrofísica da Universidade do Porto (CAUP), liderada pelo astrónomo alentejano Pedro Figueira (natural de Serpa), e do Observatório de Genebra, analisou dados do espectrógrafo HARPS e do satélite Kepler, demonstrando que as órbitas de outros sistemas planetários são alinhadas, tal como acontece no nosso Sistema Solar.

A procura de exoplanetas faz-se hoje essencialmente por dois métodos distintos: método da velocidade radial e o método de trânsito. Existe uma diferença significativa quando estes dois métodos são aplicados.

Um planeta pode ser detetado pela variação da velocidade radial da estrela mesmo quando a órbita está inclinado em relação à nossa linha de visão. No entanto, para um planeta transitar, o plano da sua órbita tem de estar quase perfeitamente alinhado com a Terra, e o mesmo é verdade para um sistema de dois ou mais planetas. Isto significa que se observamos vários planetas a transitar em um sistema planetário as suas órbitas farão ângulos muito pequenos entre si.

Neste trabalho agora publicado foram simulados 100 milhões de sistemas planetários com as características previstas pelo censo do HARPS e com dispersão variável dos planos orbitais. A simulação calculou as frequências com que ocorrem trânsitos, em particular duplos trânsitos.

Os resultados foram comparados com os dados obtidos pelo Kepler e concluiu-se que são compatíveis apenas nos sistemas com um plano orbital comum, ou seja, em que as órbitas dos planetas estão inclinadas menos de 1 grau entre si.

Os resultados agora publicados são muito importantes para a compreensão do mecanismo de formação e evolução de planetas extrassolares, mostra que as órbitas planetárias são predominantemente alinhadas, reforçando a ideia que os planetas formam-se num disco em redor das estrelas e limitam muito a sua evolução dinâmica, os encontros violentos entre planetas são muito raros. A ordem que encontramos no nosso sistema solar é afinal uma regra.

O primeiro autor do artigo, Pedro Figueira comenta que “estes resultados mostram-nos que a maneira como o Sistema Solar se formou deve ser comum. A sua estrutura é a mesma que a dos sistemas planetários que estudámos, isto é, com os planetas a orbitarem todos aproximadamente no mesmo plano”.

Este é o resultado de um estudo, liderado pelo astrónomo alentejano Pedro Figueira, do Centro de Astrofísica da Universidade do Porto.

 

Autor: Ricardo Cardoso Reis

Centro de Astrofísica da Universidade do Porto

(Ciência na Imprensa Regional – Ciência Viva)

 

Notas:

  • O artigo Comparing HARPS and Kepler surveys: The alignment of multiple-planet systems, (Figueira et al.) foi aceite para publicação na revista Astronomy&Astrophysics.
  • A equipa é composta por P. Figueira (Centro de Astrofísica da Universidade do Porto), M. Marmier (Observatório de Genebra), G. Boué (Centro de Astrofísica da Universidade do Porto), C. Lovis (Observatório de Genebra), N. C. Santos (Centro de Astrofísica e Faculdade de Ciências, Universidade do Porto), M. Montalto (Centro de Astrofísica da Universidade do Porto),, S. Udry (Observatório de Genebra), F. Pepe (Observatório de Genebra), M. Mayor (Observatório de Genebra).

 

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