Câmara de Tavira, Centro Ciência Viva e Almargem constroem futuro do Pego do Inferno em conjunto

A Câmara de Tavira, o Centro Ciência Viva e a Associação Almargem estão disponíveis para trabalhar em conjunto para construir […]

Foto: Almargem

A Câmara de Tavira, o Centro Ciência Viva e a Associação Almargem estão disponíveis para trabalhar em conjunto para construir um futuro mais sustentável para o Vale da Asseca e o Pego do Inferno. Este foi um dos compromissos assumidos num encontro que decorreu esta quinta-feira, no Centro Ciência Viva de Tavira, promovido no âmbito do projeto REASE.

Depois de João Santos, da Associação Almargem, ter elencado as espécies de flora e de fauna presentes nesta área, como cágados, lontras ou musaranhos, e de ter alertado para algumas das ameaças à biodiversidade no Vale da Asseca e do Pego do Inferno, Hélder Pereira, da GeoWalks & Talks, levou as dezenas de pessoas presentes numa “viagem” geológica até aos primórdios daquele lugar.

Apesar de o encontro ter o Vale da Asseca como tema, o Pego do Inferno e o seu futuro foram o ponto central da discussão. Rita Borges, diretora do Centro Ciência Viva de Tavira, apresentou a carta de princípios para o Pego do Inferno, elaborada há cerca de três anos, que teve como ponto de partida um inquérito feito à população.

Foi um estudo que permitiu perceber que 41% dos inquiridos havia visitado o Pego do Inferno no último ano. Um número elevado que ajuda a perceber que a ocupação massificada do espaço, aliada à falta de limpeza, são alguns dos problemas a resolver.

Desde 2012, quando, nos incêndios de Tavira, ardeu um acesso que foi construído no mandato do então presidente da Câmara Macário Correia, que, para chegar ao Pego do Inferno, é preciso passar, ou por propriedade privada, ou «molhando os pés», percorrendo a Ribeira da Asseca.

Numa primeira fase, Jorge Botelho, atual autarca de Tavira, admitiu reconstruir o acesso queimado, mas mudou de ideias, como revelou neste encontro e como já tinha dito ao Sul Informação. Nesta fase, «o desafio passa pela renaturalização», garantiu o autarca.

Segundo o presidente da Câmara, «até ao fim do ano, o Pego do Inferno vai estar limpo, mas não consigo evitar as cargas turísticas. O Pego do Inferno está em todos os guias e as pessoas continuam a vir a Tavira à procura de lá chegar».

Dificultar o acesso, segundo o autarca, pode retirar alguma carga ao local, «porque há sempre alguém que se perde no caminho», gracejou.

Do público, vieram sugestões de encerrar o espaço, cobrando entrada, ou definir um limite diário de visitantes, mas aqui também não se chegou a um entendimento.

Houve, ainda assim, uma decisão consensual: envolver a Câmara, a Associação Almargem, o Centro Ciência Viva de Tavira, os proprietários de terrenos do Vale da Asseca e as entidades com responsabilidade na gestão, como a Agência Portuguesa do Ambiente e o ICNF, num grupo de trabalho que encontre soluções para proteger a biodiversidade do Vale da Asseca e do Pego do Inferno.

Uma solução que, a avançar, agrada à Associação Almargem: «temos que acreditar no que disse o presidente da Câmara, que vamos avançar para uma perspetiva global, envolvendo todos os parceiros necessários, não só no Pego do Inferno, como no Vale da Asseca», disse João Santos ao Sul Informação.

Para o ambientalista, é necessária «uma gestão global da área e isso não foi possível até agora».

Rita Borges, diretora do CCV de Tavira, diz que este encontro permitiu perceber que «há mudanças em perspetiva. Vamos ver como vai ser feito o processo de renaturalização do Pego do Inferno. Esperamos que haja a capacidade de começarmos a trabalhar todos em conjunto. Pelo menos essa vontade de o fazer ficou clara da parte de toda a gente».

Sobre o acesso ao espaço, Rita Borges considera que «por muito que se dificulte, já está de tal forma divulgado, que as pessoas vão continuar a procurar e a utilizar, por isso temos que pensar muito bem como condicionar o acesso».

Apesar do balanço «muito bom» do encontro, Rita Borges lamentou a ausência de algumas entidades convidadas. «Não esteve a APA ou o ICNF, mas, quem esteve, participou de forma ativa, levantaram-se questões importantes e foi uma boa sessão de debate», concluiu.

 

Fotos: Nuno Costa | Sul Informação

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