Este mês de Agosto, tipicamente de férias para uma boa parte dos portugueses, terá uma Lua Nova logo no dia 2. Dois dias depois, um finíssimo crescente da Lua passará a apenas 3 graus de Vénus e no dia 6, o nosso satélite estará quase colado ao planeta Júpiter. No dia 10, a Lua alcançará o quarto crescente.
Entre a noite de dia 11 e a madrugada de dia 13, fiquem atentos aos meteoros das Perseidas, em especial depois da Lua se pôr, lá para a 1h00 da manhã.
O número de meteoros visível nestas “chuvas de estrelas” é sempre difícil de prever, mas este ano a previsão é de um aumento significativo – durante o pico, podem mesmo chegar aos 200 meteoros por hora (em céus escuros), mais do dobro do que o normal. Isto significa que, mesmo numa cidade, onde tipicamente se conseguem ver apenas cerca de 10% dos meteoros, será um evento interessante.
A partir das 23h00 do dia 11, já se deve notar um aumento do número de meteoros, mas o máximo está previsto entre a meia-noite e as 4 da manhã, já de dia 12. No entanto, relembro que as previsões do número de meteoros, visível no pico destas chuvas, têm uma grande incerteza.
As Perseidas ocorrem quando a Terra cruza o rasto de poeiras deixado pela passagem do cometa Swift-Tuttle, o maior objeto celeste conhecido a passar nas proximidades da Terra (sem ser a Lua, claro).
Este cometa, com um núcleo de 26 km (por comparação, o meteorito que terá aniquilado os dinossauros teria “apenas” 10 km), passou pela última vez perto do nosso planeta em 1992, e voltará às redondezas lá para 2126.
O mais antigo registo das Perseidas chega-nos da China, e remonta ao ano 36 d.C. Na mitologia grega, as Perseidas comemoram a altura em que Zeus visitou a princesa Dánae, com quem teve um filho – o herói Perseu, o mesmo da constelação de onde parecem originar todos os meteoros.
No dia 12, a Lua passará a 4 graus de Saturno, e no dia 18, o nosso satélite alcançará a Lua Cheia. Bem rente ao horizonte, e apenas 2 dias depois, Júpiter, que se aproxima rapidamente de Vénus, passará a 4 graus de Mercúrio. Já no dia 25, a Lua chegará ao quarto minguante.
No dia 27, mesmo ao anoitecer, Vénus e Júpiter quase que se fundem no céu. A sua conjunção (ponto de maior aproximação) será tão próxima, que a separação entre os dois astros (cerca de 7 minutos de arco, ou 0,12 graus) será menor que a espessura de uma moeda de um euro, à distância de um braço estendido. Por comparação, à distância do braço estendido, o dedo mindinho ocupa 1 grau, ou o dobro do diâmetro aparente da Lua Cheia.
Apesar destas conjunções muito próximas não serem algo que aconteça apenas uma vez na vida, ainda assim são raras o suficiente para valer a pena vê-las.
Boas observações.
Autor: Ricardo Cardoso Reis (Planetário do Porto/Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço)
Ciência na Imprensa Regional – Ciência Viva
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