Câmara de Castro Marim põe a andar homem que burocracia atirou para cadeira de rodas

O castromarinense José Laureano estava confinado a uma cadeira de rodas há meses e esperava há quatro anos que o […]

burocraciadoenteortopedicoO castromarinense José Laureano estava confinado a uma cadeira de rodas há meses e esperava há quatro anos que o Ministério da Saúde, o da Solidariedade Social e o Centro Hospitalar do Algarve se entendessem entre si, para lhe dar um par de botas ortopédicas que custam pouco mais de 500 euros.

A Câmara de Castro Marim cansou-se de aguardar pelo fim desta novela burocrática e comprou, ela própria, as botas, entregando-as ao seu munícipe, de modo a que possa voltar a andar.

Esta é uma história de burocracia, da bem pesada, mas também de pobreza.«Estamos a falar de uma pessoa muito pobre. Ele estava impossibilitado de andar porque as botas que tinha eram velhíssimas, eram um resquício de botas. Teve de passar a andar só de cadeira de rodas e estava já a desenvolver escaras», contou ao Sul Informação o presidente da Câmara de Castro Marim Francisco Amaral.

«Foram quatro anos de burocracia, com papéis a sair do Hospital de Faro para a Segurança Social, a ir para Lisboa, a voltar para Faro, a ir a Portimão… bom, andavam por aí. O que eu procurei fazer foi desenlear essa questão no Hospital de Faro, mas, ao fim de umas semanas, a coisa não se resolveu e eu acabei por me chatear, porque via que a pessoa estava cada vez pior», acrescentou o edil, que é igualmente médico e presta serviço em Faro.

Desta forma, a Câmara Municipal de Castro Marim aproveitou a verba reforçada que concedeu à área social, no Orçamento Municipal de 2016, e financiou o valor das botas ortopédicas deste seu munícipe, de 42 anos.

«Resolvemos substituir-nos ao Ministério da Saúde. No fundo, as Câmaras é que são, verdadeiramente, o Ministério da Solidariedade. As coisas não funcionam», desabafou Francisco Amaral.

«A burocracia inviabiliza este país e são escassos os que se atrevem, em lugares de direito, a defender as necessidades de quem precisa. É o país da “papelada”, uma herança dos tempos da monarquia que, infelizmente, permanece na administração pública até hoje, quebrando a confiança nas relações entre o governo e os cidadãos», disse, ainda.

José Laureano tem «uma doença congénita nos pés e nas pernas», mas precisa apenas de botas ortopédicas, para conseguir andar. «Investimos 500 e tal euros para comprar as botas. Ele não conseguia, é muito pobre, a família é muito pobre», explicou o autarca.

Francisco Amaral, enquanto autarca, está já muito habituado a estas guerras contra a burocracia, que deixa de fora dos cuidados de saúde as populações mais pobres e isoladas. Foi ele que, quando era presidente da Câmara de Alcoutim, criou a primeira Unidade Móvel de Saúde do país, de modo a garantir os cuidados básicos à população idosa, isolada e empobrecida daquele município.

Desde aí, primeiro em Alcoutim, agora no vizinho concelho de Castro Marim, sempre tem dedicado muita atenção às questões da saúde e da solidariedade social, implementando medidas concretas.

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