Empresários algarvios lançam tecnologia inovadora para ajudar velejadores

Vale-se das mais modernas tecnologias e pode ser uma mais valia para velejadores profissionais, mas também amadores, que queiram melhorar […]

Pedro Pinto e Hugo Rocha_FibersailVale-se das mais modernas tecnologias e pode ser uma mais valia para velejadores profissionais, mas também amadores, que queiram melhorar o seu desempenho dentro de água.

O sistema «Fibersail» já está em fase de testes e nasce do trabalho de dois algarvios, o medalhado olímpico Hugo Rocha, que se formou em marketing, e Pedro Pinto, licenciado em informática de gestão e que tem, também, uma forte ligação à vela.

O Sul Informação falou com os dois promotores do Fibersail, numa das poucas ocasiões em que ambos se juntaram no Algarve. Hugo Rocha vive e trabalha em Barcelona, enquanto Pedro Pinto divide o tempo entre a zona de Leiria, onde a empresa está sediada, e o Algarve, nomeadamente Portimão, de onde é natural.

«O Fibersail é um sistema que nós estamos a desenvolver para se conseguir chegar à forma exata da vela e de outros equipamentos que o barco tem, como o mastro, a quilha ou a forma do próprio casco. Conhecer estes dados, com exatidão, é uma grande necessidade dos velejadores, para conseguirem otimizar o rendimento do barco», revelou Pedro Pinto.

Este não é o primeiro sistema criado com esse fim, mas os que existem «têm pouca precisão». Em causa, a tecnologia que usam, baseada em sistemas de processamento de imagem. «Nós procurámos desenvolver um sistema com uma alta precisão e estamos a utilizar uma tecnologia de fibra ótica. Já foram feitos diversos testes e conseguimos chegar a uma precisão extrema, no que toca à forma da vela. E estamos a trabalhar para o aplicar noutras áreas», acrescentou.

Hugo Rocha: “Há aqui dois mercados-alvo: o da alta competição, pois este é um sistema que ajuda a aumentar o rendimento do barco em regata, e o dos super-iates, que querem ter toda a tecnologia de ponta nos seus barcos”

Neste trabalho, Hugo Rocha e Pedro Pinto contaram com a ajuda de uma equipa de investigadores da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, coordenada pela professora Elsa Caetano, e de um produtor de fibra ótica. E, tratando-se de tecnologia inovadora, o algoritmo desenvolvido está já a ser patenteado «em 38 países europeus».

O público-alvo desta tecnologia, numa primeira fase, serão os velejadores profissionais. E este é um mundo que Hugo Rocha conhece muito bem. «Esta pode ser uma ferramenta muito importante para ajudar a manter sempre a forma perfeita da vela», disse Hugo Rocha. Até porque o «Fibersail» permitirá leituras em tempo real, que podem ser utilizadas pela tripulação.

Outra vantagem é poder ser utilizado em quaisquer condições, de dia e de noite. «Para ter uma ideia, numa regata noturna, a verificação da vela é feita com uma lanterna. Com este sistema de fibra ótica, podemos estar dentro do barco e analisar o formato e tamanho da vela em tempo real», revelou o velejador, que venceu a medalha de bronze em vela nos jogos Olímpicos de Atlanta, em 1996.

Já o sistema de vídeo agora à disposição «tem uma margem de erro bastante grande e alguns problemas de perspetiva». «No caso do nosso sistema, a margem de erro é ínfima, na ordem dos 0,5 por cento», ilustrou.

A fase seguinte passa por testar esta tecnologia em ambiente real, com a ajuda da tripulação de um veleiro que se dedica à competição. «Vamos começar os testes no barco agora no início de 2015. Já temos um cliente que nos vai ajudar a desenvolver o produto e vamos testá-lo no próprio barco e tirar mais dados para melhorar o sistema. A partir daqui, vamos procurar novos clientes», revelou Pedro Pinto.

«Há aqui dois mercados-alvo: o da alta competição, pois este é um sistema que ajuda a aumentar o rendimento do barco em regata, e o dos super-iates, que querem ter toda a tecnologia de ponta nos seus barcos», revelou Hugo Rocha.

 

Fibersail pode chegar a um mercado (mesmo) maior:

Pedro Pinto e Hugo Rocha_Fibersail_2Paralelamente aos testes que se continuam a fazer, para os barcos à vela, estão já a decorrer estudos para  adaptar esta tecnologia a outro tipo de embarcações, nomeadamente navios porta-contentores.

«Os navios nem sempre estão direitos. Quando se coloca os contentores, eles vão dobrando de uma forma ou de outra e a forma com que ficam não é conhecida, com precisão. São feitos estudos, que têm uma previsão de como poderá estar, mas não é feita uma medição, o que a nível de segurança pode ser muito importante», ilustrou Pedro Pinto.

Já há contactos desenvolvidos com empresários desta área, que estão entusiasmados com a possibilidade de contar com uma ferramenta desta natureza. Além de permitir uma melhor gestão da carga, em tempo real, também permite otimizar a quantidade de contentores transportados, sem comprometer os níveis de segurança.

Os dois empreendedores algarvios também estão a apostar em desenvolver produtos paralelos, que sejam mais acessíveis ao público em geral.

«Ao fazermos uma análise de mercado, percebemos que, dada a concorrência que há ao nível de processamento de imagem, poderíamos fazer algo melhor e com menos custos. Então, temos uma parceria com o Instituto Superior Técnico, onde há um aluno de mestrado a desenvolver um algoritmo para nós. Este sistema fará o mesmo que a fibra ótica, ainda que com menos precisão», revelou.

Neste caso, o sistema será muito orientado à náutica de recreio, «que é um mercado muito maior, mas que não precisa de tanta precisão».

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