Feira da Serra volta a São Brás e pode ajudar os que foram afetados pelos fogos

A catástrofe abateu-se recentemente sobre o território que lhe dá nome, mas, no caso da Feira da Serra de São […]

A catástrofe abateu-se recentemente sobre o território que lhe dá nome, mas, no caso da Feira da Serra de São Brás de Alportel, o fogo deu ainda mais força e sentido à realização do evento.

A partir de sexta e até domingo, produtos típicos das serras algarvias vão estar em destaque neste certame, com o medronho a assumir o papel de estrela. A feira decorre no recinto da Escola EB 2,3 Poeta Bernardo Passos.

Aqui vão poder encontrar-se os sabores, saberes, cheiros, cores que a serra nos oferece. Tudo sem esquecer as tradições e as vivências de quem ocupa este território. Em 2012, por força das circunstâncias, este é também um evento dedicado aos que foram afetados pelos incêndios que, na passada semana, destruíram quase metade do território de São Brás.

Foi precisamente este aspeto que a comissão organizadora da Feira da Serra de São Brás de 2012 focou, na apresentação do evento, que decorreu na passada segunda-feira na centenária destilaria Tonico da Caldeira, no sítio do Tesoureiro. «Queremos usar a feira para ajudar aqueles que tiveram prejuízos incalculáveis com os incêndios», disse o vice-presidente da Câmara de São Brás e responsável pela comissão Vítor Guerreiro.

Muitos produtores da Serra «contam com este certame para escoar os seus produtos» e nem mesmo o facto de, em alguns casos, terem perdido tudo, os desmobiliza. «O senhor João Florêncio, que trabalha o esparto para fazer artesanato, perdeu a sua casa nos incêndios e ficou sem nada. Ainda assim, disse para contarmos com ele, que ele ainda tinha algum esparto num outro armazém e queria estar presente».

Além disso, as receitas do evento vão reverter para um fundo solidário que visa apoiar as famílias atingidas pelo incêndio.

Em 2012, estará em destaque um produto da Serra que além de dar um bom rendimento aos seus produtores, tem o condão de nos pôr contentes, quando utilizado para fazer a famosa aguardente de Medronho algarvia. Mas esta é apenas uma de muitas utilizações do fruto e do arbusto do medronho.

Apesar da Feira estar a ser preparada «há muitos meses», o medronheiro pode ser um símbolo do renascimento que se quer para a serra. Segundo a investigadora e docente da universidade do Algarve Ludovina Galego, que há muito se dedica ao estudo desta espécie e dos produtos que nos dá, «este será provavelmente o rendimento mais rápido que se pode tirar» numa cultura florestal.

«As clareiras de medronho são uma forma de combater os fogos florestais», disse, uma vez que esta é uma árvore com grande resistência a fogos e cujas características, nomeadamente o facto de terem raízes mais próximas da superfície, permite que sejam aliadas a outras culturas, como o sobreiro e a alfarroba. Outra vantagem, segundo Ludovina Galego, é que geram rendimento mais rapidamente que aquelas espécies.

Na feira da Serra, não irá faltar a popular Aguardente de Medronho, mas haverá muito mais. Alunos da UAlg vão apresentar um produto por eles desenvolvido, uma compota de medronho que designaram de «medronhada» e serão divulgados outros usos para este fruto, cujos ramos são usados como ornamento e até «pode vir a ter aplicações na indústria farmacêutica».

 

Feira da Serra oferece SPA baseado em produtos locais

 

Uma das novidades da edição e 2012 da Feira da Serra de Verão será o SPA Serrano, local onde serão divulgados produtos e técnicas assentes nos frutos da serra. «Queremos demonstrar que não é só junto ao mar que se pode desfrutar de um bom SPA. Queremos que todos sintam a riqueza da serra à flor da pele», disse a vereadora Marlene Guerreiro.

Como revelou a também membro da comissão organizadora, «a Feira nasce cada vez mais da comunidade, que muitas vezes toma a iniciativa de se dirigir a nós com sugestões». Algo que está bem patente em algumas das atividades previstas.

Na segunda edição do São Brás Fashion, desfile de moda que envolve 19 lojas de comércio local e 35 jovens da terra como modelos, também se dará oportunidade a dois criadores locais, Ana Eusébio e João Barriga, de mostrar a sua arte. Destaque ainda para a «hora Mostra-te», que surge no seguimento do evento com o mesmo nome e que permitirá aos jovens locais mostrar os seus talentos em palco.

Um dos objetivos da Feira é, de resto, «promover a ligação intergeracional», com atividades para todas as idades. Este ano haverá um preço especial para famílias, com quatro bilhetes a ficar pelo preço de três.

 

Um palco para os artistas e outro para a gastronomia

 

A gastronomia serrana e a música são dois dos principais fatores de atração da Feira e voltam a ser aposta este ano. Apesar da diminuição no orçamento em 20 mil euros, devido à crise, a Feira da Serra contará com nomes bem sonantes, ainda que de gerações diferentes.

Os Amor Electro, umas das bandas nacionais Pop do momento, vão atuar no domingo, enquanto que no sábado a tónica será bem mais humorística, com Herman José a subir ao palco. Estes concertos serão precedidos, respetivamente, pela atuação de Entre Luas e pelo São Brás Fashion.

Na sexta-feira, a animação será lançada pela banda Lucky Duckies e a noite fecha com «Chave d’Ouro», que é o nome da banda que atuará, mas que coincide com o natural desejo de sucesso da organização.

No Encontro de Sabores, as estrelas são bem diferentes. As iguarias da Serra do Caldeirão vão estar presentes em seis restaurantes e numa tasquinha à portuguesa. Os paladares e aromas da Serra também se poderão encontrar na zona destinada aos produtores, onde se podem encontrar verdadeiros tesouros do Caldeirão. Em 2012, comprar produtos aos que vivem na Serra, pode também dar uma ajuda preciosa na recuperação da economia deste território.

 

Atualizado às 15h00, acrescentando que as receitas da Feira da Serra vão reverter para um fundo solidário de apoio às vítimas dos incêndios.

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