Empresários oferecem negócios uns aos outros em Olhão

Começam de madrugada bem cedo, esforçam-se por arranjar negócios para os outros, sem esperar compensação financeira e ainda têm tempo […]

Mário Neto e Orlando Caixeirinho

Começam de madrugada bem cedo, esforçam-se por arranjar negócios para os outros, sem esperar compensação financeira e ainda têm tempo para conviver e até rir um pouco. Tudo antes da hora do expediente. A Business Network International (BNI) tem uma nova secção em Olhão desde a passada terça-feira, a terceira lançada na região, depois de Faro e Loulé.

A rede de empresários, que nasceu nos Estados Unidos da América em 1985 e já se espalhou para 48 países, chegou à região algarvia em maio, mas está a expandir-se com rapidez. Depois de Olhão, já estão em marcha secções do BNI em Tavira e Portimão. Vila Real de Santo António também está na calha.

Na passada terça-feira, às 6h45, um número recorde de empresários reuniu-se no Real Marina Hotel de Olhão para dar o pontapé de saída de mais um pólo do BNI no Algarve, o grupo «Atitude». Entre eles, os 24 empresários que representam o núcleo duro do grupo, a que se associaram muitos interessados em aderir. O Sul Informação esteve lá.

O BNI é uma rede que assenta numa lógica de «givers game», ou seja, os seus membros podem e devem trocar entre si referências, leia-se contactos e oportunidades de negócios, mas sem receber comissões em troca.

«É proibido qualquer tipo de comissão, a única moeda de troca são negócios. Networking não é vender, é criar ligações que nos permitam fazer negócios no futuro», ilustrou o diretor do BNI para o Sul do país Orlando Caixeirinho, no lançamento do novo grupo.

No fundo, tudo assenta na passagem da informação e na divulgação de boca em boca. Ou não fosse o nome técnico para este método «programa estruturado de marketing passa palavra».

Para evitar que haja conflito de interesses, em cada grupo do BNI só há um empresário por setor de atividade. Caso haja mais do que um candidato na mesma área, os que não forem escolhidos são orientados para outros grupos que tenham a vaga em aberto ou que estejam em fase de criação.

«No BNI, criam-se grupos de empresários com o intuito básico da partilha e criação de negócios, de oportunidades. Basicamente, organizamos um grupo de empreendedores locais, um por cada setor de atividade e a partir daí criamos rotinas e damos formação», revelou Orlando Caixeirinho.

A rede rege-se por alguns princípios básicos, dos quais se destacam, além da proibição de comissões, o enfoque na ética e na dedicação dos seus membros. As reuniões às 6h45 têm frequência semanal e há limite de faltas. Os membros podem faltar três vezes por semestre e fazer-se representar outras tantas vezes. A ideia é manter uma ligação forte entre os elementos do grupo, até porque em cada sessão há apresentações, que requerem trabalho de equipa.

Outra premissa é que cada um dos empresários tenha uma função dentro da secção, que pode ir de dirigente até anfitrião nos eventos.

«O BNI está há cinco anos em Portugal, mas teve uma expansão muito significativa em 2010, que se pode dizer que foi o ano de viragem. A rede nasceu há 20 anos e desde então expandiu-se para 48 países e conta com mais 6100 grupos em atividade e 142 mil empresários», disse Orlando Caixeirinho.

Esta é outra das vantagens de pertencer ao BNI, principalmente para as pequenas e médias empresas. A rede de contactos não se limita ao grupo, já que existe uma plataforma online onde estão listados todos os membros, a nível internacional.

A partir deste site, é possível entrar em contacto com empresários de qualquer grupo, o que pode ser uma ajuda à internacionalização de empresas de menores dimensões. Durante a apresentação do grupo Atitude, um empresário de outro grupo contou como já conseguiu contactos e potenciais negócios nos Emirados Árabes Unidos através da plataforma.

O diretor do núcleo do BNI de Olhão é Mário Neto, que, à semelhança dos seus congéneres de Faro e Loulé, foi um dos impulsionadores da rede no Algarve. «O grupo reúne-se em Olhão, mas não tem apenas empresários do concelho», explicou.

«O desafio é bastante grande, principalmente quando se começa algo de novo numa altura de crise. Há muita gente que pensa que temos é que estar sossegadinhos, à espera que passe. E nós virmos propor um desafio, quando ainda não há resultados palpáveis na região, é sempre arriscado», disse.

Tendo em conta que, em Olhão, se bateu o recorde europeu de número de empresários na mesma sala numa reunião realizada às 6h45, o entusiasmo dos 24 fundadores do «Atitude», aos quais coube a tarefa de mobilizar candidatos, deu os seus frutos.

«Esta é, de certeza, uma forma de dar um pontapé na crise. Existem formas que cada um dos empresários há-de encontrar na sua atividade e na sua empresa para superar os obstáculos. Esta rede é uma outra forma de o fazer, não será a única. Mas, se calhar, com este método do BNI, conseguimos potenciar em grande escala as pessoas e as empresas», considerou Mário Neto.

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