Nele estão Machado Santos, João Rosa Beatriz, Virgílio de Passos e outros nomes maiores na história de São Brás de Alportel. Durante quase 20 anos, o padre Afonso Cunha, que foi pároco no concelho, leu artigos, jornais, vasculhou arquivos, consultou correspondência particular. E assim nasceu o livro “São Brás de Alportel, da Freguesia a Concelho”.
A obra, que tem 522 páginas, foi apresentada no passado dia 2 de Fevereiro, no Museu do Traje.
O sítio escolhido foi simbólico: o museu, que é gerido pela Santa Casa da Misericórdia de São Brás de Alportel, nasceu muito por obra do padre Afonso Cunha e do seu irmão gémeo José da Cunha, também ele antigo pároco no concelho.
O regresso a São Brás de Alportel deu-se para a apresentação deste livro que o padre Afonso Cunha vê como «essencial para conhecer a história» do concelho.
Até Maio de 1914, São Brás de Alportel era a maior freguesia rural do concelho de Faro. contando cerca de 12.500 habitantes.
A ideia da independência concelhia já tinha surgido no início do século XX, mas foi com a Implantação da República, em 1910, que surgiram as condições políticas favoráveis.
Além disso, há uma pessoa central: João Rosa Beatriz, republicano, encontra no Governo muitos dos seus correligionários.
Ficaram na história as deslocações do ilustre são-brasense a Lisboa para pedir apoio nesta pretensão até que, em Dezembro de 1912, Machado Santos – o herói da Rotunda a 5 de Outubro – apresenta o projeto lei que dá a autonomia a São Brás de Alportel.
Nasceria, a 1 de Junho de 1914, o novo concelho, com muita história – e histórias – à mistura, grande parte delas contada no livro do padre Afonso Cunha.
«A obra foca-se no período fundamental para a criação do concelho de São Brás de Alportel: ou seja, naqueles anos entre 1910 e 1914», explicou o pároco ao Sul Informação, no final do lançamento do livro.
Este é, segundo o sacerdote, o resultado «de um trabalho de quase 20 anos».
«Isto não aconteceu de um dia para o outro: tive de consultar muitos artigos, mais de 300 jornais, pedi correspondência particular, de pessoas amigas, arquivos… No fundo, foi uma simbiose de documentos», acrescentou.
Algumas das principais particularidades da obra é que apresenta a história documental da organização do concelho, as suas vicissitudes e o testamento político de João Rosa Beatriz.
O livro foi apresentado por Renato Santos, que se referiu a este trabalho como uma «obra impressionante».
«Foi uma tarefa hercúlea. Este é muito mais do que só um livro de história: fala-nos de pessoas de carne e osso. Ao lê-lo, oscilamos entre momentos muito engraçados e outros em que viajamos para o pensamento das pessoas. O leitor desta obra não será o mesmo, no final», disse.
Neste livro, segundo o padre Afonso Cunha, o objetivo também foi «corrigir certos ruídos que havia» em relação a este período da história de São Brás de Alportel.
«Eu nunca perdi a ligação a esta terra, apesar de já não morar aqui. A partir de hoje, este é o livro que conta para a história de São Brás de Alportel», concluiu.
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