Equipa de Apoio Psicossocial do CHUA foi a primeira do país a chegar aos lares de idosos

Iniciativa entrou em ação a 9 de Agosto e chega a quatro Estruturas Residenciais para Pessoas Idosas

«Proporcionar um apoio integral a residentes com doença avançada e em situação de fragilidade, disponibilizando um acompanhamento emocional, social e espiritual, e dar suporte e apoio às famílias e profissionais» das Estruturas Residenciais para Pessoas Idosas (ERPI) é o objetivo da Equipa de Apoio Psicossocial (EAPS) do CHUA, que foi pioneira e já chega a quatro lares de idosos no Algarve. 

O projeto de «Apoio Emocional, Social e Espiritual em Estruturas Residenciais para Pessoas Idosas» foi apresentado na sexta-feira, dia 2, numa cerimónia que contou com a presença do conselho de administração do CHUA e da Equipa de Apoio Psicossocial, de representantes da Fundação “la Caixa”- responsável pelo programa Humaniza -, da Segurança Social, da Ordem dos Psicólogos, do Serviço de Psicologia do CHUA, da Administração Regional de Saúde do Algarve (ARS Algarve) e dos responsáveis das ERPI envolvidas, o provedor da Santa Casa da Misericórdia de Faro e o diretor de serviços da ACASO.

Durante a cerimónia, todos os intervenientes realçaram a importância do projeto e a sua necessidade, que se intensificou após a pandemia. Giovanni Cerullo, diretor técnico da EAPS do CHUA, confessou que esta foi sempre uma vontade que agora se concretizou, mas frisou que «a pandemia deu o empurrão para percebermos que há grandes necessidades de apoio psicológico» também nestas faixas etárias.

«Em Espanha, este projeto já está em ação desde 2021 e agora veio para Portugal, onde somos 11 equipas de apoio psicossocial, mas apenas três começaram a atividade nos lares. Nós fomos os primeiros destes três e isso deve-se também à grande abertura do Conselho de Administração do CHUA e  à facilidade de contactos na nossa região, onde todos nos conhecemos», disse o médico ao Sul Informação.

Ana Varges Gomes, presidente do Conselho de Administração do CHUA, aproveitou a ocasião para relembrar que este Centro Hospitalar tem vindo a «apostar muito nos cuidados de proximidade», «não só com o aumento de oferta de hospitalização domiciliária», mas também em ERPI.

 

Foto: Mariana Carriço | Sul Informação

 

«Mas não ficámos por aí, nem vamos ficar», disse, congratulando o trabalho da Equipa de Apoio Psicossocial do CHUA que, em conjunto com a administração, «tem alcançado muitas coisas boas dentro do princípio que temos que é o de prestar cuidados de qualidade a quem precisa de nós. E quem precisa de nós não são só os que recorrem ao hospital», continuou a presidente.

Em termos práticos, Giovanni Cerullo explicou ao nosso jornal que a implementação do projeto começou em Junho, com a integração de uma psicóloga nas equipas. Em Julho, foram criados os protocolos de atuação do projeto nas quatro ERPI (Santa Casa da Misericórdia de Faro, Torre de Natal, Candeias Neto e Associação Cultural e de Apoio Social de Olhão – ACASO).

Em Agosto, no dia 9, a psicóloga da equipa, Vera Martins, começou a trabalhar no terreno.

«A Vera foi contratada com o patrocínio da Fundação “la Caixa”, no âmbito do programa Humaniza, e, em dias da semana fixos, vai a cada lar. Neste momento, todos os idosos têm de ser avaliados do ponto de vista da psicologia. Por isso, numa primeira abordagem, é feita a referenciação pelos técnicos dos lares, que já conhecem os utentes, e que os referenciam para a psicóloga. Depois, a psicóloga faz uma avaliação personalizada, só daquele utente, para que depois seja criado um plano que é seguido pela profissional», esclareceu Giovanni Cerullo.

 

A equipa de Apoio Psicossocial do CHUA – Foto: Mariana Carriço | Sul Informação

 

Atualmente, de acordo com os dados apresentados pela psicóloga, há cerca de 100 mil pessoas a viver em lares em Portugal. Dessas, 80% têm doenças crónicas, complexas e avançadas, e 25% têm necessidade de cuidados paliativos.

«É uma população muito vulnerável», explicou a profissional.

Depois de já ter feito algumas visitas, Vera Martins confessou ao Sul Informação que os idosos «sentiam muita falta desde apoio psicológico e emocional, de alguém que lhes desse atenção e o meu papel também passa muito por aliviar o sofrimento, ajudar a enfrentar o processo de doença ou da institucionalização e sinto que eles valorizam muito este apoio».

Além disso, vai ser colocado em prática o apoio às famílias, no sentido de avaliar o possível sofrimento emocional que a doença do idoso institucionalizado lhes possa causar.

«É preciso também dar apoio e educação para que o familiar saiba como lidar com o doente. Isso também é muito importante».

Durante a cerimónia, Margarida Flores, diretora da Segurança Social de Faro, fez questão de frisar que «a maior longevidade alcançada nem sempre corresponde ao nível de bem-estar» e, por isso, «este tipo de intervenção e acompanhamento potencia ainda mais a concretização dos princípios de atuação de uma ERPI, nomeadamente a sua qualidade e eficiência, a humanização e o respeito pela individualidade do residente».

 

Ana Varges Gomes, presidente do CA do CHUA, com Candeias Neto, provedor da Misericórdia de Faro, na assinatura dos documentos – Foto: Mariana Carriço | Sul Informação

 

«O fim de vida é uma fase muito complexa e encará-la não só como uma parte física, mas também psicológica, é essencial. Esta equipa ter tido esta iniciativa é de louvar. Desejo muito sucesso e espero que se replique por mais estruturas», frisou também a enfermeira Fernanda Faleiro, do conselho diretivo da ARS Algarve.

O Apoio Psicossocial do CHUA, depois de chegar à ERPI da Santa Casa da Misericórdia de Faro, Torre de Natal, Candeias Neto e Associação Cultural e de Apoio Social de Olhão – ACASO, deverá ser alargado a mais lares.

«Esperamos que, daqui a um ano, quando fizermos o ponto de situação, a fundação “La caixa” desafie o CHUA a alargar a outras entidades e também a ajudar na contratação de mais psicólogos. O apoio psicológico não é algo simples, exige um tempo específico para cada utente e, por isso, estamos desejosos de poder alagar o número de lares e de profissionais», concluiu Giovanni Cerullo.

 

Fotos: Mariana Carriço | Sul Informação

 



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