Bispo do Algarve diz que Quaresma em pandemia pode ajudar a compreender espiritualidade

Renúncias quaresmais, este ano, serão para a Cáritas da Diocese do Algarve

Foto: Samuel Mendonça|Folha do Domingo

O bispo do Algarve refere na sua mensagem quaresmal deste ano, divulgada esta quarta-feira, que «celebrar e viver a Quaresma em tempo de pandemia», pode ajudar na «compreensão da importância da espiritualidade» e da «valorização do seu contributo como apoio pessoal e familiar na vida quotidiana», sobretudo em «situações difíceis de explicar e de assumir».

«Este ano, pelas circunstâncias que vivemos, temos a sensação de que a Quaresma se antecipou, tão exigente tem sido este tempo de confinamento, tempo tão atípico em que nos sentimos constrangidos, para bem de todos, a assumir a privação da participação presencial na Eucaristia dominical e noutras celebrações públicas», escreve D. Manuel Quintas.

Na mensagem, intitulada “Celebrar e viver a Quaresma em tempo de pandemia”, o bispo diocesano enumera os constrangimentos que se vivem, «situações que perturbam, geram ansiedade e insegurança, aumentam a falta de esperança e a impaciência» pessoal e com os outros, mesmo com os «mais próximos».

D. Manuel Quintas lembra que «a razão da Quaresma, o fim essencial deste caminho» que os cristãos são chamados a percorrer, é a «celebração da Páscoa, com a certeza de que a luz que brota de Cristo Ressuscitado está já presente» ao longo dele. «Queremos que esta luz ilumine a nossa vida, sobretudo as situações mais obscuras, nomeadamente as provocadas por esta pandemia», prossegue.

«Queremos conhecer melhor e corrigir o que em nós não espelha a nossa condição de batizados e discípulos de Cristo, impedindo a nossa identificação com Ele», desenvolve, acrescentando que assim «a renovação das promessas batismais em dia de Páscoa, como culminar do caminho quaresmal, corresponderá a um verdadeiro renascimento espiritual».

O bispo do Algarve lembra que, ao longo deste caminho, os cristãos são «guiados e fortalecidos pela Palavra de Deus, que, tanto na liturgia dominical como na ferial», apresenta «diversas propostas».

«O primeiro convite que escutamos, logo no rito de imposição das cinzas, sintetiza o sentido deste caminho: arrependei-vos e acreditai no Evangelho (Mc 1,15)», sustenta, acrescentando que «no arrependimento e na conversão pessoal está sempre implícito o acreditar no Evangelho, acreditar em Cristo, tornar-se seu discípulo, aceitar ser irmão e irmã de todos, com tudo o que isso significa, inclusive nas situações mais diversas e adversas da vida» e «está sempre implícito o convite à reconciliação (cf. 2 Cor 5,20) com Deus e com todos».

D. Manuel Quintas lembra ainda que «para progredir, sem esmorecer, no caminho de resposta» àquele duplo imperativo existem «meios oportunos» que «fortalecem» e «ajudam a medir a verdade» da conversão pessoal: a esmola, a oração e o jejum.

«A esmola discreta, desprendida e generosa que se concretiza na partilha fraterna e no dom de si mesmo; a oração sincera, silenciosa e confiante, que permite dar mais espaço à presença de Deus e dos outros na própria vida; o jejum, igualmente discreto e simples, que é muito mais do que privar-se de alimento», específica.

O bispo do Algarve refere que a «impossibilidade de celebrar o domingo, com a participação presencial na Eucaristia e noutras celebrações quaresmais», deve levar a «dar mais espaço à escuta orante da Palavra de Deus».

«A nível pessoal e melhor ainda como família e Igreja doméstica, a Quaresma celebrada e vivida em tempo de confinamento, pode constituir uma oportunidade para se sentar à mesa da Palavra e «reconhecer que é Cristo que se faz presente e se dirige a nós para ser acolhido», escreve, citando a exortação apostólica pós-sinodal ‘Verbum Domini’ do Papa Bento XVI.

D. Manuel Quintas indica ainda que o destino das renúncias quaresmais dos cristãos algarvios este ano é para a Cáritas da Diocese do Algarve fazer face aos crescentes pedidos de ajuda que lhe chegam.

A Quaresma é um tempo de 40 dias que se inicia com a celebração das Cinzas (este ano a 17 de Fevereiro), marcado por apelos ao jejum, partilha e penitência, que serve de preparação para a Páscoa, a principal festa do calendário cristão, no próximo dia 4 de Abril.

 



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