Quatro meses e 16 testes depois, Tânia Poço livrou-se do novo coronavírus

Tavirense foi diagnosticada com a Covid-19 em Março e viveu quatro meses em isolamento, afastada da família

Mais de quatro meses depois, Tânia Poço está oficialmente recuperada da Covid-19. Quando esta tavirense teve alta do hospital, no dia 24 de Março, terá pensado que a pior parte da sua luta contra a doença já tinha passado. Uma semana depois, os sintomas desapareceram totalmente, mas o vírus não a deixou, até hoje, 15 de Julho.

Foram necessários 16 testes à Covid-19 para Tânia Poço sair do confinamento. Isto porque, até esta quarta-feira, nunca tinha conseguido ter dois testes negativos consecutivos, uma condição imprescindível para sair do isolamento.

Mas a luta de Tânia Poço contra o novo coronavírus, que finalmente venceu, começou no dia 12 de Março quando, depois de uma viagem a França, teve os primeiros sintomas. Nesta altura, havia apenas 5 casos confirmados no Algarve.

Primeiro, ficou sem olfato e paladar. A febre chegou depois, tal como o cansaço e a dor no peito. Tânia Poço foi então internada no Hospital de Faro, no dia 18. O resultado do teste foi conhecido dois dias mais tarde, a 20, e deu positivo para a Covid-19.

Tânia Poço regressou a casa, vazia, uma vez que o seu marido e os dois filhos saíram para evitar o contágio. Cerca de uma semana mais tarde, na primeira semana de Abril, deixou de ter sintomas.

No entanto, os testes teimaram em não comprovar a cura. No segundo teste que realizou, o resultado foi negativo. Depois, teve mais dois testes inconclusivos. Os restantes foram sempre positivos e Tânia Poço manteve-se em isolamento, sozinha, longe dos filhos e do marido.

 

Desenho feito pela filha de Tânia Poço

 

«Vejo-os pela janela», conta ao Sul Informação, com a voz trémula.

Quatro meses de confinamento, afastada da família, «com pouco para fazer», além de «ver televisão e tratar das coisas da casa», deixaram marcas e Tânia Poço acabou por necessitar também de apoio psicológico.

O acompanhamento começou por ser feito no setor privado, mas, ao fim de quatro meses sem trabalhar, também a nível financeiro houve consequências. Tânia Poço começou a ser acompanhada pela psicóloga do Centro de Saúde e chegou a receber ajuda «da Junta de Freguesia e da Ação Social, com alguns vouchers» para alimentação.

Ao longo destes quatro meses, Tânia Poço foi tendo contacto com os médicos, mas nem eles têm resposta para o estranho caso desta, agora, ex-doente com Covid-19.

«Isto também é um vírus novo para os médicos. Dizem-me que posso ter ainda pequenas partículas alojadas», contou Tânia Poço ao nosso jornal.

Uma visão corroborada por Ana Cristina Guerreiro, delegada regional de Saúde que, ao Sul Informação, admitiu «conhecer o caso. Tem estado a fazer um teste por semana e tem tido um excelente comportamento. As razões para que os testes continuem a dar positivo podem ser tanto biológicas, como do próprio vírus, que ainda não é totalmente conhecido».

145 dias depois do teste positivo à Covid-19, Tânia Poço já pode lidar melhor com a falta de explicações, porque hoje pôde voltar a abraçar os filhos.

 

Está na hora de nos ajudar a fazer o Sul Informação!
Contribua com o seu donativo, para que possamos continuar a fazer o seu jornal!

Clique aqui para apoiar-nos (Paypal)
Ou use o nosso IBAN PT50 0018 0003 38929600020 44

 

 



Comentários

pub