A chuva que caiu em Março e Abril e uma redução de consumo associada à pandemia de Covid-19 deverão prolongar as disponibilidades hídricas do Algarve durante mais algum tempo, mas a situação ainda está longe de ser tranquilizante, avisa Teresa Fernandes, porta-voz da Águas do Algarve, que insiste na necessidade de poupança e eficiência no uso deste recurso.
Em entrevista ao Sul Informação, Teresa Fernandes alertou para o facto de a quantidade de chuva que caiu no últimos meses não ser «muito significativa».
«Não choveu muito, apesar de nos poder parecer que sim. As pessoas, nos últimos anos, habituaram-se a que caísse muito pouca chuva. Este ano, choveu mais, o que nos deixa felizes, evidentemente. A humidade nos terrenos aumentou, mas em termos de captação de água para o abastecimento público, a quantidade não foi muito grande», salienta.
«É evidente que esta chuva que caiu em Março e em Abril veio aliviar um pouco a situação de seca na região algarvia, não apenas nas águas que conseguimos captar e armazenar nas albufeiras, mas também em termos gerais, com a rega dos campos. Se os campos estiverem regados, evita-se que a agricultura vá buscar às barragens. Só por aí, já estamos a ganhar, há uma redução de consumo, o que permite que a água armazenada dure mais tempo», disse a responsável pela Comunicação e Educação Ambiental da empresa responsável pelo sistema multimunicipal de abastecimento de água do Algarve.
No que toca às barragens, «estamos quase a metade da capacidade. Não chega bem a isso, mas está lá quase». Ou seja, o cenário que era traçado em Fevereiro pelos especialistas, de que o Algarve teria água para mais um ano, não se alterou substancialmente.
O que mudou, foi o padrão de consumo, que «reduziu significativamente» devido à pandemia de Covid-19. É que a quantidade de água consumida na região está intimamente ligada à ativividade turística, que diminuiu drasticamente nos últimos meses.
«Não é muito diferente a situação hoje, em relação à que se verificava em Fevereiro. Todavia, não nos podemos esquecer que a Covid-19 está a fazer com que haja menos afluência de turismo à nossa região, e nós sabemos que isso é um dos cenários que consome muita água. Aliás, nós, no Algarve, temos uma sazonalidade muito vincada. Quando a população na região triplica, em dada altura, o aumento do consumo é paralelo», explica a porta-voz da Águas do Algarve.
Apesar de ainda não ser certo o que se irá passar, «os cenários apontam para uma redução de turistas na nossa região. Se assim for, é natural que o consumo de água também baixe. Eventualmente, a água que temos disponível, que estimamos que dê para mais um ano, poderá chegar para um pouco mais», enquadrou.
Certo é que «ainda não se pode aliviar. Eu diria que nós, consumidores e todos os atores que utilizam a água, temos de começar a pensar de forma diferente, de modo a agirmos e a termos atitudes diferentes em relação aquele que é o atual modelo de consumo».
«Segundo nos dizem os especialistas, os períodos de chuva serão cada vez mais escassos. E, pelo menos por enquanto, nós só conseguimos ir buscar água à chuva, não há ainda outras alternativas. Enquanto não houver outras fontes de captação, nós temos de rever os nossos métodos de utilização da água, no sentido de passar a ter um uso mais eficiente e consciente deste recursos, até como forma de preservar aquilo que é o nosso bem estar», resumiu Teresa Fernandes.
Ou seja, há que «evitar o desperdício, que ainda há muito, para conseguir garantir que as disponibilidades de água se mantenham durante mais tempo».
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