Algarve Craft & Food põe turistas a fazer as panelas para depois comer nelas

Artesãos, produtores agrícolas, designers e chefs vão trabalhar em conjunto

Chama-se “Algarve Craft & Food” e é um projeto que vai criar produtos turísticos que aliam o artesanato e a gastronomia. A iniciativa foi apresentada, esta quinta-feira, na sede da Região de Turismo do Algarve, um dos promotores, juntamente com a Tertúlia Algarvia e a Cooperativa QRER.

«Os turistas vão primeiro fazer a panela, depois a comida», resumiu João Fernandes, presidente da Região de Turismo do Algarve.

Mas, para chegar a este ponto, ainda falta algum tempo, uma vez que o “Algarve Craft & Food” está apenas a dar os primeiros passos e os resultados finais só são expectáveis em 2021. O objetivo é que, no final, seja criado um total de dez produtos turísticos que, depois, serão promovidos nos mercados emissores.

«Estamos a falar, por exemplo, de desafiar um turista a fazer uma cataplana em cobre e depois aprender a confecionar comida na cataplana. Ou a participar na colheita da laranja e depois fazer uma cesta para guardar essa laranja. Estamos a falar de programas que pressupõem a aprendizagem de técnicas que são muito nossas, ao nível de artesanato, e a participação em atividades que podem ter a ver com agricultura, a pesca, a gastronomia. Tudo isto sempre com a mão na massa, com o turista como principal ator. É a pessoa que vai manufaturar quer a peça de artesanato quer aquilo que vai comer», explicou João Amaro, da Tertúlia Algarvia.

 

João Amaro, Sara Fernandes e João Fernandes

Para que a teoria passe à prática, tudo vai começar com sessões de divulgação do projeto e será feito um levantamento dos artesãos e agricultores disponíveis para ensinar a sua arte a quem vem de fora.

«Temos uma avaliação muito importante a fazer no território. Temos de perceber quem são os artesãos e os produtores agroalimentares locais que têm condições de desenvolver, de forma permanente, a oferta deste tipo de experiências», acrescentou João Amaro.

Há ainda uma componente de inovação neste projeto, uma vez que os artesãos vão ser convidados a partilhar residências criativas com designers e chefs, para dar uma nova vida ao seu trabalho.

«Há já experiências anteriores no território neste âmbito, como o projeto TASA. Há um conjunto de experiências muito interessantes que fazem uma fusão do conhecimento atual e dos saberes tradicionais. Aqui, o que queremos é replicar esta lógica, para que as peças desenvolvidas possam ser integradas como parte dos programas de turismo criativo», enquadrou João Amaro.

O objetivo é juntar «o designer e o artesão para que uma peça, que demora duas semanas a ser produzida, possa ser desenvolvida num dia, para integrar um programa de turismo criativo. A lógica das residências criativas, que vão juntar designers, artesãos e chefs, é estimular a criatividade e novas peças, mas com o pressuposto que possam ser usadas nos programas de turismo criativo», acrescentou.

 

Artesanato ao vivo

Esta questão é importante porque «há questões técnicas que são mais demoradas e haverá mais dificuldade em chegar ao produto final. Poderá não ser interessante, ou exequível, desenvolver algo que demore muito tempo, ou até pode ser interessante ter uma peça meio produzida e depois que seja a pessoa terminá-la. É todo esse trabalho de avaliação no território que tem de ser feito com as diferentes técnicas de artesanato».

Haverá ainda, no âmbito do Algarve Craft & Food, workshops técnicos para artesãos, designers, produtores agroalimentares locais e chefs de cozinha, laboratórios criativos de gastronomia tradicional algarvia, um seminário sobre internacionalização de artesanato e produtos alimentares locais, bem como o “Prémio Craft & Food”, que vai distinguir os melhores programas de turismo criativo e as melhores ações de comunicação, no âmbito da combinação entre artesanato e produtos alimentares e gastronomia.

Para João Fernandes, o Algarve Craft & Food é «um projeto com bons ingredientes: tem o artesanato a gastronomia e o local onde comer».

Além disso, «tem objetivos que não visam apenas os resultados finais. O projeto, em si, é profícuo, com ações para envolver os artesãos, os produtores agrícolas e os designers e vai estimular a conceção de cinco novos produtos de artesanato e dez programas de turismo criativo».

O responsável realça que é «este tipo de apostas que contribui para a diversificação da oferta e que vem no seguimento das ações que têm sido desenvolvidas para combater a sazonalidade e desenvolver a chamada shoulder season», os meses imediatamente antes e a seguir à época alta.

 

João Amaro

Este é um programa turístico, mas é mais do que isso, para Sara Fernandes, da Cooperativa QRER: «esta iniciativa vai levar maior dinâmica económica ao interior do Algarve», apostando principalmente «nos mercados emergentes e nos jovens que valorizam mais o trabalho dos nossos artesãos. No final, os turistas vão poder levar um pouco do nosso saber para a sua casa, através de experiências memoráveis».

Sara Fernandes considera que «aliar a riqueza cultural da região a uma oferta turística de qualidade é algo valioso para o posicionamento do Algarve nos principais destinos turísticos internacionais. É também uma abordagem estratégica na valorização do nosso património imaterial que precisa de encontrar mecanismos que lhe garantam um futuro sustentável».

O Algarve Craft & Food tem um investimento total de cerca de 724 mil euros, financiado a 70% pelo é financiado pelo CRESC Algarve 2020.

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