Lídia Jorge “despediu-se” do Reino Unido no The Guardian

Escritora algarvia assinou texto irónico em que lembrou ao Reino Unido que «nenhum homem é uma ilha»

A escritora algarvia Lídia Jorge “despediu-se” do Reino Unido através de um texto publicado, na passada sexta-feira, no jornal The Guardian. O jornal inglês, no dia em que se confirmou o Brexit, convidou uma personalidade de cada estado-membro da União Europeia para dizer “adeus” ao Reino Unido. Lídia Jorge representou Portugal nesta iniciativa e deixou um recado: «Nenhum homem é uma ilha».

Lídia Jorge, num texto irónico, escreve que «ninguém deve menosprezar a vossa decisão de seguir sozinhos» e que «o melhor que podemos desejar é que o Reino Unido, agora livre do pesadelo europeu, rume para novas margens, parcerias e oportunidades – e aquilo que for bom para o Reino Unido não será mau para os seus ex-parceiros europeus».

A escritora realça que «as nações têm o seu ego, como disse James Joyce. Se outros países europeus lidassem com crises como ilhas, talvez também eles ansiassem por recuperar a grandeza do passado».

Lídia Jorge dá o exemplo de Portugal, que «teve a sua próprio experiência nos anos 1950, quando o ditador António Salazar proclamou que iríamos ficar orgulhosamente sós».

Com o Brexit confirmado, a escritora diz que «é suposto que o Reino Unido, de novo como uma ilha, siga à deriva no Atlântico em direção aos Estados Unidos. A América estará à espera, de braços abertos, com as suas boas maneiras e jogo limpo, personificados pelo atual presidente. Ele irá explicar a Boris Johnson que as alterações climáticas não existem, que é bom continuar a explorar minas de carvão e que a lei internacional foi ultrapassada pelo Twitter».

Já na Europa, as escolas «vão continuar a ensinar a linha poética de John Donne que diz que “Nenhum homem é uma ilha”», conclui Lídia Jorge.

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